A declaração de Dilma. Desculpe lhe chamar assim e reconheço e respeito sua autoridade. Estou me dirigindo à Presidenta eleita pelo povo democraticamente no meu País. A declaração que foi feita, ontem, leva-me a dar à presidenta em exercício no meu país um voto de confiança.
Gostei muito que garantisse a democracia. Chamou ao Palácio, para dialogar, os descontentes. Tomou medidas imediatas. Posso estar sendo ingênuo, mas acreditei que foi uma coisa sincera. Peço que o faça com urgência urgentíssima, o diálogo com os manifestantes. Peço que desculpe minha ousadia de lhe pedir alguma coisa pessoalmente, que ceda onde puder. Ceder em alguns momentos é sintoma de força e reconheça que tem muita coisa que irritaria até a senhora mesma se vivenciasse. O senhora aqui é em respeito à sua posição política. Claro que nada tem a ver com a idade. Verifique, puna a quinta coluna de acordo com a lei, que boicota, muitas vezes, seu governo. Os pequenos funcionários, os corruptos, não só no topo do poder, mas distribuídos pela rede social que irrita o povo, que o faz, cara a cara, sofrer. Esses meninos que estão nas ruas sofrem diariamente com isso. Eu presencio. Vi que concordaram em baixar a tarifa dos ônibus. Foi sensato. Enfim, por isso e ao que me parece ser uma tentativa de manter o diálogo democrático sem a força, me faz dar esse voto de confiança. Eu não sou irracional nem tenho raiva ou sou movido por ela. Eu quero é a democracia na qual os pobres tenham alguma chance de sair da miséria. Quem contribui para isso eu apoio, quem entrava, eu sou contra. Simples. Chegou a hora de presenciarmos qual é a posição de quem nos governa.
A sua serenidade e responsabilidade e, principalmente, chamar para o diálogo com os manifestantes de forma democrática merece meu voto de confiança. Não acredito nos políticos em volta. Mas vamos lá. O momento pede tudo que você vai fazer. Posso discordar? Foi boa sua explicação sobre como foram feitos os estádios para receber a Copa do Mundo. Mas eu não pisarei em nenhum deles e é lamentável ficar em quase cárcere privado, como hoje, porque vai ter um jogo em um desses estádios. Mas, como se tivéssemos conversando em uma mesa de um bar, outra irreverência, após uma manifestação contra a ditadura militar: a gente discorda em pequenas coisas mas concordamos nas maiores. Seja ágil o mais que puder. Não precisamos de uma tempestade maior do que as que estão ocorrendo. Me permita, com suas atitudes, fazer campanha e votar, claro, na sua reeleição. Espero que em outras instâncias do processo as formas insensatas da homofobia sejam barradas para que o nosso país não seja alvo de deboche no mundo todo. Você não merece que isso ocorra no seu governo. Já que é para todos serem ouvidos, me senti no direito de me manifestar. Nunca vou lhe abraçar pessoalmente porque a senhora é uma autoridade e uma celebridade. Mas lhe mando um grande abraço e força nessa hora. Segure o leme sem perder o rumo e sem ser levada a fazer, com os opositores, o que a ditadura fez conosco. Só discordamos em detalhes sem importância. O que importa é a democracia que a senhora garantiu com a liberdade de imprensa. Não fez presos políticos até agora com os manifestantes, que eu saiba, e chamou os descontentes para um diálogo. Logo, Dilma, não posso ser contra você. Consertemos este país, que é o que todos nós queremos.
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