POR QUE GANHAMOS TÃO POUCO E TRABALHAMOS TANTO
“Rainha
busca lavador de pratos: salário é de R$46 mil ao ano”
(Correio)
Quer dizer,
o sujeito vai lavar pratos no Reino Unido (viajando entre Inglaterra, Escócia,
Gales e Irlanda do Norte) e ganhará R$3.833,00 por mês, numa jornada de 40 horas
semanais. Já um jornalista de assessoria de imprensa em São Paulo, segundo
tabela divulgada pela Fenaj-Federação Nacional dos Jornalistas, está ganhando
R$2.337,82 por 30 horas semanais. Isto na mais importante cidade brasileira. Já um lavador de pratos, são R$678 mensais, com vários descontos, por 40 horas por semana, ou mais. Imagine em Rio Branco, no Acre...
A singela
notícia veiculada no “Correio” de hoje, nos remete a uma reflexão sobre o que é
país de Primeiro Mundo e o que é país de Terceiro, ou Fim do Mundo, como é o
nosso caso.
O Brasil
tem duas dentre as 15 cidades MAIS CARAS do planeta Terra para se viver e é um
dos que pagam os piores salários. Esta é a diferença fundamental.
Oslo e
Zurique, por exemplo, respectivamente, capital da Noruega e maior centro
financeiro da Suíça, são cidades bem caras para se viver (principalmente no
item alimentação), mas estão no topo das que mais pagam aos seus trabalhadores,
criando, assim, um estado de bem-estar social.
Já Brasil,
China, Índia, Rússia, Indonésia e outras tragédias que nem vale elencar, são
especialistas em “sweatshops”, ou seja, “fábricas de suor”, aqueles locais de
trabalho onde o sujeito é semi-escravo, pois dá sua jornada em troca de pouquíssimos
produtos e serviços, já que tudo é caríssimo. E por que isso se dá? Porque aqui, no Fim do Mundo, há um monopsônio no mercado de trabalho: um empregador poderoso e milhões querendo os empregos que este empregador tem. Não é concorrencial como no Primeiro Mundo.
Um
trabalhador de Zurique, por exemplo, tem que ficar 22 horas à disposição do seu
empregador para comprar um iPhone da Apple. Já um trabalhador de Salvador ou
Belo Horizonte, vai ficar, no mínimo, entre 180 e 200 horas “ralando” para
comprar o mesmo iPhone... Porque em Zurique há centenas de empregadores disputando sua mão-de-obra, já aqui, se você arranjar um empregador, agradeça ao Senhor do Bonfim...
Entre as 15
cidades mais caras do mundo para se viver, São Paulo é a décima segunda e o Rio
de Janeiro é a décima terceira, segundo a consultoria internacional MERCER. Agora, imagine a nossa situação, aqui em
Salvador, que estamos na periferia do capitalismo brasileiro...
O que se
tem chamado de “avanço” do poder de compra dos brasileiros, tão celebrado pelos
atuais detentores do poder central (PT e seus aliados) é, na verdade, apenas a
colocação de migalhas na mesa dos pobres em relação ao que é viver num país de
Primeiro Mundo.
Primeiro
Mundo é você ser um lavador de pratos, ganhar R$3.833 mensais e quando for às
lojas, pagar preços menores que em Salvador, Singapura ou Moscou. Aqui se ganha
pouquíssimo e paga-se mais caro por tudo, de um hambúrguer a um automóvel.
Isto não é
Primeiro nem Terceiro, é Fim de Mundo.
P.S.: e tem
colegas jornalistas que pensam em ir morar na África Portuguesa, pois lá estariam
precisando de jornalistas e se ganharia mais que no Brasil. Pensem bem, só vão
se for para ser assessor do ditador local, jamais para trabalhar para empresas,
pois ao final do dia vocês não terão dinheiro pra comprar um sanduíche, pois
Luanda, por exemplo, em Angola, é a SEGUNDA cidade mais cara do planeta Terra. Em
tudo. E está entre as primeiras nos mais BAIXOS SALÁRIOS. "Be careful whith that axe, Eugene", diria o Pink Floyd.
*Formação acadêmica em Economia, Jornalismo, Radialismo e Psicanálise.
*Formação acadêmica em Economia, Jornalismo, Radialismo e Psicanálise.
E os nossos sindicatos em todo Brasil além de não ter conseguido a volta da obrigatoriedade do diploma, não fazem nenhum movimento pela valorização da profissão. São atrelados ao governo e ficam mudos.
ResponderExcluirleandrokrausbergleal@gmail.com