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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Declarações



Maria Antonieta
Ricardo Líper

 Depois da violenta repressão à manifestação pacifica dos baianos no dia 20 de junho de 2013 declaro:

1 - Nunca fui a favor de fazer brasileiros lutarem contra brasileiros. As forças policiais e os militares não são peça de manobra para invadir o próprio país, massacrar sua população, a levar ao desespero ambas as partes. Duvido que muitos que são obrigados a cumprir ordens de quem está no poder estavam ali porque queriam. Sim, alguns são sádicos, mas não são todos. Salvador já foi invadida duas vezes por forças nacionais devido à falta de consciência de quem a administra. Fraqueza, ao lidar democraticamente com adversidades, desgastando assim as forças de defesa do nosso país que precisa ter no povo o seu apoio. Receber ordens de dar porrada em pessoas vestidas de branco pedindo paz foi uma coisa que nunca eu podia esperar de um governo que se diz democrático. Isso é um ato sórdido e ditatorial. A policia, os militares recebem ordens que são dadas pelo poder político, ironicamente nesse caso, eleito pelo povo. Eles não agem por vontade própria. São técnicos que recebem ordens. Nesse sentido, excluindo os sádicos, que existem de ambos os lados, a responsabilidade exclusiva do que ocorra é dos profissionais do poder. Daí o perigo da extrapolação quando a irresponsabilidade dos profissionais do poder criam situações como a que vivemos ontem. É como um vírus que rompe uma célula do corpo e bactérias oportunistas invadem e contaminam o corpo. Daí, os saques por pessoas famintas. Um menino de 12 anos parece que roubou uma panela em uma dessas manifestações noutro estado. Roubaram supermercados. Fome.  Sim é possível alguns infiltrados a mando dos profissionais do poder darem uma de cabo Anselmo (vejam no Google quem foi Cabo Anselmo). E as emoções e raiva no momento da porrada dada pode descontrolar alguns e eles quebrarem coisas, é da natureza humana. A reação descontrolada de alguns. Aí, os ideólogos do poder, chamam agora de vândalos. Não colou.

2 - Nenhum partido brasileiro, na minha opinião, é marxista e muito menos socialista. Marx foi um homem honesto durante toda a vida. Escreveu uma obra memorável e lutou pelos trabalhadores oprimidos e explorados com sinceridade. Sim, teve equívocos, no meu entender, que depois Foucault mostrou que, epistemologicamente falando, tinha falhas na sua base de raciocínio: o trabalho como sendo a medida do capital. Esse postulado de Marx foi resultado de uma episteme da época em que ele viveu. E os anarquistas recusaram a noção de Estado ditatorial no socialismo, o que a história depois veio provar o equívoco de Marx com a queda da URSS e outros países. A questão do Estado e do poder foi  mal analisada e, sob a influência de Hegel, sem a devida crítica. Althusser tentou mostrar isso querendo livrar o marxismo do hegelianismo, mas não cabe aqui aprofundar esse debate agora. Da mesma maneira não existem Igrejas a não ser a Católica que, de fato, foi criada por apóstolos de Cristo. Existem marxistas e cristãos de araque. Todas as igrejas que usam Cristo para discordar da Igreja fundada por ele, no meu entender, são traidoras de Cristo usando seu nome de forma maquiavélica e, para quem acredita, de forma demoníaca. Daí um dos sintomas é negar um dos princípios fundamentais do cristianismo que é: amai a Deus sob todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Sim, a Igreja Católica já fez coisas horríveis e ainda faz, que é o lado humano dela inserido na política e na sociedade e, para quem acredita,  de influência demoníaca que, muitas vezes, também interfere nela. Entretanto, ela nunca tentou dividir a crença em Deus e seu filho Cristo. "Pedro tu és pedra e minha igreja será construída a partir de você pelos meus apóstolos. Muitos falarão em meu nome, mas não me representarão". A citação oficial da Bíblia está em uma postagem anterior; confira. 

