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domingo, 8 de janeiro de 2012

Como seria bom se não houvesse reação às nossas ações

COMPORTAMENTO

tonY pacheCo

“Sou uma jovem de 41 anos, bonita, saudável e em sua terceira relação amorosa. Tive dois filhos da primeira, um da segunda e, agora, um bebê de três aninhos. Neste último mês de dezembro, diante do fato de que dois dos meus filhos estão envolvidos com drogas, resolvi promover uma viagem deles até a cidade onde vivo com meu terceiro marido para reatar os laços familiares. Mas tal não foi minha surpresa: tudo deu errado, meus filhos mais velhos estão revoltados, me culpando de tudo que aconteceu com eles. Eu pergunto: uma mulher saudável não tem direito de tentar uma vida mais feliz?” Atormentada.

Querida Atormentada, não existe sonho mais recorrente na nossa espécie do que aquele que diz: como seria bom se pudéssemos fazer tudo que nos der na telha e nada de mal nos acontecer em virtude disso. O assassino pensa que depois do assassinato ele não será castigado. O assaltante pensa que viverá tranquilo com o resultado dos seus roubos. Os governos almejam tributar e maltratar seus povos sem que nunca haja rebeliões.
Só que, assim como na Física a toda ação corresponde uma reação, na vida humana se dá o mesmo.
Vivemos mergulhados numa sociedade de princípios judaico-cristãos, que nos faz a cabeça desde tenra idade sobre as "delícias" do casamento monogâmico, da família em estilo clássico, papai, mamãe, filhinhos. Passamos isso para nossos filhos junto com nossos próprios pais, nossos vizinhos, o padre, o pastor. Depois, mergulhados na modernidade da vida real, descobrimos que não é bem assim: nós queremos mais. Queremos tocar a vida de forma a nos dar prazer, independente do que acham nossos filhos, nossos pais, o vizinho e o pastor.
Mas só que, esquecemos de preparar nossos filhos para este mundo novo. Educá-los no respeito à diversidade, ao desejo, à liberdade sem fronteiras, ao amor. Educamos nossos filhos nos padrões antigos e ultrapassados e agimos nos padrões modernos que atendem nossos desejos e paixões.
Isso, claro, gera conflito.
Ao contrário do que os leigos dizem, quem usa droga não é descarado nem tampouco foi levado por um amigo maldoso. A necessidade da droga nasce de um problema emocional não resolvido. Seus filhos, pelo que você diz no e-mail, amam você, mas não perdoam o fato de você estar a todo momento deixando-os para iniciar novas vidas. Num mundo ideal, você teria sido educada para ter um vida sexual livre e trocaria de marido sempre que quisesse, mas não teria nenhum filho, assim, só pessoas adultas seriam afetadas por suas ações: você e seus ex-maridos. Mas a realidade é teimosa. Ela insiste em ser diferente do que desejamos que ela seja. Você troca de marido, mas quer ter filhos com todos.
É um caso para terapia familiar, você não acha? Pois há muitos afetados por suas ações. Mas, ao mesmo tempo, você diz que suas famílias anteriores estão espalhadas. Se você fosse um xeque árabe, teria vários maridos na mesma casa, como os soberanos muçulmanos. Mas isso é problemático na nossa cultura.
Na Índia, um homem de 65 anos pode casar com uma menina de 10 anos. Será a glória para os pais da criança. Aqui, não.
Não há uma resposta à sua pergunta, a não ser aquela que já está na sua mente: uma mulher saudável não tem direito de tentar uma vida mais feliz? Pois é!


* Quer expor seus problemas e discutí-los sem dar seu nome nem nada que possa identificar você? Mande um e-mail para tonypacheco777@gmail.com e a gente vai conversar. 


4 comentários:

  1. Quando é um homem trocando de mulher ninguem fala nada. Aogra quando é uma mulher é todo mundo jogando pedra.

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  2. que linda a trajetória desse articulador:


    de analista de política internacional a "conselheiro sentimental"...

    a terra, e a vida, dá voltas, muitas voltas!

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  3. Bem, querido Homem (huuummmmmm!!!) Revoltado, sou formado em Psicanálise, acho que posso deitar falação sobre este tema com chance de acertar igual aos engenheiros do Metrô de São Paulo, cujas obras foram para o fundo da terra matando várias pessoas, não é verdade?
    De mais a mais, surpreenderei você mais ainda, porque depois de analista de política internacional, militante anarquista e editor do principal caderno do jornal A Tarde, pretendo, agora, especializar-me em culinária. É sério. Estou achando cozinhar uma coisa bem mais importante que elocubrações políticas. Me aguarde!

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