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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

POR QUE CUBA CHAMA TANTA ATENÇÃO?


JORNAL COMENTADO 55

6:11 – Segunda-feira – 18.02.2013

 “Blogueira cubana é recebida com protesto em Recife”
 ("Folha de S. Paulo")

"O caso Yoani Sanchez"
("Tribuna da Bahia")
Yoani Sanchez me lembra Federica Montseny: quando faltam homens dignos e corajosos, surgem mulheres definitivas para mudar o mundo. Será que Dilma Rousseff vai agraciá-la com a Ordem do Cruzeiro do Sul?

E a Bahia passa a ser notícia por algo realmente mais importante que ficar balançando as nádegas para lá e para cá. A blogueira cubana dissidente Yoani Sanchez está entre nós, para desespero dos adeptos do castrismo e dos zumbis marxistas. Mas, ao desembarcar no Recife, antes de vir para a Bahia, foi recebida por uma manifestação de 20 pessoas que jogaram dólares em direção a ela e eu me pergunto: quem tem dólares pra jogar pro alto? Eu não tenho. Se estivesse no aeroporto pernambucano teria catado todos para mim.
Yoani, no entanto, ficou feliz. Disse que gostaria que em Cuba também fosse assim. Que cada um se manifestasse livremente.
Mas a pergunta que a mídia não faz é sempre a mesma: por que um país pequeno territorialmente e com apenas 11 milhões de habitantes e com uma economia paupérrima, baseada apenas em cana-de-açúcar, chama tanta atenção?
É tão simples assim: nós, jornalistas (inclusive Yoani, que é uma de nós), temos como missão de vida denunciar injustiças e nos solidarizarmos com os que não têm voz. Cuba, desde que os irmãos Castro chegaram ao poder por lá, em 1959 (aquilo é uma monarquia hereditária, né verdade?), tornou-se a formiguinha que desafiou o elefante chamado Império Americano.
É irresistível para a maioria dos jornalistas. É como o menino judeu Davi contra o gigante Golias. É difícil ficar contra Davi, a não ser que se descobrisse que o moleque da atiradeira fosse usuário de crack.
E é o que descobri desde cedo. O crack de Cuba é o regime de mentiras que mantém um povo sob uma ditadura cruel, mas investe milhões em propaganda para dizer que é “socialista”.
Yoani mantém um blog (Generacion Y) que ela mesma não pode acessar, pois Cuba está entre os países, como Irã e China, que controlam o que o povo pode acessar na Internet. Só isto já seria suficiente para provar que Cuba é um campo de concentração.
Mas vá dizer isso a um jornalista... Boa parte dos jornalistas, mesmo trabalhando em empresas capitalistas (afinal, jornais e revistas pertencem a um capitalista), professa um ideário mais ou menos socialista (inclusive eu). Então, embora o patrão não goste, sempre conseguimos passar o nosso ideário para os leitores (veja a manchete da "Folha" no alto deste texto...). E, no caso do tema "Cuba", em países como o Brasil, Espanha, Venezuela e Equador, ser a favor da tirania na ilha pode render bons empregos ou melhores colocações dentro do seu emprego. Por incrível que pareça, isso é verdade. É como ser a favor dos miseráveis do Haiti. Quem é a favor é sempre tido em alta conta. 
E é por isso que eu tenho grande simpatia por Yoani Sanchez. Que mulher corajosa retada. Mostrar que aquela ilhota inexpressiva é habitada por prisioneiros de uma ditadura sanguinolenta é ter muita coragem. É remar contra o mundo. Ela, sim, é Davi nesta história. Ficar falando contra dois dinossauros (Fidel e Raúl) que usam o DISCURSO ÚNICO como arma e ainda têm defensores por toda parte, é prova de CORAGEM ABSOLUTA. Vamos ouvir o que Yoani tem a dizer, antes que nossas autoridades também nos proíbam... 

UMA BRASILEIRA VIVEU EM CUBA E DIZ O QUE VIU

Giselle Gil, brasileira, perdeu o marido em Cuba ao tentar socorrê-lo no decantado serviço público de saúde da ilha-prisão e deu um pungente depoimento sobre o que viveu por lá. Não demonstra ódio por Fidel, diz adorar o povo cubano, mas acha que ali se vive dentro de um mito, uma mentira. Veja abaixo o que ela viveu e tire suas próprias conclusões:

"O preço que paguei por acreditar em Cuba foi alto demais

"Prezado Olavo de Carvalho,

"Acabei de ler o seu artigo publicado pela revista Época desta semana. Não pude deixar de viajar no tempo e reviver todo o sofrimento que passei naquela ilha.

"Não fui fazer turismo, vivi na ilha durante alguns meses, pude conhecer pessoas e convivendo com elas no dia a dia perceber a dureza de sua realidade.

"Embora o aspecto seja paradisíaco, há muita miséria neste país. A pior de todas é a miséria moral, a cultura da mentira, mas isso o turista não percebe...

