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domingo, 29 de julho de 2012

O fim das paixões ou o Indiferentismo

Ricardo Líper

É curioso como a democracia teve de se estender a todas as camadas da sociedade e, como sugeriu, previu, percebeu Foucault, fez com que grupos oprimidos não esperassem pela revolução que supostamente os iria anistiar da opressão e reivindicassem seus direitos. Em pouco tempo, e estamos assistindo, se criou um fenômeno que vou chamar de Indiferentismo. Uma nova filosofia ou ideologia que já existe sem nome e consciência dos que já a praticam. Os negros conseguem cada vez mais limitar o racismo, os gays também a homofobia, a liberdade das mulheres avança cada vez mais e tudo em pouco tempo. Hoje, nos países democráticos, e não precisa ser a Holanda ou a Dinamarca, a diversidade das pessoas é muito respeitada e não se discrimina porque quem discrimina tem medo de ser discriminado por discriminar. Todo mundo só se preocupa em não passar por racista, homofóbico, contra as mulheres e outras coisas que constituem as conclusões do que seria humano, democrático e, portanto, politicamente correto. Para isso contribuíram dois grandes fatos. A queda das grandes ideologias antagônicas como o nazi-fascismo e o comunismo deixando o capitalismo democrático capaz de absorver e garantir as diversidades para poder manter a espinha dorsal do sistema capitalista ou assim pensar que poderia fazer isso. Portanto, tudo é permitido e respeitado. Gays podem casar, quem quiser muda de sexo, mulheres trocam de maridos, tudo é possível. Sim, existem alguns que ainda reagem, mas é assim mesmo que ocorrem com as mudanças sociais. O fato (e observe) é que, cada vez mais, a maioria das pessoas não está é ligando para nada, só se preocupam com elas. Mesmo os pais. Se o filho é gay, a filha já dá para os namorados, teve vários maridos como se fosse uma artista do cinema americano na década de 50 do século passado, cada vez mais pouco importa. Claro que não querem nada disso, mas enfim, ocorreu e foda-se o mundo. É o indiferentismo. Não é que aprove ou ame, mas ele é cordial e, em geral, só se é cordial com o que nos é indiferente. O profundo dessa nova postura filosófica ou ideológica é simples: já que tudo acabou, só estou interessado em ganhar dinheiro para fazer o que  quero, me distrair e controlar meu colesterol. O resto foda-se, me é absolutamente indiferente. A mulher ou o marido, os filhos, os vizinhos, se são descasados, prostitutas, lésbicas, veados são tratados com respeito e nem se pensa nem se os olha, mesmo porque só se está interessado em ganhar dinheiro para o próximo churrasco de frango na laje de alguém com toda a fauna humana de evangélicos a travestis. O mesmo ocorreu com a antiga  divisão  de esquerda e direita. O que se percebe é que o político hoje não tem mais ideologia, quer ganhar dinheiro apenas e nada mais. Alguns administram melhor ou pior não por serem de esquerda ou direita. Só dizem  alguns slogans e apoiam o catecismo politicamente correto. As marchas públicas estão com os dias contados. Paradas gays vão gradativamente diminuindo porque é cada vez mais pouco o que têm para reivindicar e vira, em alguns países como o nosso, um carnaval, assim como as marchas protestantes. Chegará o dia em que muitos poderão se confundir com as datas e irem a uma delas e depois ficarão sem saber se foram mesmo para uma parada gay ou uma marcha para Jesus. Ninguém está ligando para nada. Não se acredita em mais nada seriamente, a não ser encher os bolsos para curtir a vida e o resto que seja doido o suficiente lá à sua maneira e não o incomode. Sim, maconha vai ser liberada, agora repare, ninguém ama ninguém, só convive sem oprimir. Mas, peraí, você quer além disso, amor? Aí não dá. Ninguém aceita os outros no fundo da alma. Apenas para sobreviver melhor finge que aceita.  Na realidade os indiferentes atuais, adeptos da filosofia do indeferentismo, só enxergam a si mesmo e seus semelhantes de comportamento sem os amá-los e muito menos os divergentes. O bolso cheio, colesterol controlado é o paraíso, pouco importa se o filho, o vizinho, o pai, depois de velho, viraram gays, maconheiros, tiveram várias mulheres. E, se eles têm dinheiro, melhor ainda e aí pode se dar até, mesmo por interesse, um grande abraço no seu aniversário. No caso dos gays, chamá-los de veados nunca mais e só dizem essa palavra quando estão bêbados, ou quando os próprios não estão  presentes, ou ainda com a mulher, quando, depois da farra, estão a sós, se preparando para dormir. Aí ele pode substituir a expressão o outro veado se referindo ao companheiro do filho por genro, e os irmãos do filho podem também substituir o de o outro veado por cunhado o que os gays, quase sempre sofrendo de carência afetiva e, portanto, querendo ser aceitos como um casal equivalente de fato, gostam muito. 

