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domingo, 15 de julho de 2012

Educação





Ricardo Líper

Vamos deixar de lero lero e tentar passar manteiga em focinho de cachorro. A coisa é simples: o professor de colégios e faculdades públicas precisa ganhar dinheiro para se sustentar com um pouco de tranquilidade. Isto é, pagar suas contas e, tendo filhos,  poder mantê-los com alimentação, plano de saúde, livros, filmes, teatros para eles se informarem e poderem disputar, em pé de igualdade, no mercado de trabalho.  Sempre os professores ganharam pouco, principalmente, neste infeliz país. Entretanto, pouco tempo atrás ser professor do Colégio da Bahia ou I.C.E.I.A ou do Severino Vieira era considerado uma boa coisa. Eles eram reconhecidos pela sociedade, seus nomes circulavam com semelhança aos nomes de celebridades. Por que? Porque eles recebiam um salário que os podia manter e às suas famílias. Daí serem preparados, informados, tranquilos para exercer e expressar uma personalidade que cativava os alunos e os fazia serem disciplinados, atentos, querendo ser, muitas vezes, como os mestres. As escolas particulares, mesmo as católicas, vinham sempre muito atrás. O Central, isto é, o Colégio da Bahia, era o centro de tudo. Nele estudaram os melhores cérebros e muitos se destacaram na sociedade em vários campos do conhecimento. Entretanto, aí vieram governos que diminuíram os salários, desvalorizaram os professores, esculhambaram com tudo destruindo as escolas do segundo grau o que permitiu aos empresários, se dizendo educadores, criarem escolas pagas que nunca chegaram nem da seriedade dos colégios públicos citados. E agora chegou-se ao caos. Eu não vejo nenhuma possibilidade de voltar ao que era. A educação pública de segundo grau em Salvador acabou. Não tem volta possível. E o tiro final foi dado pelos herdeiros da direita oficial do país. O mesmo está ocorrendo como as faculdades públicas que, à semelhança dos antigos colégios do governo, ainda são as únicas referências de fato do ensino universitário do país. Mas estamos vendo, dia a dia, um esforço das autoridades constituídas, para destruí-las começando pelo congelamento   dos salários dos professores, muita burocracia para se mudar de posição na carreira, enfim, movimento constante para fazer o que fizeram com o ensino do segundo grau. É curioso que essas manobras estão sendo feitas  não mais pelas oligarquias que começaram a destruição da educação nesse país, mas por um governo que se diz não semelhante aos anteriores. E aí cabe a pergunta: em quê as novas elites são diferente das oligarquias predadoras do ancien régime?

Um comentário:

  1. Excelente professor. Disse tudo.

    Maristela, Col. Teixeira de Freitas

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