Campo de extermínio de Auschwitz
Ricardo Líper
A minha posição sobre o metafísico é de dúvida. Será que existe mesmo
algo além do puramente material? Contento-me com a frase: eu não acredito
em bruxas, mas que elas existem, existem. Nesse ponto eu sou agnóstico,
isto é, nem afirmo nem nego, pesquiso até, sou curioso, não me nego a ler,
observar e, se não faz mal, tomo algumas precauções e sigo alguns conselhos de
pessoas mais entendidas no metafísico do que eu. Sempre fui humilde quanto ao
conhecimento. Tenho certezas mais firmes, mas não aceito nem rejeito, sem uma pesquisa mais
detalhada, a opinião dos outros, por mais bizarras que possam me parecer à
primeira vista. Assim sendo, vamos falar de duas coisas hoje: por um lado, da
parte metafísica e da outra, sob o ponto de vista da estética. Vamos analisar como o Mal pode se inserir
na estética. A nossa cidade tem passado por uma série de assassinatos, isso já é
noticiário constante e todo mundo sabe. A morte de um ser humano por outro,
seja qual for o pretexto, é um dos crimes de maior violência em todos os tempos
e povos. Ou, pelo menos, nos povos que formaram nossas tradições, é uma
maldição. Segundo o Dicionário da Bíblia de Almeida a maldição é um
chamamento do Mal, sofrimento ou desgraça sobre alguém ou alguma coisa que
passa a ser maldito.
Trata-se,
portanto, de uma ação do Maligno sobre uma vida, situação ou local; cuja
legalidade da ação pode ser através da família (tb. chamada hereditária), por
meio de palavras proferidas ou ainda por meio de auto-declarações.[1]
Em minha opinião e nos sentimentos
que brotam do que vou narrar, os locais onde foram cometidos crimes violentos, como na Praça 2 de Julho, em Salvador, chamado pelo povo de Campo Grande, com o assassinato do nosso aluno da Universidade Federal
da Bahia, ficou amaldiçoado. Não só o local, mas todos os envolvidos e também
os profissionais do poder que não tomaram as medidas necessárias para que isso
não pudesse ocorrer. Acho que para uma pessoa que não é cínica, abrir as
janelas de seu apartamento e ver essa praça amaldiçoada deve ser um
constrangimento. Eu faria tudo para me mudar, o mais rápido possível, se lá
morasse. E despejaria das janelas um pano preto em sinal de luto e repulsa. Para
ver se você me entende: você moraria em uma casa que várias pessoas foram
assassinadas? Ou mesmo em uma casa na
qual, no jardim, aconteceu um crime como o que ocorreu na lagoa dessa praça que, a partir de agora, não pronuncio mais o nome. Passar por ela, quer dizer,
entrar nela, procurarei, ao máximo, não fazê-lo. Acho que pode atrair coisas ruins.
Ela passou a ser um local sinistro e as pessoas que lá moram, por melhores que sejam,
moram em um local sinistro e eu as temo. A estética confirma isso. Quando
ocorre algo tão terrível como ocorreu esse assassinato nessa praça maldita, o
local fica também esteticamente amaldiçoado. As pessoas o temem. Se sentem mal ao
relembrar o que ocorreu. Já outros, onde
os seres humanos foram felizes, respeitados, só ocorreram coisas boas, parece, a
todos nós ou é a verdade, que a bondade, a luminosidade do bem cola nas coisas.
Você compraria uma faca de um serial killer para ter em sua casa como decoração? É isso que estou falando. A arte usa a
imaginação e a imaginação, muitas vezes, é uma maneira pela qual a verdade se
revela. Os objetos usados, vamos dizer, pela nossa imaginação, ficam tatuados pelos seus donos assim como os prédios, as ruas, as cidades. Eu não gostaria de ser nenhum daqueles que com sua ausência, falta de
visão, não se responsabilizaram para dar a segurança a todos nesse infeliz País. Nossa cidade está virando uma cidade de lugares cada vez mais amaldiçoados. A maldição, por mais que rezem, do
sangue dos inocentes que jorraram pela negligência dos profissionais do poder, os deverá atingir. Repare o fim dos
carrascos, que na sua maioria, viveram mal, atormentados e muitos morreram de
morte trágica. Mussolini e Hitler são exemplos entre milhares. Por via das dúvidas, em locais amaldiçoados eu evito passar. Não gosto de locais onde o sofrimento foi
a regra. Gosto de locais onde se cantou, onde as pessoas estavam felizes, solidárias,
onde a energia positiva de todos se unia sem diferenças de cor, tamanho e essas
centenas de diversidades que o ser humano apresenta. Mas a essência das pessoas é serem todos humanos: gostam de carinho, sorrisos, querem viver mais um pouco, e quando
felizes, riem, cantam e dançam. Sim, isso é ser humano, e o que Cristo disse: amai a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. E tudo que não for
isso, no meu entender, é maldição. Todos, que como já disse, mesmo usando o seu
nome em vão, com sua avidez pelo poder e a ganância pelo dinheiro, fizerem o
contrário, vão ter de enfrentar a maldição. A avidez pelo poder para o
enriquecimento pessoal e de equipes associadas é o oitavo pecado capital. E pessoas malditas fazem mal até se olhadas em fotos, dizem alguns. A vida tem uma limitação de tempo, é melhor olhar para a foto de Doris Day, Madonna, Cesárea Évora, Ella Fitzgerald, Daniela Mercury, Vanessa Redgrave... ou de Hitler? O que lhe faz se sentir melhor? Ou caso a Polônia construísse, no local do campo de concentração Auschwitz, apartamentos de luxo e baratos, você moraria lá?
[1] http://www.montesiao.pro.br/estudos/libertacao/7semanas/estudo_maldicao.html em 27 de abril de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário