Carlos Baqueiro
cbaqueiro@terra.com.br
Em 1995, quando os petroleiros fizeram uma greve de 31 dias, era normal chamá-los de anti-patriotas nas páginas de jornais. Os juízes baseados na Constituição e nas regulamentações seguintes julgaram a greve ilegal. Não foi a primeira, nem a última. Outras grandes greves de 13 e 24 dias, em 1991, foram rapidamente julgadas ilegais. A Greve nas Refinarias de Mataripe e Paulínia em 1983, em plena ditadura militar, foi julgada ilegal em menos de 24 horas, e mais de 180 petroleiros foram demitidos.
Em 1995 muita gente, mas muita gente mesmo ficou a favor do fim do monopólio da exploração do Petróleo pela Petrobras, pois a quase totalidade da imprensa conseguiu tornar pública a opinião dos donos das empresas de comunicação. Jornalistas de renome atacavam os petroleiros: Terroristas, anti-patriotas, etc. Naqueles anos parte da esquerda (incluído gente do PT) dava apoio aos petroleiros.
Durante greve, no final do ano passado, gerentes da empresa estatal de petróleo (antigos militantes do PT) chegaram a insinuar que os grevistas criavam terror em frente as instalações para não permitir que os "trabalhadores dóceis" pudessem entrar em seus locais de trabalho. Graças a isso, juízes mais uma vez "inventaram" um tal de Interdito Proibitório impedindo que os grevistas pudessem criar qualquer tipo de "constrangimento" aos dóceis trabalhadores. Policiais militares, às dezenas, proibiam em frente aos portões até mesmo que se abrissem faixas impedindo a entrada normal dos trabalhadores. Além de muitos empurrões e caras feias. Com isso a greve perdeu força.
Assim fica difícil acreditar que Governos, Empresários, Donos do Mundo, queiram mesmo negociar de forma equilibrada. E sempre, eles e seu séquito de legalistas, irão considerar ilegal qualquer greve que crie uma aura de solidariedade, igualdade e radicalismo entre os trabalhadores.
Infelizmente sem greves e "excessos" torna-se bem difícil negociar com os Donos do Mundo.
Esperemos que, pelo menos, os "excessos", na atual greve da PM, não tornem a vida em Salvador insuportável para a própria população. Pelo menos nada que seja mais desgraçado do que a própria vida em dias sem greve.
romper barreiras e criar novos paradigmas, eis a consequência imediata de uma GREVE!!!
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ResponderExcluirbelzebu, o tranca rua
... elis regina imortalizou, dentre outras, uma letra primorosa de ivan lins, que cabe lembrar em momentos de ruptura:
"Cai o rei de espadas, cai o rei de ouros
Cai o rei de paus, cai, não fica nada"
chega de legalismo e continuísmos!!!
...que ardida ironia: gás lacrimogênio na polícia...
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