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domingo, 31 de julho de 2011

Nazistas a vista... e a prazo.

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Carlos Baqueiro
cbaqueiro@terra.com.br

Há alguns anos estamos vendo o crescimento da direita, e da extrema direita, nas eleições européias. França, Áustria, Países Nórdicos... Seria muita ingenuidade acharmos que as mortes de Hitler e Mussolini enterraram o nazismo e o fascismo para o local que mereceriam no Inferno.

Os atentados ocorridos na Noruega, por parte de um louco nazista (estou sendo redundante), podem mesmo ser vistos como a ponta do Iceberg da retomada de uma ideologia que assassinou milhões de judeus, ciganos, anarquistas, comunistas, e todo tipo de gente, em nome de um fundamentalismo político e religioso.

Tem gente no Brasil que se surpreende com a posição de outras tantas pessoas, aqui mesmo do nosso país, que concordam com as ideias nazifascistas. Entre elas toda a verborreia racista que foi usada pelo nazista norueguês para escrever um manifesto de propaganda.

No manifesto ele cita algumas vezes o Brasil, sugerindo que um país tão miscigenado como o nosso, não poderia dar certo. Toda essa mistura entre “raças” seria a culpada pelos “altos níveis de corrupção, falta de produtividade e em um conflito eterno entre várias culturas”(1).

Quando se fala de Racismo no Brasil, muita gente se lembra do Conde Arthur de Gobineau. O sujeito foi enviado ao Rio de Janeiro, por Napoleão III, para uma missão diplomática, durante os anos de 1869 e 1870. Adorava o imperador Dom Pedro II. Aliás, era a única coisa que ele gostava no Brasil.

Ele odiava o país, e seu povo mestiço:
Mas se, em vez de se reproduzir entre si, a população brasileira estivesse em condições de reduzir ainda mais os elementos daninhos de sua atual constituição étnica, fortalecendo-se através de alianças de mais valor com as raças europeias, o movimento de destruição observado em suas fileiras se encerraria, dando lugar a uma ação contrária(2).
Mas, longe do etnocentrismo europeu, muitos brasileiros teorizaram sobre a incapacidade de um povo misturado poder galgar posições civilizatórias satisfatórias.

Um desses brasileiros foi o médico baiano Nina Rodrigues. Discípulo de homens como Darwin, Augusto Comte e Cesari Lombroso, este último defensor da pretensa ciência que afirmava a inferioridade de algumas "raças" ante a superioridade de outras. Nina Rodrigues foi um pesquisador perspicaz da vida dos negros na primeira década do Sec.XX. Mas algumas de suas conclusões são obviamente sintomas de uma época:
A Raça Negra no Brasil, por maiores que tenham sido os seus incontestáveis serviços à nossa civilização, por mais justificadas que sejam as simpatias de que a cercou o revoltante abuso da escravidão, por maiores que se revelem os generosos exageros dos seus turiferários, há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como povo(3).
O pensamento racista não é mais nem menos humano do que qualquer outro pensamento. Faz parte de posicionamentos históricos tomados por indivíduos desejando entender o ser humano. Lembremos que o grego Aristóteles não acreditava que os escravos pudessem ser tratados igualmente com os outros gregos, pois eram "Escravos", e não "Homens". A estupidez da violência contra o outro nasce das necessidades, dos desejos conscientes e inconscientes, das diversas culturas. A mulher em alguns países árabes pode ser punida se fizer sexo menstruada. Ao homem traído, em algum momento no Brasil, já foi permitido legalmente a vingança, até mesmo com a morte da mulher.

Infelizmente, como vimos nas explosões e tiros na Noruega, a estupidez não é algo do passado. Estaremos sempre com ela ao nosso lado, a nossa frente, em nosso redor, dentro de nós.

O que sempre nos tornou e continuará nos tornando seres humanos é a capacidade de resistir e escapar a essas ideias estúpidas que negam uma humanidade ao mesmo tempo única e diversa.




Além das fontes que já coloquei no próprio texto quem quiser entender um pouco mais de Racismo no Brasil deve ter em mãos o livro O Espetáculo das Raças, de Lilia Moritz Schwarcz, da Companhia de Letras.

4 comentários:

  1. BARqueiro,

    "o médico baiano nina rodrigues" nasceu no maranhão...

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  2. kkkkkkk... até uma "mestranda" pode dizer que o futuro "adorador" de orixás era baiano, pq eu não poderia ?
    http://pt.scribd.com/doc/52710379/nina-rodrigues-deuses-e-hierofanias
    Para quem quiser saber a "verdadeira" história de Nina Rodrigues, como nosso camarada Tavares, sugiro o Verbete do Wikipedia:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Nina_Rodrigues

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  3. rosely gomes costa:

    "Para Nina Rodrigues, uma nação de mestiços
    não poderia ser estável porque os mestiços são uma anarquia no sangue, nas idéias, nos sentimentos, abrigando dentro de si tendências contrárias que estão em luta constante e, com tendência, nesta luta, de que as características da raça inferior e primitiva vençam."

    http://www.scielo.br/pdf/soc/n21/06.pdf

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  4. O "Conde" Gobineau, não era conde coisa nenhuma, era apenas um desses títulos de cortesia que se inventam por aí - para ser mais preciso, na França e em boa parte da Europa. Quanto ao personagem, o que mais me surpreende são as suas qualidades de novelista; os seus contos orientais são um primor de estilo; uma acuidade, um talento raros. Personagens contratados!

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