toNy pacheco
Ouvindo Eliane Cantanhede no rádio, hoje, eu vejo como se comentam fatos sem ter conhecimento deles em profundidade. A jornalista disse que a Base Antártica Brasileira, conhecida oficialmente como Estação Antártica Comandante Ferraz, era "importante" por suas pesquisas para o povo brasileiro e para o mundo.
Ora, isso é o discurso oficial de todos os paises que têm bases ali, como EUA, Rússia, França, Alemanha, China, Japão etc. etc. Contudo, o que está em jogo por trás de tais “pesquisas científicas” é a suposição que a Antártida seria, no futuro, um “celeiro gelado”, de onde se tirariam milhões de toneladas de alimentos marinhos e, também, pela suposição de que teria jazidas de petróleo e diversos minerais estratégicos.
Como superpotência única ao final da Segunda Grande Guerra, os Estados Unidos viram crescer, nos anos 1940 e 1950, as reivindicações de territórios antárticos por vários paises, entre eles, Reino Unido (Inglaterra), Argentina, Chile, Austrália, Nova Zelândia, Noruega e França. Mas estes paises reivindicam territórios ali porque têm terras que por extensão de meridianos lhes dariam um suposto direito, como o fizeram os paises do Hemisfério Norte quando dividiram o Ártico.
TRATADO IMPOSTO
Só que os EUA estão no Hemisfério Norte e não têm sequer uma ilhota que “defronte” a Antártida. O que fizeram? Usando a sua força diplomática, que está baseada no fato de ser a maior economia do planeta e o único poder militar que realmente conta, exigiram a suspensão de todas as reivindicações territoriais na Antártida com a assinatura, em 1º de dezembro de 1959, do Tratado Antártico. Por este tratado, 12 paises de então (hoje são 31 membros, entre eles, o Brasil, que assinou em 1975) assinaram o documento e decidiram que até 1991, ninguém reivindicaria territórios no Pólo Sul. Em 1991, de novo, os EUA exigiram uma prorrogação até 2041.
Apenas para usar um termo apropriado, as reivindicações estão CONGELADAS, mas não significa que um dia destes alguém desligue o freezer. E, pensando nisso e não em pesquisas para o bem dos brasileiros e da Humanidade, os membros da ditadura militar brasileira resolveram aderir ao Tratado Antártico em 1975 e em 1984 começava a operar a Base Antártica Brasileira, conhecida como Estação Antártica Comandante Ferraz.
NOSSO JEITINHO
A projeção de meridianos nos daria um território antártico. É isso que se quer, embora ninguém admita oficialmente.
E para mostrar que não levamos nada a sério, o presidente Lula visitou a base brasileira e desde 2006 tinha conhecimento dos sérios problemas que a instalação apresentava. E os problemas vão muito além da deficiência dos sistemas anti-incêndio. Na Base Comandante Ferraz não há sequer sistema de acondicionamento de alimentos suficiente. Quando os navios de suprimentos chegavam, comia-se logo o que se podia, pois muita coisa seria perdida por falta de estrutura de armazenamento. Patético! Além de goteiras, rachaduras e coisinhas prosaicas assim.
E para mostrar que não levamos nada a sério, o presidente Lula visitou a base brasileira e desde 2006 tinha conhecimento dos sérios problemas que a instalação apresentava. E os problemas vão muito além da deficiência dos sistemas anti-incêndio. Na Base Comandante Ferraz não há sequer sistema de acondicionamento de alimentos suficiente. Quando os navios de suprimentos chegavam, comia-se logo o que se podia, pois muita coisa seria perdida por falta de estrutura de armazenamento. Patético! Além de goteiras, rachaduras e coisinhas prosaicas assim.
Lula foi, fez fotos com seu jeitão maroto, e não tomou providência nenhuma. Foi uma destruição anunciada.
Agora, claro, o governo Dilma já anunciou que fará uma nova estação moderníssima. Mas nós sabemos que a filosofia do jeitinho brasileiro estará presente. Vide as nossas obras para a Copa do Mundo. Nós somos um povo bom de fazer, mas péssimo para manter. Manutenção não é com a gente. Vejam nossa malha rodoviária, 60% esburacada. Nossos aeroportos, todos sub-dimensionados. Nossos portos, que fazem com que milhares de toneladas de alimentos e outras mercadorias se percam nas filas de caminhões que não conseguem chegar até aos navios em tempo.
E nada mais digo.