JORNAL COMENTADO
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6:44
– 26.06.2013 – Quarta-feira
TonY
PachecO*
Brasil
e Turquia estão desmontando a teoria tão aceita de que países em ascensão
econômica levam seus povos a apoiarem seus governos incondicionalmente. As
praças turcas e as ruas brasileiras estão mostrando o contrário.
Nações
são como pessoas, não vivem sem liberdade e também não vivem sem auto-respeito, a tão falada auto-estima.
No Brasil, tal como o paciente que se sente humilhado, espezinhado e não
consegue reagir, o movimento das ruas de junho de 2013 é um NÃO claro e sonoro
à continuidade dos governos instalados no País, que insistem no “a priori” de
que o povo é idiota e que qualquer esmola que se dê ao povo pode-se exigir dele
OBEDIÊNCIA CEGA. Nos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e da dupla
Lula e Dilma (PT), este sentimento da CRUELDADE DO ESTADO E DOS GRUPOS
DOMINANTES para com a população se tornou explosivo. Da parte de Brasília só
vem PROPAGANDA de que vivemos no melhor dos mundos, que o Brasil está
disputando com Inglaterra e França a posição de terceira maior economia do
Ocidente, mas ao botar o pé na rua de manhã, o brasileiro afunda o tênis no
esgoto a céu aberto. Pula daqui e pula de lá, chega ao ponto de ônibus para ver
um calhambeque com mais de 10 anos de uso chegar lotado ou ficar no seu carro pequeno engarrafado em ruas estreitas e esburacadas. Em metrópoles como São Paulo, Rio,
Salvador, os trabalhadores ficam entre 5 e 6 horas dentro dos ônibus fétidos,
feios, sem higiene, lotadíssimos. Ao final, uma passagem caríssima, calculada
em reuniões sem nenhuma transparência entre os donos dos ônibus e os políticos,
com a sempre generosa colaboração da imprensa, que NADA QUESTIONA. “A economia
vai bem”, diz o governo, mas a mulher e o homem que chefiam famílias só vêm seu
endividamento aumentar, todos os produtos (alimentícios ou não) nos
supermercados subindo a cada mês e qualquer objeto a ser comprado, tem que ser
pago no CREDIÁRIO. Assim, do tênis do menino de 200 reais ao celular moderno da
menina do mesmo preço, tudo tem que ser pago em 10 ou 12 prestações, tornando a
população escrava de um sistema financeiro que a impede de equilibrar suas
contas no fim do mês. E todos respondem nas ruas ao cumprimento “Tudo bem
contigo?”, com um revoltado e depressivo “Tá bom, mas tá ruim”. O tá bom é por
conta da mensagem do governo de que a economia vai bem e que o Brasil já chegou
ao futuro de glória. O tá ruim é por conta da realidade familiar que,
mergulhada em dívidas, insiste em desmentir o governo. E não se pode sair nas
ruas à noite. O medo de ser assassinado no Brasil é epidêmico. Quase 90% dos
brasileiros têm medo de ser mortos de maneira violenta nas ruas. E não é pra
menos. Os assassinatos aqui são 26 a cada 100 mil habitantes, quando a ONU diz
que a partir de 10 por 100 mil, já é doença social. A Educação está aos
frangalhos, pois a escola particular, que se tornou uma saída com a melhoria do
nível de renda, tornou-se UMA FARSA, pois os estudantes ficam sempre na rabeira
de todas as pesquisas de proficiência internacionais. Temos universitários
FORMADOS COMO FORNADAS em faculdades que são fábricas de diploma. E diplomas
que não servem para melhorar a vida dos diplomados pois estes nada aprenderam
de relevante. Aí temos advogados atendendo em balcões de lojas de tecido...
Este é o Brasil que as pessoas estão CANSADAS, verdadeiramente de saco cheio e
é isso que explodiu nas ruas e, agora, mais do que nunca, os brasileiros
notaram que seus governantes SÃO INCOMPETENTES. Sequer sabem dar uma resposta
efetiva às reclamações das ruas. O jovem que foi recebido pela presidente Dilma
para conversar sobre a revolta das ruas saiu desanimado, pois constatou que o
governo não compreende nem responde bem às questões reais do País. Claro, o
governo vive na imagem do País que é feita na sua propaganda oficial por
marqueteiros profissionais (muitos deles baianos, justamente de um dos estados
mais pobres do Brasil) que compram ilhas para si próprios enquanto o povo não
tem dinheiro para ter um celular de conta, é tudo no pré-pago.
Na
Turquia, a luta é por liberdade, pura e simples, sem nenhum enfeite. Os jovens
querem voltar no tempo. No tempo do fundador da República Turca moderna.