sábado, 28 de julho de 2012

Um blog pela LIBERDADE

toNy Pacheco


É importante ser avisado: este blog não é contra nem a favor de nenhum partido. Não é contra o partido que está no poder nem nenhum outro que exerça ou domine áreas de poder. Quem ler algumas críticas que podem parecer contra esse ou aquele partido e achar que é só isso,  não entendeu nada. O  blog é contra  os atos e propostas autoritárias, venham de quem vier. Somos a favor de diminuir o autoritarismo e as injustiças. Lutamos contra os atos e propostas que ameacem as liberdades democráticas e aqueles que promovam a miséria humana, física e emocional. O que nos interessa não é a política de partidos, mas o sentido dado por Foucault, as relações de poder na sociedade e os grupos de pressão para que a realidade aqui e agora mude toda forma de preconceito, opressão e discriminação. Logo, não pensem que podemos ser manipulados como inocentes úteis de qualquer reacionariozinho ou radicalzinho que deixou de mamar. Foucault é uma das expressões contemporâneas que melhor expressam, segundo nosso ponto de vista, a teoria e a prática libertárias. É isso que nos guia: a defesa da liberdade no sentido mais universal.



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Duas tosqueiras da Bahia

Kraus Berg

1) Ontem, domingo, no Porto da Barra, três containers de lixo, em frente ao Forte de Santa Maria, estavam transbordando de lixo. O MAU CHEIRO ERA SENTIDO HÁ 500 METROS DE DISTÂNCIA. E ficou daquele jeito o dia todo. Os turistas punham as mãos no nariz pois o cheiro era insuportável e não permitia aos visitantes de nossa cidade apreciarem as obras de escultura de areia que se fazem ali na praia (belíssimas por sinal). Aliás, eu não sei o que é que os turistas ainda vêm fazer em Salvador.

2) Hoje, segunda-feira, o Instituto do Cacau, no Comércio, teve um incêndio no último andar e, aí, o brioso CORPO DE BOMBEIROS DA PM compareceu imediatamente, com mangueiras curtas, que não chegaram ao terceiro andar, onde é o foco do incêndio e a ÁGUA ACABOU quando acionaram as mangueiras.

P.S.: esqueci a da criança que morreu afogada no resort 5 estrelas de Sauípe. Com todo pesar pelo infortúnio dos pais, mas é tosqueira pura um resort 5 estrelas, um "destino internacional", ter piscinas sem salva-vidas. É demais, demais, demais. Mas pior é o hotel dizer que tinha salva-vidas sim, a criança é que foi "culpada" por não estar com bóia. Quer dizer, a criança morta é a culpada. A Bahia tá demais. Não dá pra aguentar tanto primarismo, tanta incompetência, tanta desfaçatez.

É a BAHIA TOSCA, terra de todos OS NÓS! E bota NÓ nisso!

domingo, 15 de julho de 2012

Educação





Ricardo Líper

Vamos deixar de lero lero e tentar passar manteiga em focinho de cachorro. A coisa é simples: o professor de colégios e faculdades públicas precisa ganhar dinheiro para se sustentar com um pouco de tranquilidade. Isto é, pagar suas contas e, tendo filhos,  poder mantê-los com alimentação, plano de saúde, livros, filmes, teatros para eles se informarem e poderem disputar, em pé de igualdade, no mercado de trabalho.  Sempre os professores ganharam pouco, principalmente, neste infeliz país. Entretanto, pouco tempo atrás ser professor do Colégio da Bahia ou I.C.E.I.A ou do Severino Vieira era considerado uma boa coisa. Eles eram reconhecidos pela sociedade, seus nomes circulavam com semelhança aos nomes de celebridades. Por que? Porque eles recebiam um salário que os podia manter e às suas famílias. Daí serem preparados, informados, tranquilos para exercer e expressar uma personalidade que cativava os alunos e os fazia serem disciplinados, atentos, querendo ser, muitas vezes, como os mestres. As escolas particulares, mesmo as católicas, vinham sempre muito atrás. O Central, isto é, o Colégio da Bahia, era o centro de tudo. Nele estudaram os melhores cérebros e muitos se destacaram na sociedade em vários campos do conhecimento. Entretanto, aí vieram governos que diminuíram os salários, desvalorizaram os professores, esculhambaram com tudo destruindo as escolas do segundo grau o que permitiu aos empresários, se dizendo educadores, criarem escolas pagas que nunca chegaram nem da seriedade dos colégios públicos citados. E agora chegou-se ao caos. Eu não vejo nenhuma possibilidade de voltar ao que era. A educação pública de segundo grau em Salvador acabou. Não tem volta possível. E o tiro final foi dado pelos herdeiros da direita oficial do país. O mesmo está ocorrendo como as faculdades públicas que, à semelhança dos antigos colégios do governo, ainda são as únicas referências de fato do ensino universitário do país. Mas estamos vendo, dia a dia, um esforço das autoridades constituídas, para destruí-las começando pelo congelamento   dos salários dos professores, muita burocracia para se mudar de posição na carreira, enfim, movimento constante para fazer o que fizeram com o ensino do segundo grau. É curioso que essas manobras estão sendo feitas  não mais pelas oligarquias que começaram a destruição da educação nesse país, mas por um governo que se diz não semelhante aos anteriores. E aí cabe a pergunta: em quê as novas elites são diferente das oligarquias predadoras do ancien régime?

