JORNAL COMENTADO 84
toNY paCHeco*
08.04.2013 – 6:15 – Segunda-feira
“O teatro
da guerra”
(revista “Veja”)
“China faz
alerta à Coreia do Norte”
(“Correio”)
Você não precisa ser analista internacional para entender: olhe bem este mapa. A China, que quer ser a maior potência mundial antes de 2025, pode ter um país poderoso militar e economicamente como uma COREIA REUNIFICADA bem nas portas de Pequim/Beijing?
"Veja" esquece (sic) dois pontos fundamentais na análise da crise coreana e o "Correio" me faz lembrar que quando fui editor de Política Internacional na "Tribuna da Bahia", meus chefes Paulo Sampaio e Alex Ferraz determinavam que eu escrevesse sempre artigos de 15, 20 linhas no máximo, explicando aos leitores o que estava por trás das notícias publicadas, como a derrubada de Somoza, na Nicarágua, e do xá Pahlevi, no Irã e a ascensão dos aiatolás de toalha-na-cabeça. Hoje em dia os jornais só fazem publicar o que as agências mandam...
A revista “Veja”
tentou fazer um relato didático e definitivo sobre o que está ocorrendo na
Coreia da Norte, mas esqueceu alguns pontos significativos que invalidam, em
parte, sua análise:
1) o
principal dos pontos é "Veja" dizer que a China ESTÁ CONTRA A COREIA. Pelo contrário, os chineses, como sempre agem em sua diplomacia,
fazem um “jogo de sombras”. Votaram na ONU a favor das sanções contra o governo
do jovem Kim Jong-un para consumo internacional, pois são uma potência econômica capitalista que negocia com o Ocidente e precisa do Ocidente para ganhar mais, mas continuam sendo os abastecedores de tudo o que os
coreanos do norte consomem: de trigo até alta tecnologia. A Coreia do Norte
foi, até 1991, quando a União Soviética desintegrou-se, uma “colônia informal”
da Rússia. Com o colapso do regime marxista soviético, a Coreia do Norte ficou órfã
e se apegou à China Comunista como única tábua de salvação. A Coreia do Norte é apenas uma marionete chinesa. Nada mais que isso.
Desde 1991, Pequim/Beijing não mais abandonou seu aliado (a família dos Kim – Kim il-sung, Kim Jong-il e, agora, desde 2011, Kim Jong-un), pois NÃO INTERESSA À CHINA, EM HIPÓTESE ALGUMA, UMA COREIA UNIDA E PACÍFICA. Os chineses já têm o Japão como fortíssimo concorrente na área econômica. O que menos precisam é de uma Coreia reunida (Norte e Sul), que teria uma economia arrasadora e, ao mesmo tempo, um arsenal nuclear. Se a tecnologia atômica do Norte se juntar ao poderio econômico do Sul (a DÉCIMA QUARTA MAIOR ECONOMIA DO MUNDO, segundo o Banco Mundial), a China teria um adversário econômico e um inimigo militar histórico bem na sua porta dos fundos, pois a Península Coreana está muito próxima de Pequim e dos outros grandes centros econômicos da China.
Desde 1991, Pequim/Beijing não mais abandonou seu aliado (a família dos Kim – Kim il-sung, Kim Jong-il e, agora, desde 2011, Kim Jong-un), pois NÃO INTERESSA À CHINA, EM HIPÓTESE ALGUMA, UMA COREIA UNIDA E PACÍFICA. Os chineses já têm o Japão como fortíssimo concorrente na área econômica. O que menos precisam é de uma Coreia reunida (Norte e Sul), que teria uma economia arrasadora e, ao mesmo tempo, um arsenal nuclear. Se a tecnologia atômica do Norte se juntar ao poderio econômico do Sul (a DÉCIMA QUARTA MAIOR ECONOMIA DO MUNDO, segundo o Banco Mundial), a China teria um adversário econômico e um inimigo militar histórico bem na sua porta dos fundos, pois a Península Coreana está muito próxima de Pequim e dos outros grandes centros econômicos da China.
Uma Coreia
unida teria 220 mil quilômetros quadrados (meia Bahia, quer dizer, um país
enorme) e 75 milhões de habitantes. Seria, sem dúvida alguma, em pouquíssimo
tempo, um dos 10 mais poderosos países do mundo e, ao contrário de Japão e
Brasil (fortes economicamente, mas DOIS NADAS em termos militares), seria
membro AUTOMÁTICO do Conselho de Segurança das Nações Unidas pelo seu poderio
nuclear (livrando-se, claro, na reunificação, da monarquia stalinista dos Kim).
ISSO A
CHINA NÃO ADMITE. Por isso, a China apóia incondicionalmente o regime monárquico
stalinista dos Kim e se finge que está “irritada”, SÓ está fingindo mesmo;
2) “Veja”
também não fala em nenhum instante da PROVOCAÇÃO do presidente Barack Obama ao
presidente Kim Jong-un (um molecão de apenas 30 anos que assumiu o poder há
somente dois). Obama sofre uma pressão interna nos EUA, desde o primeiro
mandato, pois é tido pelos “falcões” do sistema industrial-militar como “frouxo”
e, por isso, precisa dar demonstrações periódicas de que não é o que é. Resolveu
fazer nestes meses de março e abril de 2013, MANOBRAS MILITARES CONJUNTAS com a
Coreia do Sul na Península Coreana num momento em que o “molecão” da Coreia do
Norte está em pleno trabalho de CONSTRUÇÃO DE SUA LIDERANÇA. Kim Jong-un foi
educado na Suíça, não é um ignorante como seu pai Kim Jong-il e seu avô Kim
il-Sung. Ele é visto com desconfiança pelos militares norte-coreanos, que temem
que ele não consiga manter o país sob as rédeas da ditadura instaurada ali em
1948. As manobras que estão sendo feitas por Obama NESTE MOMENTO, formam um
DESAFIO À JOVEM LIDERANÇA DE JONG-UN e ele teve que demonstrar que é “doido”
igual seu avô e seu pai e, aí, está fazendo estas ameaças nucleares para
CONSUMO INTERNO. Ele e o resto do mundo SABEM que ele não tem poder atômico para
atacar os EUA, mas os norte-coreanos estão engolindo as bravatas, pois a mídia
em Pyongyang é toda controlada pela ditadura local, não existe revista "Veja" lá... O ex-presidente Bill
Clinton, dos EUA, muito mais experiente que Obama, certa vez suspendeu as
manobras conjuntas com a Coreia do Sul só pra não colocar mais lenha naquela
fogueira que é o Extremo Oriente. Então, os EUA estão colhendo, neste momento, o que plantaram. Bem-feito!
* tonY Pacheco é jornalista (DRT 966-BA) e foi editor Internacional da "Tribuna da Bahia" e autor de artigos sobre política internacional no jornal alternativo "O Inimigo do Rei".
Sua análise é boa e original, mas acho que culpar os Estados Unidos pelo que tá acontecneod é forçar a barra,porque o que você chama de "molecão" explodiu mais uma bomba em fevereiro.Então, as manobras são uma reação a bomba.
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