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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Os artistas paga-pau do Carnaval

ToNy pacheco

No Facebook, Décio Icó me pergunta (e junto com ele uma cacetada de gente), porque as homenagens dos artistas à mídia hoje em dia ( o famoso "paga-pau" na frente dos camarotes) se concentram num jornalista da Rede Bahia e, há dez anos, se concentravam em mim.
Vamos lá. 
Quem começou a falar de música baiana moderna (samba-reggae, axé e pagode) na imprensa de Salvador, SEM ESCULACHAR, foi Béu Machado, saudoso jornalista que bolou com Alex Ferraz e comigo a coluna “Fanzine Bahia”, no caderno dominical de A TARDE, chamado “Lazer&Informação”. A TARDE, naqueles tempos, era quase que discurso único na Bahia, pois, aos domingos, tirava mais de 100 mil exemplares, enquanto que os outros dois jornais, juntos, não chegavam a 10 mil.
Enquanto os outros jornalistas, sempre que se referiam à nova música baiana o faziam de maneira pejorativa, esculhambando uma suposta falta de qualidade (em certo sentido, até que estavam certos...), no “Fanzine Bahia”, Béu, Alex e eu dizíamos que ali estava o futuro da música local. 
Até o termo "axé music" foi criado de forma pejorativa. Meu amigo e competentíssimo intelectual e jornalista Hagamenon Brito, num saque genial, definiu aquele novo tipo de música dos anos 1980 como "axé music", mas, como todo mundo na época, de modo a denunciar a falta de qualidade do novo produto musical.
Logo depois, um dos donos de A TARDE, Sérgio Simões de Mello Leitão, aderiu ao nosso pensamento e mudou a própria programação musical da rádio dele (A Tarde FM), que passou a se chamar 103,9 e deu espaço prioritário a esta nova música baiana e ele se tornou, também, sócio de empreendimentos musicais e carnavalescos.
Nesta fase, já sem Béu, que tinha passado para a luz, porque ele era, mesmo, um ser de luz, Alex, Clécio Max, Marinaldo Mira e eu pensamos em ampliar a cobertura de música baiana na mídia. Juntei-me a Luciana Dias, que tinha um programa na TV Band (o “7 +  7”), e passei a falar diariamente em axé e pagode na televisão. E, no rádio, montamos um programa na Itaparica FM, pois o próprio Sérgio Simões achou que era mais legal do que centrar tudo no Grupo A Tarde. Em vez de fazer o programa “Muvuca Baiana” na 103,9, fomos para a rádio que pertencia ao Chiclete com Banana. E ainda montamos um site na Internet, que engatinhava na época, também chamado Muvuca Baiana. Quer dizer, "há uma cara" já tínhamos uma rede de mídia: jornal, TV, rádio e Internet, o que só seria visto depois na Bahia anos e anos mais tarde...
Enquanto isso, a maioria dos outros veiculos de comunicação, continuava preconceituosa em relação à nova música baiana.
Com isso, explico a Icó: a gente era saudado por tudo quanto era artista não só no Carnaval, mas o ano inteiro, porque tínhamos o poder da mídia nas mãos. Hoje são outros jornalistas que têm este poder e é saudável que seja assim.

CONTO UM ‘CAUSO’

Certo pagodeiro, através dos seus jovens empresários (Adriano Rios e Rosenil), resolveu gravar um CD demo para inundar todos os carros que tinham som potente no porta-malas. A gravação foi num show em Itabuna. Aí, o cantor, pra ganhar nossa simpatia, citou o meu nome na gravação mais de 10 vezes. Toda música era precedida de uma “homenagem” à minha pessoa.
Quando ouvi dei muita risada e fui ao cantor e pedi: “menos, menos”, porque expliquei a ele que depois do CD pirata dele, todo mundo dizia que a gente parecia namorado de tantas juras de amor que ele fazia.
Hoje, quando a Rede Bahia tem interesses empresariais na música baiana, o que A TARDE não tem mais, e é quem mais dá espaço a esta música na mídia (pois o jornal CORREIO é o de maior circulação na Bahia atualmente), quem é “homenageado” quando o artista passa é o jornalista da Rede Bahia.
No futuro, se a Rede Bahia deixar de lado nossa música, como A TARDE fez, será a vez da TRIBUNA ou qualquer outro veiculo ter seus jornalistas "homenageados".
Querido Icó, O ARTISTA, BASICAMENTE, VIVE DO QUE A MÍDIA FAZ POR ELE. Se ele é ignorado pela mídia, ele não existe. 
Poucos jornalistas têm consciência disso e muitos viram fãs de artista, quando, na verdade, o artista é quem tem que ser fã do jornalista.
Em nossas reuniões, o falecido Sérgio Simões e eu, recomendávamos a todos os jornalistas que trabalhavam conosco: “Nunca babem o ovo do artista. A imprensa vive sem artista, o contrário não é verdadeiro.”
Pronto. Falei.

7 comentários:

  1. Voce é o cara Tunico. Coragem de dize o que ninguem diz.

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  2. Rapaz! O capitalismo é perverso mesmo. O Simões só se interessou quando ficou sócio da coisa e viu $$$ na coisa ? Por exemplo, a greve da polícia só acabou quando os interesses financeiros da mídia (ela é sócia do negócio) ficaram abalados? Realmente, não é o artista que precisa da mídia, estão ambos ligados e dependentes umbilicais do $$$. O que os movem é o capitalismo. Então, é o contrário, o capitalismo reza a seguinte cartilha: "babem os ovos dos artistas sim, mas desde que ele lhe dê dinheiro". A rádio do ATARDE só toca música estrangeira. Sabiam? A rádio Metrópole faz o mesmo. O ATARDE (rádio e jornal) não, voltou às oringens pois que perdeu espaço para a TV Bahia e Correio da Bahia. Posso perguntar: o jabá pode ser considerado o princípio do negócio,antes de se firmar a sociedade de direito ? Não acredito que a maioria aqui no nosso estado esteja realmente preocupado com a cultura antes do dinheiro. Aqueles que assim o fazem estão fora do "jogo" e vão sumir do mapa.

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  3. Chafurdou...
    Béu Machado nunca foi um ser de luz pois quado se despia da "bondade" era pior que o demo; ser de luz era a antiga COELBA, no máximo Béu era o interruptor. A profidssão de jornalista é a categoria que mais tem canalhas em todos os tempos, você sabe disso "seu" Tony; não venda este peixe estragado de ser de luz nesta profissão sórdida...

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  4. Véi tem muito jornalista baba-oovo, como tem. Esses que vem de São paulo e Rio, putaquepariu. parece que nunca viram um artista na frente. na hora da cobertura do carnaval ficam elogiando elogiando, um inferno, quem tá em casa num aguenta. é foda.

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  5. como diria um certo rebelde frequentador assíduo da região do porto carioca:

    "a burguesia fede"...

    e a pequena-burguesia inala despudoradamente esse odor!

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  6. Lembro que, há uns 06 anos ou mais, “seu Valéria” liderava a campanha para acabar com os ensaios da Timbalada do Candeal (comprou a briga da burguesia do Cidade Jardim). Naquela época, Brown e ele eram inimigos (reataram depois, por intermediação de Bocão).
    Foi quando, dando tapas na mesa, o empregado do bispo Macedo largou a seguinte pérola: “não sou desses tipos de jornalista que babam ovo de cantor, para ganhar cortesia em camarote em show e no carnaval, com direito a beber e cheirar de graça”.
    Ninguém da classe jornalística de manifestou...

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  7. A mafia do axé não deve ter gostado nada disso.

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