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Três Bombons e Uma Bomba - IX


tony PAcheco

Se você volta altas horas pra casa e não dorme antes de ver um filme ou simplesmente é, como eu, uma pessoa para quem ver filme em casa é a coisa mais gostosa na vida, então aí vão umas dicas experimentadas por mim. Baixe no computador, vá a uma locadora ou compre no pirateiro. Depois de Cachoeira e seus políticos amestrados, quem poderá condenar você kkkkkk

TRÊS BOMBONS


1) “A CONDENAÇÃO” (Conviction), direção de Tony Goldwyn, com Hilary Swank, Sam Rockwell, Peter Gallagher, Minnie Driver, Melissa Leo e Juliette Lewis. Sam Rockwell é um sujeito problemático, estourado, mas boa gente, mas daqueles que estão sempre causando problemas. Perseguido por uma policial desde a infância, acaba sendo incriminado por ela num assassinato e é condenado à prisão perpétua após ser defendido por um “defensor público”. Hilary Swank faz a irmã de Rockwell, que para tirar o irmão da cadeia, forma-se em Direito, mas perde o marido, cansado de sua obsessão com a inocência do irmão, na qual ele não acredita. História verdadeira de dedicação e amor fraternais. Absolutamente emocionante. 2010. 103 minutos. ***** (5 estrelas)

2) “A CONQUISTA DA HONRA” (Flags of our fathers), direção de Clint Eastwood, coprodução com Steven Spielberg, com Ryan Phillippe. A história da foto da tomada da Ilha de Iwo Jima, primeiro território japonês tomado pelos americanos. A foto dos fuzileiros hasteando a bandeira americana, a montagem, o destino dos que participaram da foto e o fim das ilusões sobre a guerra, onde se luta por si e pelos amigos e não por uma pátria madrasta. ***** (5 estrelas) 131 minutos

3) “A CONSPIRAÇÃO” (Brake), direção de Gabe Torres, argumento (roteiro) de Timothy Mannion, com Stephen Dorff e outros atores dos quais você só ouve as vozes, pois o filme é centrado, a maior parte do tempo, em Stephen preso no porta-malas de um carro-bomba por terroristas interessados em saber onde está escondido o presidente dos EUA num dia de ataques terroristas. Só no finalzinho os outros atores aparecem para dar a você a compreensão do porquê de nosso pai nos dizer na infância: “Não confie em ninguém!” 2011. *** (3 estrelas)

UMA BOMBA

“ACELERAÇÃO MÁXIMA” (Vollgas), direção de Lars Montag, com Valerie Niehaus, Jan Sosniok e Sascha Göpel. Produção alemã que parece ter sido paga pela Volks, pois todos os carros são Golf. Marido falido encena seqüestro da mulher para conseguir empréstimo. O seqüestro acontece num Golf lacrado em movimento. ** (2 estrelas) 91 minutos

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Três momentos de um país sem jeito

Kraus Berg


1. Wilder de Morais é o novo senador da República, suplente de Demóstenes Torres, que acaba de ser cassado. Mostra a excrescência que é o instituto do suplente no Brasil, pois o suplente não recebe um voto sequer de ninguém e pode se tornar deputado, senador e numa ironia tragicômica pode ser o ex-marido da mulher do Sr. Cachoeira, o mesmo Cachoeira que, por ser bicheiro e ter ligações com o ex-senador Demóstenes, fez com este perdesse o mandato. Rodou, rodou, rodou e tudo ficou na mesma coisa, pois o Wilder já começa com a acusação de "esconder bens na sua declaração de renda".



