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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A Estupidez da Educação Estatal (1ª Parte)

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Carlos Baqueiro (cbaqueiro@terra.com.br)

Durante séculos a educação ficou reservada aos nobres e religiosos, e posteriormente, à burguesia que, na medida de sua ascensão, exigia os mesmos privilégios que detinham os aristocratas. 

Como os privilégios não chegavam a todos, a maior parte da sociedade não tinha nenhuma vantagem em todo o desenvolvimento construído pela educação. Na realidade, todo, ou quase todo, desenvolvimento na educação foi em detrimento da maioria dos indivíduos. 

Ainda no século XIX uma educação superior era defendida pelas classes nobres (inclusive burgueses) somente para elas. Muitos não se resignaram a aquele estado de coisas. Eram reprimidos. Presos, torturados ou mortos. Movimentos populares, sindicatos, entre outros, se mobilizaram e chegaram até a criar suas próprias escolas. 

E não só escolas, mas teatros e universidades, e toda uma gama de locais e organismos que tentavam criar uma nova cultura, transformando a existente em algo mais descentralizado e democrático. A burguesia de uma forma mais inteligente que a aristocracia sabia que aquele foi o mesmo caminho que ela tomou para ascender politicamente. Formar sua própria cultura. Portanto seria imprescindível criar instrumentos que dificultassem e anulassem aquela ascensão das classes populares e trabalhadoras. 

Com este intuito desde a Revolução Francesa aparecem as escolas públicas. Os ingleses abriram suas escolas já no século XVIII. Napoleão vai dar um acabamento final a aquelas instituições. Os pobres ignorantes seriam "educados" para tornarem-se bons cidadãos e trabalhadores disciplinados. O ensino público, gratuito e obrigatório, patrocinado por Estados Burgueses ou Socialistas, foi visto, equivocadamente, por boa parte das populações, como a melhor maneira de garantir a democratização do conhecimento. 

Poucas foram as vozes discordantes. William Godwin, filósofo inglês foi uma delas, já em 1793:
"... todo projeto nacional de ensino deveria ser combatido em qualquer circunstância pelas óbvias ligações com o governo, uma ligação mais temível do que a velha e muito contestada aliança da Igreja com o Estado. Antes de colocar uma máquina tão poderosa nas mãos de um agente tão ambíguo, cumpre examinar bem o que estamos fazendo. Certamente que o governo não deixará de usa-la para reforçar seu próprio poder e para perpetuar suas instituições". 
É claro que houve mais gente que acreditou em mudanças. Ivan Illich , acreditando em um mundo sem escolas; Paulo Freire , desejando uma escola que não fosse legitimadora do poder constituído; A.S.Neill , construindo a Escola de Summerhill na Inglaterra, acreditando que melhor seria educar um futuro gari feliz, do que um primeiro ministro neurótico. 

Mas a maioria dos educadores, inclusive mestres e doutores (formados pelo próprio Estado, é claro), parecem se prender a amarras, a correntes, como escravos que não desejam fugir do engenho.

11 comentários:

  1. Um ótimo resumo de como a educação pública cumpre o seu verdadeiro papel burguês:. tornar os menos favorecidos, social e economicamente, em cordeiros

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  2. a quem interessa um gari feliz??

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  3. Baqueiro, permita-me uma reflexão sobre algumas premissas não explicítas ou inconscientes de seu texto.

    A diferença histórica entre um liberal e um anarquista no que dizia respeito à existência do Estado consistia no fato de que o liberal aceitava o Estado como um mal menor e os anarquistas de então insistiam em dissipá-lo (o que também era uma das premissas dos comunistas, depois de transposta a chamada ditadura do proletariado).

    Se assim foi no passado, esta bifurcação filosófica hoje tem outros agentes históricos. No momento presente é a direita capitaneada por banqueiros e CEOS do mercado financeiro que se dizem libertários para insistirem na redução do Estado com o corte das receitas advindas dos impostos ou total abolição de tributos em benefício deles, claro.

    Enfim, declaram o Estado como um inimigo para não pagarem impostos. Esta posição está escancarada nos EUA através do movimento Tea Party.

    Por não quererem pagar impostos insistem em defender também a redução dos serviços do Estado, principalmente os gastos com programas sociais destinados aos mais pobres tais como educação, saúde, previdência púbica e renda social garantida.

    Por estarem concentrados também por bilionários, os meios de comunicação aqui e lá veiculam esta ideologia buscando intoxicar a população com a idéia de que o Estado é o grande inimigo e o governo é o alvo a ser abatido.

    No Brasil este pensamento se proliferou nos meios de comunicação através de sicários como Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Augusto Nunes, José Neumâne e outros de igual valia pagos para insultarem e lançarem todo tipo de infâmia contra o ex-presidente Lula e membros do PT.

    A coisa ganhou tal dimensão nos meios de comunicação que nenhum jornalista consegue emprego se não comungar do propósito de que o PT é o inimigo e a redução de impostos para os ricos (que quase não pagam e quando pagam é uma ninharia em relação ao que pagam seus empregados) uma meta a ser alcançada de qualquer maneira.

    Esta cruzada é encabeçada e lustrada nos meios de comunicação de maneira enfática pelo detrator dos garis, Boris Casoy, conhecido membro do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) quando jovem transviado.

    Em resumo, quem quiser ganhar o osso ou a carne com osso como jornalista vai ter que lamber as botas desta gente defendendo os interesses dos bilionários e considerando o Estado como inimigo, os programas sociais e a esquerda no poder como uma ameaça à sagrada propriedade privada deles, os ricos.


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  4. sonhar faz parte:

    michel onfray__entrevista__uma escola libertária e elitista para todos

    http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=martins+fontes+camus+michel+onfray&source=web&cd=14&cad=rja&ved=0CEIQFjADOAo&url=http%3A%2F%2Fxa.yimg.com%2Fkq%2Fgroups%2F23897995%2F1200533058%2Fname%2FMICHAEL%2BONFRAY.doc&ei=PMPhUOm8PIik8ATD-oHwDQ&usg=AFQjCNFs0It6ctv7QL1U5eeMsyRYAYPgGQ

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  5. Não nos esqueçamos que em algum ponto da História dos anos 80 o velho empresário Mario Amato foi comparado ao anarquista Bakunin. Nós anarquistas "morremos" de dar risadas. Da mesma forma, hoje rimos e gargalhamos, quando aparece alguém, que adora se locupletar do Estado em conjunturas de crise, dizendo que deseja um Estado cada dia menor. Encarar aquela turma do programa Manhattan Connection como libertários só mesmo rindo, mesmo com uma dor braba no rim.

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    1. A pior coisa em política Baqueiro é o sujeito não saber de que lado está.

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  6. "a quem interessa um gari feliz??"
    Poderia responder a senhora mãe dele ? ou talvez a esposa ? :-)
    "defina felicidade!"
    Tem uma novela no canal Viva com o nome Felicidade. Há também definições em livros de Arthur Schopenhauer... mas é coisa muito chata. É melhor cada um ter sua própria e sigilosa definição. :-)

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    1. é verdade: temos que manter o nosso conceito de felicidade sobre total sigilo, pois se cair nas teias dos donos do poder vira figurinha carimbada, mercadoria sem valor!

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  7. michel onfray:

    "A autoridade me é insuportável, a dependência, intolerável, a submissão, impossível"

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