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sábado, 29 de outubro de 2011

Que falta faz um revisor nos jornais

 toNY paCHeco

Num dado momento do jornalismo, ali, por volta dos anos 1990, a Universidade de Navarra, através de sua Faculdade de Ciências da Informação (quanta pretensão...), achou que não deveria haver mais revisores nas redações de jornal. Que todo jornalista tinha a obrigação de saber a língua na qual se comunicava. É o velho comportamento idiota de boa parte do mundo acadêmico: achar que a realidade tem que se moldar aos seus pensamentos e não o contrário.
Deu o que deu: menos de 20 anos depois, os jornais cometem erros crassos e não há mais ninguém nas redações sequer para detectar que ali está sendo cometido um.
Vejam o que aconteceu na "Tribuna" de hoje, sábado: a OAB condena os twitteiros que falam mal de nordestinos e tasca uma palavra racista para definir o malfeito ("denegrindo"). Ora, denegrir significa falar mal de uma pessoa ou coisa, mas usando palavra que tem raiz em "negro" para explicitar, nos remetendo a um tempo em que ser negro era uma coisa ruim. Portanto, não se deve mais usar o termo denegrir, muito menos como reação a racismo contra nordestinos. O jornal não errou, pois foi o porta-voz da OAB quem foi racista, mas o repórter tinha que fazer a ressalva logo depois do mal dito (separado, claro...).
Já no "Correio" de quinta, o repórter tascou na matéria sobre racismo no pagode do Exaltasamba: "o primeiro não se fez de rogas" (sic). Com certeza quis dizer ROGADO, mas, como não conhece a expressão, usou errado. Nisso, aliás, meu primeiro professor de Português, António Vidal Campanti, lá em Minas, nos dizia: "Para escrever sem medo de errar, comece usando apenas as palavras das quais você tenha certeza absoluta do significado". Jamais esquecerei professor Campanti, que nos dava cascudo sempre que escrevíamos ou falávamos errado.
Isto me faz lembrar um problema crônico que eu tinha com um repórter de  "A Tarde". Ele gostava de usar termos estrangeiros em suas matérias e eu era copidesque (estranho este nome, os jovens jornalistas nem sabem o que é). Um dia, perdi a paciência com a insistência de ele usar palavras das quais ele não conhecia o significado e sempre escritas de forma errada ou com o sentido inadequado: "Criatura - disse eu -, você fala Inglês? Não. Você fala Francês? Não. Tem proficiência em Alemão? Não. Então, pare de usar palavras que você não sabe escrevê-las corretamente." Pronto. Ele parou e se transformou num excelente jornalista.

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