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segunda-feira, 15 de abril de 2013

1. BURACO MATA CINCO EM ÔNIBUS NO IGUATEMI 2. HOMOFOBIA MATA UM E DESMORALIZA OUTRO NO CAMPO GRANDE 3. JUSTIÇA DO TRABALHO PREJUDICA TRABALHADOR


JORNAL COMENTADO 87

tony paCHeco*

15.04.2013 - 6:43 – Segunda-feira

 As três manchetes acima seriam aquelas que gostaríamos de ver nesta segunda-feira. Contudo, só a “Tribuna da Bahia” se aproximou do ideal da mídia que os telespectadores, ouvintes, leitores e internautas gostariam de ver.

“Buraco na pista pode ter sido a causa do acidente”
(“Tribuna da Bahia”)
“Cinco mortos e 11 feridos em batida de ônibus”
(“Correio”)
“Choque entre ônibus da BTU e União, na Av. ACM, mata quatro passageiros”
(“A Tarde”, on line)


 A dificuldade começa em que dois jornais dizem que morreram quatro pessoas no choque dos ônibus e um diz que morreram cinco...
O segundo problema, e mais grave, é a causa do acidente inusitado numa via onde a velocidade máxima é de 40 km por hora. Tudo indica que um buraco na rua exclusiva para ônibus, cuja foto a “Tribuna” estampou e a gente vê logo que é uma cratera, foi mesmo o causador da tragédia.
Aliás, as autoridades federais, estaduais e municipais deveriam parar com esta brincadeira de mau gosto de culpar o álcool pelos acidentes no Brasil. A CONDIÇÃO DAS ESTRADAS, RUAS E AVENIDAS deste País MATA MUITO MAIS DO QUE QUALQUER OUTRA CAUSA.
Mas, claro, quando é um sujeito que bebeu uma cerveja que bate o carro, o poder público pode ir lá e tomar mais de 2 mil reais dele em multas. Já quando se admite que foi um buraco na via, não se pode tomar dinheiro da população, porque buraco nas vias é responsabilidade dos governos e estes não estão nem aí para a infraestrutura viária desta Sucursal do Inferno.
Eu já vi carreta voar num precipício na BR-116, bem na minha frente mesmo, quando eu estava a caminho de Minas Gerais, por causa de uma valeta no meio da estrada. E por falar em buracos, andando de carro ontem pela cidade, comecei com a buraqueira em minha própria rua, o Boulevard Suisso, um verdadeiro queijo suíço. Depois passei pelos buracos da Av. Joana Angélica, segui pelos buracos na região de Água de Meninos e Calçada e vivenciei o solo lunar da maioria das ruas da Península Itapagipana. Deve ter gente AMALDIÇOANDO A AUSÊNCIA DE CHUVAS NA CIDADE, porque quando está chovendo podem dizer: “Quando o período de chuvas acabar, recuperaremos o asfalto”. Este ano, como parece que não haverá “inverno”, parece que só teremos o "inferno" das ruas esburacadas.
Se houvesse uma mídia interessada, saberíamos quanto esta buraqueira e falta de sinalização MATAM no Brasil. Mas, como estamos num país neomuçulmano, todo mundo só quer saber se o motorista estava bêbado...

“Moradores de rua atacaram estudante da UFBA”
(“Correio”)

