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terça-feira, 18 de março de 2014

Crimeia é o Sudetos do Sr. "Adolf" Putin

JORNAL COMENTADO 181
8:54 – 18.03.2014 – Terça-feira

toNY paCHeco*

“Putin afirma que Crimeia sempre foi e será parte da Rússia”
(site da “Folha de S. Paulo”)
“Crimeia reacende debate sobre soberania”
(“The New York Times”/”A Tarde”)


É mais do que repetido ad nauseam que aquele que não conhece a História tende a repeti-la. É o que acontece na Crimeia neste exato momento. O problema não está na Crimeia, está no fato de que o líder russo Vladimir Putin é um aluno exemplar da escola de Adolf Hitler de anexação de territórios e povos. Em 1938, Hitler entrou na antiga Tchecoslováquia e anexou uma região de fronteira chamada Sudetenland pelos germânicos (os Sudetos), alegando que era “habitada por alemães”. França e Rússia, que tinham tratado de defesa com a Tchecoslováquia nada fizeram e a Inglaterra de então, pelo contrário, ainda facilitou a vida de Hitler prometendo um plebiscito entre os sudetos. Plebiscito que acabou nem acontecendo, pois todos sabiam o resultado: se você só pergunta aos alemães se eles querem fazer parte da Alemanha, o que eles dirão? O mesmo aconteceu domingo passado na Crimeia. É uma região de maioria russa, tem a mais expressiva base naval da Marinha Russa, pela qual, inclusive, a Rússia tinha contrato de aluguel com a Ucrânia. Num território assim, você perguntar se o povo russo local quer fazer parte da Rússia ou da Ucrânia é uma piada.
A Alemanha, o mais forte Estado da União Europeia está calada. Primeiro, porque já fez isso com outros povos no século passado e segundo porque hoje em dia depende DEMAIS do fornecimento de gás da Rússia para a sua indústria e para aquecimento doméstico. Não fez e não fará nada contra a anexação da Crimeia pela Rússia e, no futuro, com a anexação possível de metade da Ucrânia. Lembremos do Pacto Ribbentrop/Molotov que um dia uniu Hitler e Stalin...
Mas o que aproxima Vladimir Putin de Adolf Hitler não é apenas a Crimeia e é aí que se deve estudar a História para ver como os poderes ocidentais atuais são semelhantes aos da Europa dos anos 1930-1940 em sua indiferença ou fraqueza. Putin já anexou, recentemente, territórios da Moldova (antiga Moldávia) e da Geórgia, ambos os países ex-repúblicas da extinta União Soviética. Em 2006, os descendentes de russos na região da Transdiniéstria ou Transnístria (4.163 km² e 51 mil habitantes) decidiram “abandonar” a Moldova e criar uma república própria, logo apoiada por tropas russas. Em 2008, tropas russas invadiram duas regiões da Geórgia para defender “os direitos” à “independência” dos povos da Ossétia do Sul (3.900 km² e 70 mil habitantes) e Abkházia (8.432 km² e 216 mil habitantes) e a Geórgia perdeu, de fato, estes territórios que foram “reconhecidos” como repúblicas “independentes” por Vladimir Putin e mais dois governos pra lá de suspeitos, a Nicarágua e a Venezuela. A Crimeia, portanto, é a quarta aventura russa em territórios que antes viviam sob seu controle (até 1991, quando a União Soviética acabou).
E aí, voltamos à História: se o mundo continuar a ceder à vontade imperial de Vladimir Putin, com certeza a fome dele por territórios não ficará restrita à Crimeia, Transnístria, Abkházia e Ossétia do Sul...


Abaixo, uma brincadeira que pode virar verdade a partir de agora, a "MaloRussia", a anexação do Leste ucraniano pelos russos.


*tony Pacheco é jornalista profissional formado pela UFBA e ex-editor de Política Internacional da “Tribuna da Bahia”.

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