3 -  Diante da barbaridade e a maneira de  ditatorial que está sendo conduzida a reação às manifestações recentes no país , o que me fez ter orgulho do povo brasileiro, eu vou deixar de falar, ser amigo de quem, seja quem for, vá a um desses estádios construídos recentemente no Brasil. Se eu souber que foi, seja quem for, eu, automaticamente, deixo de falar e me torno inimigo. Acho uma total falta de caráter, alienação, deboche, diante do que está ocorrendo no nosso país e aconteceu ontem na nossa cidade, alguém finja que nada ocorreu e vá assistir qualquer coisa nesses estádios. Essas pessoas não respeitam o país onde nasceram, que eu amo, a cidade onde nasci, que amo também. Por favor, vocês já que fizeram isso não precisam de que eu cumprimente, de que eu goste de vocês nem de minha amizade. Respeitem, portanto,  minha decisão. Eu não sou obrigado a tolerar sua alienação, falta de respeito ao meu país e cidade. Para mim você está traindo o meu país, por ignorância, por falta de amadurecimento, por alienação ou interesses pessoais muito piores. Sim, eu respeito seu gosto pelo futebol. Veja em casa a copa, reúna amigos em uma barzinho próximo a sua casa. Essa sim, é uma atitude de um brasileiro descente e respeitoso com os policiais que são também brasileiros obrigados a reprimir os próprios brasileiros devido ao delírio dos profissionais do poder. Quem frequentar esses estádios colaborando com o período ditatorial e com a inconsciência de Maria Antonieta dizendo ao povo se não tem pão comesse brioche, eu não concordo e nem você nem eu precisamos nos falarmos nunca mais. Não quero viver em cárcere privado ou apanhar nas ruas, não quero ter de mostrar comprovantes para poder entrar a qualquer hora na rua em que moro, não quero ter de, no meu país, na minha cidade, ser privado, em momento nenhum, do meu direito de ir e vir livremente. E ser obrigado a ver meus patrícios se enfrentarem porque meia dúzia de profissionais do poder assim o querem e impõem. 

4 - Não entendo como a FIFA ainda não percebeu que será insensato uma Copa do Mundo  em  um país cujo povo não a quer aqui. Estão esperando que alguém morra? Estão esperando um massacre? 

5 - Eu espero que essas manifestações pacíficas se traduzam nas urnas. Eu sei que não temos muitas opções. Mas se você tomou sua porrada, seu gás lacrimogênio, sua bala de borracha, sua pimenta esfregada em sua cara, raciocine. Até o demônio, se for o oponente, a isto tudo, deve ter nossos votos. Não sei em quem vou votar. Mas espero, com ansiedade, para votar em quem substitua os que mandaram brasileiros espancar brasileiros e me retirar o direito de ir e vir quando quiser nas ruas de minha cidade. Revogo aqui e agora tudo que já publiquei nesse blog que possa ser simpático a qualquer profissional do poder que esteja mandando nos brasileiros, repito porque acho a instauração momentânea de uma ditadura, os  policiais, massacrarem outros brasileiros, muitos deles adolescentes, nas ruas de nossas cidades que estão apenas protestando pacificamente, de branco, pedindo paz porque não suportam mais não terem emprego, não terem transporte, não terem hospitais nem escolas, não puderem sair as ruas que são assaltados e só aparece o aparato policial para os espancar.  Foi insuportável termos visto, o que parece ser um filme de terror, bombeiros sem terem como salvar uma mãe de 22 anos soterrada e a ver agonizar, porque ainda viva, diante de todo mundo. Eu não virei monstro ainda como parece que os profissionais do poder querem que nós fiquemos. Insensíveis ao sofrimento dos outros. Nesse sentido eu sou inteiramente cristão: eu amo o próximo como a mim mesmo. Por isso sou socialista, libertário, sempre lutei pela causas dos oprimidos, dos pobres, dos trabalhadores, dos negros, das mulheres espancadas por maridos embriagados ou não, por pessoas perseguidas por serem mais livres sexualmente, mulheres injuriadas por terem uma vida sexual mais livre, homens que não seguem morais religiosas anticristãs que usam o cristianismo para oprimir o semelhante, porque nunca esteve na boca do Cristo nenhuma restrição ao comportamento sexual de  ninguém. Leiam na Biblia sobre o que ele disse sobre os eunucos. Enfim, desculpem o tamanho dessas declarações, mas tornou-se necessário eu me manifestar e agir diante dos acontecimentos fascistas como sempre fiz em toda minha vida.  

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