2. Este quadro é emblemático e mostra quão sem jeito é este país. Cachoeira não privava da intimidade apenas de Demóstenes Torres, do DEM, mas, também, do deputado federal do PT Rubens Otoni; do governador do PSDB de Goiás, Marconi Perillo e do ex-governador do mesmo estado Maguito Vilela, este, do PMDB. Quer dizer, deram um tiro no DEM e acertaram o PT, o PSDB e o PMDB. E ainda falta esclarecer a participação em tudo isso da empreiteira Delta, que teria doado dinheiro para a campanha da atual presidenta e detém os maiores contratos do PAC, justamente, o programa que foi criado para alavancar a carreira política dela e a eleger. 



3. Finalmente, esta foto é a créme de la créme da nossa seriedade ao combater corrupção. Lula, com sorriso desbragado, cumprimenta Paulo Maluf, nos jardins da mansão deste último. Este Paulo Maluf é aquele que de tão honesto tem um mandado de prisão internacional da Interpol contra ele. Não pode viajar para nenhum país civilizado sem correr o risco de parar numa prisão. Só pode fazer turismo em Burkina Faso, Eritréia e, talvez, Sudão do Sul. E Lula é o mesmo Lula que é o mentor da CPI que sob pretexto de combater Marco Perillo do PSDB, coloca Maluf como grande eleitor do rapaz bonito que está no meio da foto, o Hadad, que é até uma pessoa com grandes idéias, mas que como dizia nossas avós, "quem com porcos se mistura, farelo come" e ele deveria escolher melhor suas (más) companhias.

E por falar nisso, quanto é mesmo uma passagem de ida sem volta para Estocolmo???????

terça-feira, 10 de julho de 2012

Quando a boca cala, o corpo fala.




Psicossomática. Para refletir e melhorar a vida.

1. O RESFRIADO ESCORRE QUANDO O CORPO NÃO CHORA.
2. A DOR DE GARGANTA ENTOPE QUANDO NÃO É POSSÍVEL COMUNICAR AS AFLIÇÕES.
3. O ESTôMAGO ARDE QUANDO AS RAIVAS NÃO CONSEGUEM SAIR.
4. O DIABETES INVADE QUANDO A SOLIDÃO DÓI.
5. O CORPO ENGORDA QUANDO A INSATISFAÇÃO APERTA.
6. A DOR DE CABEÇA DEPRIME QUANDO AS DÚVIDAS AUMENTAM.
7. O CORAÇÃO DESISTE QUANDO O SENTIDO DA VIDA PARECE TERMINAR.
8. A ALERGIA APARECE QUANDO O PERFECCIONISMO FICA INTOLERÁVEL.
9. AS UNHAS QUEBRAM QUANDO AS DEFESAS FICAM AMEAÇADAS.
10. O PEITO APERTA QUANDO O ORGULHO ESCRAVIZA.
11. A PRESSÃO SOBE QUANDO O MEDO APRISIONA.
12. AS NEUROSES PARALISAM QUANDO A CRIANÇA INTERNA TIRANIZA.
13. A FEBRE ESQUENTA QUANDO AS DEFESAS DETONAM AS FRONTEIRAS DA IMUNIDADE.



Pela reprodução, Tony Pacheco.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Quando a Esquerda, no poder, vira Direita

Ricardo Líper

Quando eu saio de casa em Salvador, muitas vezes, não estando de carro, tomo táxi. Não, espere aí, não é por esnobismo não. Prefiro andar quando a distância é razoável e faz bem ao organismo, mas aqui está tornando-se impossível. O táxi é questão de segurança. Sei que não podemos adoecer porque não há vagas nos hospitais, a não ser para artistas, políticos e jogadores de futebol famosos. O resto só no pistolão. Mesmo tendo um plano de saúde. Não importa mais planos ou não. O povo morre na entrada dos hospitais. O pior, eu pago muitos impostos que aumentam a cada dia. Eu sou muito cético, não acredito que tenha alguém de esquerda nesse governo. Será que tem mesmo? Porque dizer e fazer trejeitos de esquerda em porta de cinema cult ou equivalentes é uma coisa muito fácil; o teste é quando tem o poder. Já vi muita gente se queixar de ser marxista pós-isso ou aquilo e na hora do venha a nós, superar de longe os tradicionais direitistas. Já  vi hippie engravatado mamando, de boa, em boas e tradicionais tetas. Enfim, também não acredito que desviem verbas para garantir a segurança e a saúde. Não acredito, seria demais e não posso nem me retirar para uma caverna e não querer mais ver gente porque aqui seria assaltado e morto nos primeiros dias na caverna. Fico imaginando Thoreau, aqui e agora, indo viver sozinho no meio do mato. Não teria escrito nem a primeira palavra sobre essa aventura.