A verdadeira manchete deveria ser: estudante é assassinado e morre várias vezes, nas mãos da Polícia e nas mãos da mídia.
Vejamos, no “Correio”: uma autoridade policial diz que havia duas vítimas: o estudante que morreu e um senhor que conseguiu escapar da sanha dos bandidos. E, aí, a autoridade resolve ENTREGAR uma informação que “mata” a vítima que escapou: o sujeito que se salvou é “casado e pai de filhos”. Quer dizer, ele escapou dos assassinos, mas não escapou da morte moral promovida pelos policiais e pela mídia, que fizeram questão de dar seu nome e passaram a VERSÃO DOS VAGABUNDOS como verdadeira e final.
Já o morto, estudante da UFBA, teve duas mortes: a quadrilha lhe tirou a vida e a mídia e as autoridades policiais resolveram matar sua memória, dizendo que ele foi fazer SEXO GRUPAL com seus algozes. Mas esta informação sobre sexo grupal NÃO FOI DADA pelo sujeito que sobreviveu. NÃO! Foi dada pelo LÍDER DOS ASSASSINOS. Não é ótimo?! Polícia e mídia se juntam para divulgar o quê o assassino disse e isto é tido como verdade límpida e segura, a ponto de ser colocada nos jornais e, hoje, com certeza, estas informações estarão nos programas de TV que demonizam as vítimas de assassinatos quando são mulheres ou homossexuais. Se é mulher, “traía o  marido”, “trocou o namorado e aí se fu...”. Se for homossexual: “era promíscuo”, “andava caçando pelas ruas de madrugada” e, agora, a novidade: “foi fazer sexo grupal”.
Quer dizer, os assassinos são ouvidos e o que eles dizem sobre quem mataram É A VERDADE QUE DEVE SER ESPALHADA AO VENTO.
Agora, imagine se é o garanhão que tá traindo a mulher num motel e a Polícia chega e divulga o nome dele e da amante que está com ele? Todo mundo ficaria revoltado. "Invasão de privacidade", gritariam todos. "Processa, processa", gritariam outros.
Que “país-zinho” miserável este em que vivemos...
E, “last, but not least”: a autoridade policial aceita e passa à mídia a informação que dos vários membros da quadrilha, O QUE MATOU FOI O ÚNICO MEMBRO QUE ERA MENOR. Vê como tudo encaixa? O menor é aquele que pela LEI DA IMPUNIDADE VIGENTE NO BRASIL, embora tenha 17 anos e possa ELEGER O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, não pode ser preso. Ficará de um a três anos sendo RESSOCIALIZADO num albergue com comida e roupa lavada.
E a CEREJA DO BOLO:  a autoridade policial e a mídia GARANTEM QUE NÃO FOI CRIME DE HOMOFOBIA.
Claro que não: a quadrilha matou o rapaz e tentou matar o outro porque eles sabiam fazer mousse de chocolate e cupuaçu e isso foi considerado intolerável pela quadrilha...

“Burocracia emperra Justiça do Trabalho”
(coluna “Em Tempo”, “Tribuna da Bahia”)

 Até os grãos de areia da Praia de Itapuã já sabem que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), considera a Justiça baiana a pior do Brasil. Agora, o que muita gente não sabe é que a burocracia interna desta mesma Justiça tem entraves que levam a situações cruéis, como a que o colunista Alex Ferraz colocou, hoje, na coluna “Em Tempo”.
O trabalhador é demitido de uma empresa “laranjal” destas que terceirizam mão-de-obra para os empresários e autoridades públicas burlarem as leis trabalhistas à vontade e vai à Primeira Vara da Justiça do Trabalho atrás de um alvará judicial para receber o seguro desemprego, já que a empresa não pagou nenhum dos seus direitos e sequer fez a rescisão prevista em lei. O juiz (ou quem quer que seja dentro da Primeira Vara) erra ao copiar a data de demissão do funcionário e o burocrata do Ministério do Trabalho, claro, nega o seguro ao infeliz. Aí ele volta com sua advogada do Sindados e pede a correção do erro cometido pela Primeira Vara e eles SIMPLESMENTE PROTELAM E NÃO CORRIGEM.
Quer dizer, além da demissão, a negação do seguro desemprego, ou, como diriam nossos avós: ALÉM DA QUEDA, O COICE.
Depois dizem que sou “exagerado” ao chamar este país (e, especificamente, Bahia, Salvador...), de Sucursal do Inferno. 

 * tony Pacheco é jornalista e também tem formação acadêmica em Economia, Radialismo e Psicanálise e saber mais tem o ajudado muito a sofrer mais, mas, pelo menos, não se sente um otário, toma a paulada e sabe de onde ela veio...


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