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terça-feira, 10 de março de 2015

A Roubologia

Ricardo Líper


Não resta dúvida que estou bastante entusiasmado com os últimos acontecimentos num País, para o qual, eu  não via mais solução. 

O que me deixa pasmo é como o ladrão deste tipo é otário. Ele aposta em não ser nunca descoberto. Aliás, esse é o jogo de qualquer ladrão. Arriscar. Mas o ladrão burguês, cabe perfeitamente o termo, isto é, o ladrão que tem dinheiro e quer mais ou acredita fielmente que só vai conseguir dinheiro roubando. O burguês aí é um termo mais amplo não é só uma classe social. Ele desenvolve uma filosofia que o faz agir. Seus postulados são: todo mundo é corruptível. Ninguém presta. E eu sou o mais esperto. Falsifico tudo e corrompo todo mundo e, como o País é avacalhado e todos são velhacos, jamais serei preso. 
Cago e ando na cabeça de todos porque o sabido sou eu. 
É uma maneira de ser. É a filosofia da canalhice. E o canalhismo total e generalizado  tem muitas faces que vai desde o religioso que empresaria Cristo para roubar os idiotas que o seguem, ao revolucionário  ou defensor da moral capitalista e democrática etc. E agora, pasmem, existe o roubo disseminado que vai do rapazinho que vende cafezinho até o funcionário de um hospital que leva para casa as toalhas, o papel higiênico e todas coisas que ela pode roubar. Esses microrroubos liquidam um país e todas as suas instituições. Enfim, é preciso se criar uma ciência, que proponho aqui, que é a ROUBOLOGIA, ou outro nome mais sofisticado com palavras gregas ou romanas. Não estou brincando não. A questão é mais complexa e multidisciplinar. Por exemplo: o roubo tem influência genética? É de natureza somente social e política? Um comentarista do que postei disse uma coisa importante. Não é só o político ou esses políticos que roubam. Quase todos roubam. Os que não roubam é por falta de oportunidade. Se enviar mais verbas para um hospital talvez até o segurança vai meter a mão na verba se tiver acesso. 
Você conhece alguém que não roube? Eu conheço pouquíssimos. Eu só não roubo e não roubo mesmo  é porque minha filosofia de vida principal é ser Espartano e seguir todos os códigos morais que os guerreiros nossos ancestrais usaram como sendo sua filosofia. Filosofia  para mim são os códigos morais desses guerreiros. Eu me questiono sempre para não ser desonesto e ser justo em todas as atividades. Não se iludam: a coisa mais difícil na vida é não roubar. Esse deve ser o início da Roubologia. Como é preciso muita força para não roubar os fracos roubam. O meu problema pessoal é ser sempre suficiente forte para não roubar.
Não é uma questão ética. É o prazer imenso que tenho quando não sou desonesto. Minha alegria maior é quando seguindo Sêneca e outros estóicos e epicuristas não sou escravo de desejos e a felicidade está no controle de si para se ser o soberano de si mesmo e não apenas um escravo de seus impulsos infantis, inconvenientes e insensatos. É apenas a mania que tenho de, ao controlar a mim mesmo, ser interiormente orgulhoso de mim mesmo. Eu sempre me pergunto: um espartano, um samurai faria isso? Onde fica a honra aí? Sim, o que me dá mais prazer é a honra pessoal. E a honra é não ser desonesto nem injusto. Proudhon e Malatesta foram homens honestos. Emma Goldman e muitas outras mulheres também o foram. 
Que pena tenho desses pobres diabos, arrastados para um inquérito, de cabelos brancos, pela infantil cobiça para ter um luxo desnecessário. Quanto infantis eles são. O que traz realmente a felicidade vem  sempre  do interior não é o poder e dinheiro. É o que você tem de orgulho de si mesmo. E, para mim, ter orgulho de si mesmo é seguir o bushido e as máximas délficas. É quando olho para o meu interior sei que ele não é podre. Tudo que eu faço os espartanos, os samurais também o faziam. Yukio Mishima foi um exemplo.




3 comentários:

  1. Este é o melhor texto deste blog, tem doutrina explicativa de profundidade. Fantástico texto, deveria ser decorado na Faculdade que tem sede perto da igreja de São Lázaro.

    Professor o senhor é um grande cidadão, cara cem por cento. Com você não tem picaretagem nem armação, para ser e viver assim é preciso coragem e fortaleza.

    Dei risadas com esta frase: "Não se iludam: a coisa mais difícil na vida é não roubar." Perfeita; roubar é fácil, o fruto do roubo dá prazer, por isso é uma tentação.

    Contudo, em minha percepção o ladrão é um sujeito que se odeia pois para ser ladrão o sujeito precisa ter um imenso desprezo por si próprio dado que pode enganar aos outros mas a si próprio jamais. O maior castigo para um ladrão é ele ser o que é.

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  2. O PT já colocou o juiz deles que nunca passou no concurso de juiz pra julgar eles mesmos no Supremo. Bote suas barbas de mulho, professor, pois isso tudo vai dar em pizza e vão prender quem denunciou e não quem roubou.

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    1. O PT cometeu muitos erros ao indicar Ministros para o STF. Contudo, anônimo doido lembre que o Presidente da República indica mas quem sabatina e aprova é o Senado Federal, a quem cabe portanto a última palavra.

      Um dos maiores erros do PT foi indicar Joaquim Barbosa, de triste lembrança pelo que fez de atentados contra garantias constitucionais dos réus. Outro erro flagrante: Luis Fux, um sujeito reconhecidamente no meio jurídico como desprovido de caráter.

      A qualidade daquela corte melhorou quando as indicações passaram a ser com foco no caráter e aí entraram Roberto Barroso e Teori Zavaski.

      Para ser um bom juiz basta ser honesto, qualquer estudante de direito sabe disto.

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