Mustafa Kemal Ataturk, em 1923 (aos joviais 42 anos de idade) fundou um Estado
que, até a sua morte, em 1938, lutou CONTRA OS RELIGIOSOS ISLÂMICOS, adotando
as roupas ocidentais, o direito das mulheres, o direito à escolha religiosa, a
educação laica, a democracia política. Tudo isso começou a desmoronar em 2002,
há 11 anos, quando, justamente, a Turquia começou a crescer economicamente. É o
mesmo discurso: “A economia vai bem”. Sim, os turcos têm acesso a mais
brinquedos tecnológicos, há mais comida industrializada que os faz ficar gordos
iguais aos brasileiros, mas o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, que manda
no país há 11 anos, aproveita o bom momento econômico para REINSTALAR O CLERO
MUÇULMANO no poder, perseguindo as mulheres, que hoje voltam a ser obrigadas a
usar véus; tentando proibir o uso de álcool através de medidas permanentes de
controle social; encarceramento de jornalistas que denunciam tudo isso (a
Turquia é o país que tem mais jornalistas presos no mundo). Enfim, Erdogan tenta
ser um novo califa do islamismo sunita, reeditando um costume que Ataturk
quebrou no início do século passado, quando fechou as escolas islâmicas em seu
país e colocou a Turquia entre as nações ocidentais democráticas. Erdogan é a
tentativa de ressuscitar uma Turquia Otomana, aquela que foi derrotada na
Primeira Guerra Mundial e cujos domínios iam das imediações de Viena, na
Áustria, até os confins da África e às portas da Índia. É um líder islamita que
quer controlar o seu povo, dizer a ele o que come e o que bebe, o que deve
pensar e o que deve falar, e o povo turco também está ficando de saco cheio e
não está disposto a trocar sua liberdade por um prato de comida. De mais a
mais, os anos de democracia vividos pelos turcos, os aproximaram do modo de
vida ocidental, com milhões de turcos vivendo na Alemanha e outros países
europeus e sentem na pele o PRECONCEITO dos europeus, justamente, por causa da
sempre ameaçadora religião islâmica, que tenta voltar ao poder na Turquia. E é
por isso, que Alemanha e França sempre vetam a entrada do país na União
Europeia desde 1987, o que levaria os turcos a um novo patamar histórico de
desenvolvimento. Alemães e franceses sabem que há sempre um Erdogan nas
esquinas de Istambul e Ancara, pronto para criar um regime islâmico que pode
ameaçar toda a Europa e é por isso que os jovens turcos querem escorraçar
Erdogan e seu islamismo oportunista e personalista.
A
sorte está lançada. Ninguém consegue vislumbrar até onde irá a determinação
destes dois povos, brasileiro e turco, mas, um recado já deram e só os
oligofrênicos no poder ainda não entenderam: NINGUÉM ESTÁ SATISFEITO, NEM NA
TURQUIA NEM NO BRASIL. Se não mudar agora pacificamente, vai mudar lá na frente
violentamente.
“Propagandas
dos governos federal, estaduais e municipais”
(em
todos os canais de TV, rádios, revistas, jornais, sites e blogs)
Baseado
na ortodoxia freudiana, defendo que a oligofrenia (defeito no cérebro que
impede o aprendizado com a experiência vivida) é uma epidemia na nossa espécie
e parece ficar a cada dia pior. Falo isso diante da reação dos governantes diante do movimento das ruas no
Brasil. O povo JÁ DEIXOU CLARO que NÃO ACREDITA mais nos políticos, daí
impedirem, sempre, qualquer bandeira de partidos em suas manifestações.
Se
houvesse um mínimo de inteligência entre os políticos, eles passariam a OUVIR
MAIS A POPULAÇÃO e FALAR MENOS. Mas o que notei nestes últimos dias de revolta
dos brasileiros? AUMENTOU O NÚMERO DE PROPAGANDAS em todos os meios de
comunicação. O governo federal dizendo que está fazendo e acontecendo. O
governo da Bahia dizendo que está combatendo a seca. O governo de Salvador
apresentando projetos para solucionar tudo. TUDO MENTIRA. Sr. Lula e D. Dilma
estão enrolando com uma transposição do Rio São Francisco que não acaba nunca. Os
canteiros de obra da transposição estão tomados pelo mato. O governo baiano
continua falando em Ferrovia Oeste-Leste e Porto Sul, de Ilhéus, quando se sabe
que nada está sendo feito e, o pior, o que está pronto, como o Parque Eólico do
sudoeste, NÃO TEM LINHAS DE TRANSMISSÃO, isto é, a energia é gerada mas não
chega nem na minha nem na sua casa. E o nosso pequeno prefeito falando em
calçadões maravilhosos quando não conseguiu em QUATRO MESES DE ESTIAGEM TOTAL
(janeiro, fevereiro, março e abril não choveu em Salvador) consertar o asfalto
da cidade. Ou seja, quem não asfalta rua quer construir calçadões quilométricos
no estilo Copenhague e Amsterdam, ora me deixem!
Senhora
governante, senhor governador, senhor prefeito, SUSPENDAM SUAS PROPAGANDAS.
Elas estão sendo motivo de PIADA e ÓDIO pela população.
Não acreditem em seus
marqueteiros neste momento. Enquanto eles ganham rios de dinheiro, os senhores
estão perdendo mares de popularidade.
Embora eu saiba que este conselho não
será ouvido (por causa da oligofrenia que falei antes, mas não custa tentar).
“Gilberto
Gil comemora hoje 71 anos”
(“Correio”)
Durante
mais um show morno de Gilberto Gil no Terreiro de Jesus, um fã perguntou a ele sobre o movimento “Vem
pra Rua” que incendeia o Brasil há semanas. Não podia ter errado melhor o alvo.
Gil, como a maioria dos artistas, tem um ego gigantesco e só está interessado
em si mesmo. Ele respondeu que “já corri muito da Polícia, agora é a vez de
vocês”. A biografia dele não diz exatamente isso. Isto é a resposta de quem não
tem resposta ou de quem não quer dar resposta nenhuma. Não ter posição a
respeito do movimento único que acontece nos 513 anos de História do Brasil é, realmente,
estar totalmente fora da realidade. É egodistonia. Tudo a ver.
* tonY Pacheco é jornalista-radialista profissional e estudou também Economia e Psicanálise, o que não garante que aprendeu alguma coisa...
digno do velho e bom jornal do brasil dos meus tempos.
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