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sábado, 9 de julho de 2011

Apenas Boas Lembranças

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Por Carlos Baqueiro

Essa semana que passou aconteceu, nas áreas da Petrobras na Bahia, algo que nunca havia ocorrido aqui por estas bandas. Precisou-se efetuar um quarto escrutínio para se chegar a um número de eleitores mínimo na votação naqueles que tomarão conta do “novo” Sindicato dos Petroleiros.

As brigas e debates desconexos entre a Federação Única dos Petroleiros, FUP (ligada à CUT e ao PT) e a Federação Nacional dos Petroleiros, FNP (com a hegemonia do PSTU em suas hostes), durante os últimos meses deixaram a base da categoria tão cheia de dúvidas que a maioria nem se arriscava a ir votar em qualquer delas. Ainda ontem mesmo alguns colegas me perguntavam (no último dia de votação) qual seria a chapa “menos pior” para se eleger.

A Chapa 1 apoiada pela FNP afirmava em todas as suas falações em frente às áreas da Petrobras que a Chapa 2 seria a chapa branca, oficial, do governo. A Chapa 2 por sua vez insinuava que a outra chapa era da situação do Sindicato, de sindicalistas que tomaram a organização e não queriam “largar o osso”. E, novidade, ambas enchiam as caixas de correio eletrônico dos trabalhadores com seus ataques.

A situação perdeu o controle do bom senso quando essa semana uma das áreas administrativas onde trabalham petroleiros em Salvador teve de parar duas vezes como parte da mobilização por uma Participação de Lucros maior do que a empresa quer dar. Houve uma parada na entrada da área na Quinta-Feira, dia 07 de Julho, e outra paralisação dia 08 de Julho. Mas a ideia inicial seria parada um só dia, o que fizeram todas as outras bases petroleiras de todo o país.

No primeiro dia a mobilização ficou por conta da FNP (que aproveitou para escancarar baixarias contra a FUP) e no segundo dia por conta da FUP (idem, contra a FNP). Ou seja, transferiram uma guerrinha política insana para as manifestações por melhoria salarial. Obviamente, transformaram tudo em circo e os trabalhadores daquela base ficaram com cara de palhaço (como ouvi por diversas vezes pelas áreas da empresa esses dois últimos dias).

E depois a própria esquerda fica se perguntando, em seus jornais e revistas teóricas, sobre o porquê dos trabalhadores estarem se afastando a cada dia que passa do Sindicato que, em tese, os representa nas lutas e negociações com (ou contra) as empresas e o governo.

Aliás esse não é um questionamento novo. Quando, por vários motivos, os trabalhadores brasileiros diminuíram o quantitativo de greves em busca de melhoria de vida, entre os anos 80 e 90, muita gente de Universidade viu ali indícios de crise do sindicalismo.

E podemos ir mais além, tentando compreender a desilusão do anarquista Edgard Leuenroth com a tendência que parecia seguir os sindicatos dos anos 60:
“Antigamente, a vida dos sindicatos estava no sentimento de igualdade e na efervescência das ideias. Hoje, quando entro num desses grandes sindicatos, diante dos guichês que separam os operários dos funcionários e diretores, tenho a impressão de estar numa repartição pública. O corpo cresceu sem o espírito de verdadeiro sindicalismo”. (Fonte, pag.68)
Não sei se a opção pela Revolução ainda existe dentro de algum ponto da mente daqueles que trabalham na Petrobras, sejam eles terceirizados ou primeirizados, mas não é difícil perceber que se o sindicalismo continuar no caminho que está será apenas lembrança de um passado de muitas conquistas.

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