"Meu marido era diplomata e foi servir em Cuba. Eu incentivei a escolha, principalmente em razão do nosso filho que estava para nascer, pensando que nada lhe faltaria: teria os alimentos básicos, vacina, um bom pediatra... era isso que importava, não estava preocupada com pequenos confortos supérfluos e acreditava piamente que não passaria nenhum tipo de necessidade.

"Doce ilusão...

"Não consegui as vacinas para o bebê, tive de pedir a amigos que as trouxessem do Brasil, embora Cuba exporte vacina. Como entender, se lá estão sempre em falta?

"Descobri que em Cuba você não tem empregados, todos os trabalhadores são funcionários públicos. Você contrata uma empresa (Cubalse), paga dez vezes o valor que é repassado ao trabalhador (explorado). Logicamente contratei uma babá no mercado negro. Pagava a ela US$ 100,00, o que era uma verdadeira fortuna em termos cubanos, uma vez que esta senhora era enfermeira formada e recebia US$ 10,00 de aposentadoria e o marido, médico, outros US$ 15,00.

"A família estava numa tal situação de penúria que um dia vi que ela recolheu do lixo umas peles de frango que eu havia jogado fora, com aquilo ela pretendia fazer uma canja e estava satisfeitíssima.

"Além dessa senhora eu tinha também uma empregada que fazia o serviço de casa, a situação desta outra era bem melhor que a da babá, pois o marido trabalhava num bar e ganhava gorjetas em dólares. Esse é outro problema de Cuba, os jovens estão desistindo de estudar, pois vale mais a pena trabalhar com turistas, onde podem receber um pouco mais.

"Tratar a todos de forma igual nem sempre é justo, muitas vezes beneficia o preguiçoso. Assim eu me sentia quando ia a uma das feiras. Havia muito pouco que comprar, e em moeda cubana nada era barato. Oras, se o agricultor colher vinte cebolas, receberá por elas US$ 5,00; se colher duzentas receberá US$ 5,00, se colher duas mil, seu prêmio será o mesmo. Solução: comida de potinho comprada no Diplomercado.

"Não me pergunte o que as crianças cubanas comem, não consegui descobrir.

"O que me deixava louca era a forma com eles mentiam. No prédio onde eu morava, quando aluguei o apartamento me garantiram que não havia nenhum problema com o abastecimento de água. Ocorreu que, pelo menos três vezes por semana, não havia água nas torneiras.

"Fui pedir a um administrador do prédio que me avisasse um pouco antes para que pudesse armazenar um pouco de água ou me programar de forma que não me pegasse desprevenida. Ele me olhou, sorriu e disse: "Neste prédio nunca falta água". Tentei argumentar, ele respondeu categoricamente a mesma coisa. Entendi o recado... e era o mesmo que a tv noticiava todos os dias: Cuba era a ilha da fantasia, nada de ruim acontecia lá... Fidel distribuía diplominhas de alfabetização e na reportagem seguinte, de forma muito didática, apareciam crianças brasileiras com os dedos decepados pelo trabalho...

"Toda a miséria de Cuba é culpa do Embargo. É ele quem mantém Fidel no poder, porque os cubanos acreditam nisso e não vêem que nada produzem, além de cana-de-açúcar (rum), em uma quantidade que para nós é insignificante, e charutos. O resto chega por navios ou não chega.

"O controle da população é incrivelmente eficaz. Fidel institucionalizou a fofoca. Em cada quadra existe um CDR (Dentro de Defesa da Revolução) onde vizinhos se reúnem para proteger o regime. Lembro-me que certa vez meu esposo emprestou um livro de poesias a um garagista do prédio... o rapaz foi visto lendo o livro e foi inquirido se as poesias eram marxistas ou anti-marxistas. Os bons comunistas têm algumas regalias, os melhores empregos, os melhores colégios para os filhos e outras vantagens. Os que não concordam acabam por ser punidos, de uma forma ou de outra, além disso muita gente continua morrendo "comida por tubarões".

"Apesar de todas as dificuldades, eu não pensava em voltar ao Brasil, mas tive de retornar muito precocemente e sem o meu esposo, que faleceu vítima de um erro de diagnóstico, aos trinta anos. Ele sofreu um típico infarto em casa (não sou médica, mas todos os sintomas eram de infarto) e eu corri ao Hospital Cardiovascular de Havana, onde me disseram que meu marido estava bem (fui tratada como louca) e, depois de deixá-lo esperando sentando num banco por pelo menos duas horas sem socorro, ignorado pelos médicos, pedi que lhe dessem alta, pois via que a situação estava se agravando. Ao chegar ao carro ele começou a ter convulsões, e eu fui correndo chamar o médico, que, com muita má vontade, chegou na janela do carro e disse a ele que respirasse devagar. Inconformada e desesperada, levei-o imediatamente para a Clínica Cira Garcia, onde o primeiro diagnóstico foi hipoglicemia, depois me disseram que na verdade ele estava tendo uma embolia pulmonar, mas que o caso era simples, embora necessitasse de uma UTI. Transferiram meu marido para o terceiro hospital, Hermanos Almejeras, lá o médico veio conversar comigo, confirmou o diagnóstico de embolia pulmonar e me disse que ficasse calma, pois ele estaria bem e em poucos minutos eu poderia vê-lo... Não houve tempo: ele faleceu antes disso. Uma semana depois recebo o atestado de óbito com o laudo do exame necrológico: Infarto agudo do miocardio. Não creio que seja necessário descrever toda a minha dor, mas a minha revolta, esta sim, sempre fiz questão de revelar, pois após todo esse episódio escrevi uma carta ao Ministério da Saúde de Cuba, denunciando principalmente a maneira desumana como meu marido foi tratado no Hospital Cardiovascular. Fiz isso não por mim, nem por meu marido, mas por todos os cubanos, que não podem nem reclamar. Obtive uma resposta cínica onde simplesmente me disseram que a demora no atendimento não tinha nexo com o falecimento do Marcus.

