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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A ideologia do ser humano

Ricardo Líper

Basta um conceito ficar consensual ou ter adquirido o apoio da maioria, que todo mundo que reagia a ele passa a dizer  o contrário. Exemplo: democracia. Todo mundo é democrático. Você conhece alguém que não seja? Racista. Você conhece alguém que se diga racista? De direita? Só pequenos grupos. Todo mundo é de esquerda ou próximo a ela. Reacionário? Ninguém assume. Tanto que a palavra caiu em desuso. Todo mundo é progressista. Você conhece alguém que se diga homofóbico? Derrapam às vezes, mas todos dizem que não são homofóbicos. Tem crente e católico que diz que não é homofóbico. Portanto, esse aspecto da humanidade, é uma comédia.
E como saber o que as pessoas são de fato? Pelo seus atos. Na hora H a máscara cai. Basta ficar com raiva que diz logo: "Negro descarado. Veado safado. Lugar de mulher é na cozinha." Só existe uma ideologia real de todos: a canalhice que leva ao oportunismo. Você faz o contrário do que diz, prega o contrário, mas se diz politicamente corretíssimo para conseguir ficar incógnito. No meio disso tem os que se auto-iludem e são os mais engraçados. É um problema de delírio pré-esquizofrênico. Estão diante de uma realidade que contraria todos os conceitos humanamente corretos, mas, mesmo assim, continuam a pensar que são provas concretas de que todos esses conceitos, sedimentados como os mais aprovados por uma maioria, estão ali. Os políticos são os mais engraçados. Mas eles já têm o sua ideologia interna hipertrofiada, no âmago da alma: o bolsismo. Até inconscientemente, no sentido freudiano, e por isso, acreditam que estão sendo democráticos, socialistas e antirracistas, anti-homofóbicos quando estão sendo apenas bolsistas. A não ser que uma dessas idéias atrapalhem amealhar os votos daqueles que, internamente, são o contrário e eles apostem em uma homofobia feroz para, no momento do voto, que a verdade pode ser dita, o homofóbico disfarçado vote nele. Mas peraí, todos nós somos bolsistas em algum momento. Não quero dar uma de moralista. Todo moralista é hipócrita. Vamos deixar de hipocrisia. Somos fingidos. Se não fosse assim como poderíamos ser humanos? O problema é que alguns radicalizam o humano, o demasiadamente humano. Não se controlam coitados. Atenção esquizoides bolsistas. Não estou me referindo, nas entrelinhas, a nenhum episódio em particular, muito menos aos mais recentes. Não estou falando no varejo, mas no atacado. 

Um comentário:

  1. partindo do princípio de que somos todos CANALHAS, gostaria de declamar um poema do mineiríssimo drummond:

    Cidade prevista

    Irmãos, cantai esse mundo
    que não verei, mas virá
    um dia, dentro em mil anos,
    talvez mais... não tenho pressa.

    Um mundo enfim ordenado,
    uma pátria sem fronteiras,
    sem leis e regulamentos,
    uma terra sem bandeiras,
    sem igrejas nem quartéis,
    sem dor, sem febre, sem ouro,
    um jeito só de viver,
    mas nesse jeito a variedade,
    a multiplicidade toda
    que há dentro de cada um.

    Uma cidade sem portas,
    de casas sem armadilha,
    um país de riso e glória
    como nunca houve nenhum.

    Este país não é meu
    nem vosso ainda, poetas.
    Mas ele será um dia
    o país de todo homem.


    postado pelo sonhador emérito da baixa do tubo

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