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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Para além do Pensamento Único

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Carlos Baqueiro
cbaqueiro@terra.com.br

Estamos vivendo hoje um tempo de certezas (quase) absolutas. Ou melhor, um tempo em que se aparentam mais certezas do que dúvidas. Onde, após o fim da União Soviética, até mesmo o fim da história já foi estabelecido, pelo filósofo americano Francis Fukuyama, ideólogo do neoliberalismo, para quem tínhamos chegado "ao ponto final da evolução ideológica e à universalização da democracia liberal ocidental como forma final de governo". 

É o tempo de algo sombrio ao qual já se nomeou de PENSAMENTO ÚNICO. O diretor do jornal Le Monde Diplomatic, Ignacio Ramonet, menos apocalíptico do que realista, aponta o que este tipo de situação traz consigo: 
"Nas democracias atuais, cada vez mais cidadãos livres sentem-se atolados, lambuzados por um tipo de doutrina viscosa que, imperceptivelmente, envolve todo raciocínio rebelde, inibi-o, desorganiza-o, paralisa-o e termina por asfixiá-lo. Essa doutrina constitui o 'pensamento único', única autorizada por um invisível e onipresente controle de opinião". 
A sociedade se encontra a serviço de uma minoria, mas hoje sem a necessidade de ditaduras militares, como a anos atrás. Pois esta minoria detêm hoje a matéria-prima fundamental à manutenção do poder dentro desta sociedade: a informação. Mesmo dentro da Internet, um campo ilusoriamente democrático, os grandes portais, das grandes famílias e grandes corporações, abocanham a maior parte da audiência, enquanto o status de pobreza destitui boa parte da população do seu uso. 

É pensando em retirar desta minoria parte daquele poder, conseguido por meio da informação e do saber, que vislumbramos um mundo sem tantas diferenças econômicas.

Podemos nos manter distantes desta batalha, e continuar nossa vidinha rotineira, acordando, trabalhando, consumindo e voltando a dormir. Ou podemos nos negar a permitir que aquela minoria faça o uso indiscriminado dos meios de comunicação para uniformizar e homogeneizar os pensamentos. Lutando e resistindo, de alguma forma.

Mostrando que uma visão crítica do mundo não serve de nada se nos leva a um beco sem saída, o próprio Ramonet participando do 5º Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em 2005, afirmou:
"Tudo está indicando que outro tipo de comunicação é possível, que responda mais às necessidades da população do que aos interesses das grandes empresas. Neste caso, poderia pensar-se em um meio de coletar toda essa informação que é produzida e disseminá-la de modo mais efetivo. Quando cada um trabalha por si, somos muito fracos, é preciso que todos trabalhemos em conjunto".

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