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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Onde passar o primeiro do ano?

Ricardo Líper

As pressões sociais são muitas vezes imperceptíveis. E você, se for alienado, sofre para cumprir o que todos dizem para você cumprir, mesmo você acreditando que é você quem gosta. E o jargão é  todo mundo. Todo mundo fica alegre nas festas de Natal e você tem de ficar também. Todo mundo deseja boas festas nesses dias e todo mundo comemora. Aí, se você não tiver senso crítico, troca sua identidade por todo mundo. Por exemplo eu não sou Ricardo Todomundo. Eu sou Ricardo e o próprio Líper não é um nome da carteira de identidade, eu inventei. Mas faço o maior esforço para não ser Ricardo Todomundo. O Todomundo, como sobrenome, é uma pressão que muitas vezes cai naquela tradicional relação do otário com o esperto. Vamos ver a passagem de ano. Criou-se uma obrigação de se ficar alegre, de branco, desejando feliz ano-novo a todo mundo. É uma festa? É. É um momento alegre? É. Entretanto, os espertalhões estão à espreita para transformar qualquer hábito em uma maneria de ganhar dinheiro, humilhar os outros, transformar comportamentos em comportamentos de marionetes como vista branco ou uma cor pré-estabelecida, ria, beba, dance. Vejam fogos de artifício. E agora muitos ganham com esse tipo de pressão para os bonecos obedecerem a comportamentos estereotipados. E agora introduziram mais uma coisa: o showismo. Resultado: reúne todo mundo para ver show de supostos artistas para eles ganharem dinheiro. E o final do ano e no que se transformou? Se não me engano o pessoal de algumas religiões de origem afro iam para a praia fazer oferendas e pedir bênçãos, o que era muito agradável. Levavam o que comer, dançavam, cantavam e se divertiam. Democratizaram a festa. Entretanto, muita gente junta em um país cujas cidades não têm segurança, ladrões atacam e é natural que se aproveitem da falta de segurança para isso. Daí a realidade hoje. O showismo aglomera os todomundo que serão roubados, pisoteados e voltam para casa ou hospitais frustrados e desolados. Mas o curioso: vão de novo a cada ano porque todo mundo vai. Eu gostaria de passar dormindo. Já fui a todos réveillons, mas não suportei nenhum. Que todo mundo vá, não eu. Não sou gado de corte. Vou fazer o que faço sempre: encontrar alguns amigos na casa de um deles e comer, conversar, dançar ou cantar se quiser, mas sem me esgotar física e emocionalmente sendo feito de besta para cumprir um ritual apropriado por espertalhões. Se depois de seu nome tem todomundo, vá mesmo sem gostar de ir porque todo mundo vai. Conheço muita gente que passa essas festas dormindo. Um deles era meu sábio pai, que sempre passou dormindo. Um inimigo do rei prefere festas na qual as pessoas levem um prato de comida,  cantem e dancem, conversem, improvisem. Festa popular é todos criarem suas roupas mesmo usadas, e o povo é que é o grande espetáculo. Grupos de pessoas criativas fantasiadas, se quiserem, sem gastar dinheiro para ser feliz e não aglomeradas para dançar como marionetes olhando para um palco em eternos shows. Festa é festa, show é show. Se liguem, não deixem que lhes façam de besta. Reinvente, volte ao que era, é a primeira regra, para as pessoas. Segunda, sem gastar quase nada. Terceira, a criatividade de cada um é o show. 

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