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sexta-feira, 3 de maio de 2013

ÔNIBUS TERÃO FISCAIS PRA EMPRESÁRIOS NÃO PERDEREM DINHEIRO



JORNAL COMENTADO 98



03.05.2013 – 7:50 – Sexta-feira



toNY pacheco*

“Ônibus terão fiscalização contra fraude”
(“Tribuna da Bahia”)
É um negócio de 1,2 bilhão de reais, mas são toscos assim...
... mas pela grana que rola, ônibus deveriam ser assim.



Os outros jornais locais resolveram não dar destaque ao assunto, mas a “TB” abriu alto de página com título de cabo a rabo. Também, não é pra menos, ficamos sabendo pelo vibrante matutino da Djalma Dutra que o negócio ônibus em Salvador envolve 40 milhões de passageiros mensais, sendo 6,8 milhões de gratuidades. Aí, o jornal não diz, mas fizemos as contas – então são 33,2 milhões de pagantes por mês nos ônibus, o que significa um negócio de aproximadamente 100 MILHÕES DE REAIS MENSAIS ou 1 BILHÃO E 200 MILHÕES DE REAIS POR ANO. Olhe, é dinheiro! Mesmo num País famoso por suas autoridades que falam de “bilhão pra cá, bilhão pra lá”, 1 bilhão e 200 milhões de reais num negócio é muito dinheiro.
Deveria, portanto, ser um setor de referência em termos de qualidade do atendimento, não é mesmo?
Mas não, aqui em Salvador não é. Em minha terra, em Minas Gerais, é. Os ônibus têm que ter na traseira o ano de fabricação, para que os passageiros saibam a idade dos ditos cujos, pois carro velho só é bom mesmo na música de Ivete Sangalo. Na vida real é uma tortura.
Mas o melhor da notícia é saber que a Transalvador vai colocar 125 fiscais nas ruas para evitar que pessoas entrem pela porta da frente dos ônibus promovendo perda de receita pelos empresários. E a gente se pergunta: POR QUE UM ÓRGÃO PÚBLICO SE INTERESSARIA PELA PERDA DE RECEITA DE EMPRESAS PRIVADAS? Então, deveriam colocar fiscais também nas portas das lojas, para evitar que pessoas saiam com mercadorias sem pagar. Fiscais em bares e restaurantes, para evitar o famoso “birro”, que é beber e comer e depois “se escafeder”. Fiscais nas escolas particulares, para que alunos não frequentassem as aulas se não estivessem com as mensalidades em dia. Fiscais públicos, pagos com nosso dinheiro, para impedir que pessoas entrassem nos shows sem passar antes pela bilheteria, como sempre acontece por estas plagas. Enfim, por quê só o transporte, que é um negócio privado, tem direito a fiscalização 0800 do setor público para evitar que os empresários percam dinheiro?
E, de mais a mais, há anos que se sabe que as empresas de ônibus não dão mais nada à Prefeitura da parte percentual que cabe a ela no preço de cada passagem. Os empresários teriam entrado na Justiça, alegado que são credores em vez de devedores e nunca mais pagaram nada pela exploração do serviço.

NEGÓCIO DA CHINA

Outra situação entre o cômico e o trágico é o caso das estações de transbordo da Lapa, Pirajá, Aquidabã, Barroquinha, Iguatemi e Mussurunga. Todas em PETIÇÃO DE MISÉRIA. Invadidas por pedintes, sacizeiros, vendedores de todas as tralhas possíveis e imagináveis, sem banheiros limpos e decentes, sem limpeza permanente, simplesmente porque a manutenção das estações, QUE É PARTE INDISSOCIÁVEL DO NEGÓCIO ÔNIBUS, é responsabilidade da Transalvador. E por fim, SEM ORGANIZADORES DE FILAS, sendo um Deus-nos-acuda entrar num ônibus numa estação destas em horas de pico. Tudo porque os empresários de ônibus consideram as estações como “uma coisa pra ser administrada pelo município”. O famoso, “né comigo não”...

VIAJE NESTA VIAGEM...

O que é mais importante para o ser humano – se alimentar ou se transportar de um lado pro outro? Ninguém titubearia um segundo: claro que é se alimentar. Nenhum ser vivo neste planeta pode viver sem alimento, das árvores aos humanos. Então, o NEGÓCIO ALIMENTO é vital, importantíssimo. No entanto, para você montar um mercadinho de bairro ou um hipermercado, você tem que comprar ou alugar um imóvel, instalar climatização, manter equipes permanentes de higienização das instalações (senão, muito justamente, a autoridade pública irá lhe meter multas severas e até fechar o negócio), oferecer estacionamento gratuito a quem for comprar comida, pagar a segurança particular para que quem for comprar comida não seja assaltado. Enfim, o NEGÓCIO ALIMENTO, do prédio à gôndola, TUDO É PAGO PELO DONO DO SUPERMERCADO, que, depois de todas estas despesas, ainda pagará Imposto Sobre Serviços, aos municípios. Imposto de Circulação de Mercadorias, aos estados. E Imposto de Renda Pessoa Jurídica, PIS, Cofins e sabe Deus mais o quê, ao Governo Federal.
Agora, o NEGÓCIO ÔNIBUS é diferente. As estações de transbordo, sem as quais o negócio fica impraticável para se ganhar dinheiro, não são mantidas pelos donos de ônibus. É pelo município. O ônibus é comprado com empréstimo público a juros subsidiados. O combustível (veja você, até o combustível) do ônibus, óleo diesel, é subsidiado, isto é, vendido com prejuízo para a Petrobras. E os pontos de ônibus, imagine!, são construídos e mantidos pelo município. E as estações de transbordo, idem.Com diria a BigLôra, "eles querem e ainda querem raspado..."
Resumo da ópera: MELHOR QUE PESCAR DE BOMBA.
Seria como se o dono do hipermercado chegasse pros governos e dissesse: “Olhe, vou montar um negócio para vender o bem mais importante para a vida, que é alimento. Então, providenciem logo um gigantesco galpão com ar condicionado central e tarifa de energia elétrica subsidiada. Coloquem equipes de limpeza pagas pelos cofres públicos. Coloquem seguranças pagos pelos cofres públicos. E não me cobrem impostos, pois estou alimentando o povo.”
E nada mais digo.

“Evento de moda apoia abrigo Dom Pedro II”
(“Correio”)

E quando a gente pensa que tudo está perdido, vem o ser humano nos surpreender. Nos diz o “Correio” que começa hoje e vai até domingo, no Abrigo Dom Pedro II, o “Bazar Delux”, que vai reunir roupas de marcas famosíssimas, todas novas, que serão vendidas mais barato que nas lojas para que o DINHEIRO ARRECADADO SEJA REVERTIDO PARA OS VELHINHOS do Abrigo.
Parabéns à vice-prefeita, Célia Sacramento (PV), por estar participando do evento e parabéns à Associação Parceiros do Abrigo (APA), que está organizando o bazar.
Só tem que pagar 10 reais pela entrada (imagine, o ingresso vale pra 3 dias!) e comprar as roupas se quiser. Eu vou lá e vou chamar minha amiga jornalista Sônia Araújo, que mora ali perto, na Boa Viagem, pra ir comigo arrematar umas coisinhas e ajudar os velhinhos, coisa que já fazemos todos os anos levando leite e roupas para eles.
É esperado um grande público jovem, porque também haverá desfile organizado por alunos de moda da Unijorge. Enfim, gente que se incomoda com gente. Belíssimo!

* tonY Pacheco é jornalista profissional (DRT-BA 966).

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