"Não houve realmente demora, o que faltou foi diagnóstico e dignidade. O preço que paguei por acreditar em Cuba foi alto demais. Por isso, mais que testemunha, sou vítima e infelizmente não sou a única. Não sei qual o futuro de Cuba, nada tenho contra Fidel, amo esse povo oprimido, que soube ser solidário comigo na minha dor, mas não creio que a situação possa se manter por muito tempo. quarenta anos é demais e se o povo estivesse satisfeito não haveria necessidade de censura. Estou certa de que as coisas vão mudar, apenas não sei se vão melhorar ou piorar.

"Parabéns pela coragem de publicar esse artigo, estou certa que vai desagradar a muita gente que usa essa imagem mentirosa que Cuba procura vender (e investe muito em propaganda) de país modelo de educação (sem ter lápis, livros ou papel) e saúde pública.

30 Jan 2001

Giselle Gil".

* tony Pacheco é economista, jornalista, radialista e psicanalista e daria um tiro no coco se tivesse que viver num país como Cuba. 

P.S.: veja com seus próprios olhos (sic), o ESPAÇO que a mídia dará a Yoani Sanchez e você CONFIRMARÁ o que eu disse neste post: os coleguinhas amam os irmãos Castro como os evangélicos amam a Bíblia. É questão religiosa. Quem falar contra recebe A PUNIÇÃO DIVINA.


3 comentários:

  1. os protocomunistas brasileiros vao ficar muito putos. Muito muto muito.

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  2. Esta moça, a blogueira, anda em péssimas companhias, uns caras do Instituto Milennium, um reduto da extrema direita, que abriga gente como Demétrio Magnoli, Ives Gandra, da OPUS DEI, e quejandos. Tutti buona gente, inimiga da esquerda e da distribuição de renda, amigos do peito de torturadores e de ditadores...

    A SIP - Sociedade Interamaricana de Imprensa -, outro reduto da extrema direita, apoia e alavanca a carreira desta blogueira. Anote-se que esta direita dona dos meios de comunicação é da braba, a golpista, aquela que mente diturnamente, calunia e difama a esquerda, chama ditadura de "ditabranda" como fez o jornal FOLHA DESÃO PAULO e o grupo dono de O CLARIN, jornal que apoiou a ditadura (1976-1983) que matou 30.000 na Argetina e usando da ditadura se apropriou de uma fábrica de papel.

    Esta carta a OLAVO DE CARVALHO, outro pinta-brava da extrema direita, é suspeita, pois os fatos narrados colidem com os dados divulgados por organizações insuspeitas como a ONU sobre a qualidade de vida e distribuição de renda em Cuba, principalmente os serviços médicos.

    Como não tenho como checar os fatos narrados nesta carta suspeita a um conhecido indivíduo da extrema direita como OLAVO DE CARVALHO deixo em suspenso um juízo sobre a veracidade dos fatos. Jornalistas apuram fatos, checam tudo, não querem comprar gato por lebre e este é também meu caso...

    Enfim, olho com suspeição quem serve ao Tio Sam, que não quer ver o bem de seus concorrentes, fortalecimento do mercado interno e educação da população dos paises que fazem parte de seu quintal, como soe acontecer em Cuba DESDE 1959 e agora começa no Brasil.




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  3. Até entendo, em parte, o anti-americanismo presente em nosso país, tendo em vista, inclusive, o escândalo do ex-agente da CIA ao revelar ao mundo a hipocrisia americana. Entendo também que o capitalismo não seja a forma de modelo econômico mais justa, longe de ser perfeita. Mas tentar tirar a confiabilidade de uma pessoa só por ela viver em meio, ganhar a vida no modo capitalista de ser, é, no mínimo, sinal de desespero. Não conheço muito do trabalho desta mulher Yoani Sanchez, mas ao saber que ela era "calada" em Cuba, comecei a acreditar em tudo que ela escreve. Porque, como ocorreu aqui no Brasil na época da DITADURA, todos que falassem contra o governo, ou não seguissem a cartilha do governo, eram calados de um jeito ou de outro. Dessa forma, fica difícil ter a melhor idéia de uma situação, quando os relatos são feitos apenas por um dos lados, produzidos por apenas um dos lados. Caso eu realmente tivesse vivenciado tudo pelo que passou ou pode ter passado esta mulher, também procuraria companhia de quem tem ojeriza por aquele outro mundo.

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