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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ufa... Menos um ditador no mundo.

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Em "homenagem" a redução do número de ditadores no mundo, posto hoje aqui o trecho inicial de um texto que saiu na edição 22, do jornal O Inimigo do Rei, em 1988.

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Só Cuba, atualmente, e o Uruguai, no auge da ditadura fascista pré-Sanguinetti, conseguiram a proeza da Líbia: ter mais de 10% de sua população no exílio. Sim, porque mais de 350 mil líbios estão refugiados em mais de 30 países, principalmente os da Europa Ocidental. Mas, mesmo no exílio, eles não estão totalmente livres das pressões da ditadura que vigora em seu pais de origem. A Policia secreta do coronel Kadafi, a Mukhabarat, tem comandos que vez por outra assassinam alguns líderes oposicionistas no exterior. Esta prática, aliás, a partir de 1980, levou vários países europeus a ameaçarem romper relações com Tripoli.

As vésperas de completar 20 anos no poder (ele tomou a chefia do Estado líbio do rei Idris I em 1º de setembro de 1969), Kadafi chegou ser confundido nos anos seguintes ao golpe de 69, com um agente da CIA, já que suas alianças com regimes e grupos terroristas reacionários mais o colocavam à direita do que à esquerda do espectro político. Basta ver que já financiou os fascistas argentinos em suas campanhas de terror, a ala direita do IRA e ja procurou alianças com dirigentes como Habib Bourguiba, da Tunisia, e Hassan II, do Marrocos. Ou, o seu apoio mais tragicómico, sustentar o ditador de Uganda, Idi Amin Da-da, nos últimos anos de seu regime em Kampala, quando Kadafi mandou 3 mil soldados líbios (que ele chamava de "voluntarios civis") para tentar deter o avanço da oposição que partiu da Tanzânia e do Quenia para derrubar o sanguinário ditador de opereta.

A jornalista Oriana Fallaci. que entrevistou Kadafi na própria Libia, dá uma explicação para esta confusão ideológica que Kadati faz, sustentando grupos e governos fascistas, e ao mesmo tempo, mantendo-se na vanguarda do movimento revolucionário mundial apoiando os palestinos mais radicais, por exemplo. Segundo Fallaci, "clinicamente falando, Muamar Kadafi é um louco".

Mas um louco não conseguiria manter-se tanto tempo no poder. Em verdade, Kadafi é o exemplo clássico do ditador que soube fazer carreira fazendo uma sólida base popular, igual aquela que Pinochet montou entre a classe média chilena, que lhe permite sufocar em sangue e miséria a classe operária do Chile.

Kadafi, cujo nome vem de uma tribo beduína, os Khadafeden, nasceu numa tenda a 500 km de Tripoli em 1942. Sua formação intelectual era fortemente influenciada pelo fundamentalismo islâmico da aristocracia militarista do exército do rei Idris I. Daí inclusive, a insistência de Kadafi em misturar socialismo com islamismo, coisas absolutamente excludentes, como qualquer pessoa medianamente inteligente pode ver, já que o socialismo é ateu, pois desde os seus primórdios entende que a religião é o principal instrumento de alienação da classe operária, haja vista que a promessa de um céu após a morte é um poderoso alienante, que distrái os proletários de sua tarefa de libertar-se da sociedade de classes que os mantêm na miséria atual.
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Quem estiver a fim de ver o jornal na íntegra, prá matar a saudade, segue o link.

https://picasaweb.google.com/104336729701655016518/OInimigoDoReiN22

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