JORNAL
COMENTADO 70
GOVERNOS ENCHEM OS COFRES COM O AUTOMÓVEL E PERSEGUEM OS PROPRIETÁRIOS COMO CRIMINOSOS
6:11 – Terça-feira
– 12.03.2013
Tony pAcheco*
“Punição
para quem parar em local proibido é adiada”
(“Correio”)
“Parem de
andar de carro”
(do blog de
Cristina Aragon no iBahia)
Com um metrô ("Underground") de 400 KM de extensão, além de ônibus e trens, para quê um londrino precisaria de carro particular? Já, aqui, no Brasil... Baba baby, baba!
Com um metrô ("Underground") de 400 KM de extensão, além de ônibus e trens, para quê um londrino precisaria de carro particular? Já, aqui, no Brasil... Baba baby, baba!
É fato que
de cada 10 reais que giram na economia brasileira, 1 real vem do setor
automobilístico. Sem ele, portanto, a economia ficaria capenga. Há economistas que
defendem que esta participação é maior, chegando a 12% do PIB – Produto Interno
Bruto ou somatório das riquezas nacionais produzidas num ano, “leigamente”
falando. E sabe por que é grande a participação? Porque não é só a área industrial, o fabrico
do carro. É o setor de vendas dos carros e das peças, na área comercial. É o
setor de manutenção, na área de serviços. É o setor de educação que gera mão de
obra especializada para a indústria, o comércio e os serviços ligados ao automóvel, etc. etc. etc..
Enfim, são os IMPOSTOS ASTRONÔMICOS que incidem sobre o automóvel. De cada 50
mil reais que um carro custa para o consumidor, pelo menos 21.500 reais (43%) ficam
diretamente para os governos federal, estaduais e municipais, fora os outros
impostos que ele começa a gerar a partir do momento que sai da loja e gera até o dia em que for pro ferro velho: por exemplo, o IPVA –
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, que, curiosamente, é
cobrado TODOS OS ANOS. É como pagar um aluguel ao governo por ter um carro. E a
CIDE? Uma “contribuição” que os donos de veículos dão de presente ao governo
cada vez que param num posto de combustível para abastecer, além de outras
dezenas de impostos e taxas, diretos e indiretos.
Sendo um número
ou outro, é ASTRONÔMICA a participação do automóvel em nossa economia e isto
deveria gerar uma preocupação governamental DIRETAMENTE PROPORCIONAL, se nós não
fôssemos uma sociedade esquizofrênica e não tivéssemos, por isso mesmo, uma
RELAÇÃO DOENTIA NA PERCEPÇÃO DA REALIDADE QUE NOS CERCA.
NADA DE
RODOVIAS NEM RUAS
Dada a sua
importância na geração de emprego, renda, impostos, consumo de matérias primas
etc. etc., devia ser dado ao automóvel a condição mínima de CIRCULAR, ou, SE
MOVER, já que é um autoMÓVEL. Mas não. O governo federal brasileiro não investe
nada ou quase nada em novas rodovias, em duplicação das antigas ou qualquer outra coisa que facilite a vida do dono de veículos. Os governos
estaduais têm programas rodoviários pífios que não conseguem manter nem 10% de
sua malha em condições ideais. E os governos municipais não abrem ruas, não
constroem viadutos, NA MEDIDA EM QUE A EVOLUÇÃO DA FROTA EXIGE. E mais, os
governos municipais transformaram o automóvel num CRIMINOSO que precisa ser
perseguido dia a dia, hora a hora. Não são construídos edifícios-garagem nem
tampouco estacionamentos públicos ao ar livre. Pelo contrário. As multas são
exorbitantes e permanentes. Ter um automóvel numa grande cidade brasileira é
quase que um ato de contrabando, pois o proprietário vive tendo que burlar leis
e a vigilância severa da autoridade de trânsito. Agora, rua nova,
estacionamento público ou qualquer outra melhoria para este personagem
importantíssimo da manutenção da economia brasileira? NA-NA-NA-NI-NHA!
A situação
caótica das estradas e das ruas no Brasil mostram que os governos só querem do
automóvel o dinheiro que ele gera. Nada de retorno. Ser ladrão ou assassino no Brasil é mais negócio que ser dono de carro, pois o marginal, pelo menos, quando é preso tem a garantia de casa e comida de graça durante os meses em que estiver preso...
TRANSPORTE
PÚBLICO OU INDIVIDUAL?
Nossa
querida arquiteta Cristina Aragón, a quem admiro demais por ser uma mulher além
do seu tempo, comentou no blog dela a inauguração do gigantesco prédio The Shard,
em Londres, com 87 andares e apenas 48 vagas de garagem.
Em Londres
estimula-se o não-uso do automóvel.
Mas, a pergunta que não quer
calar é: POR QUE ISSO?
Ora, o metrô
de Londres (lá chamado de “Underground”) foi criado em 1863, com os mesmos 6 km que o de Salvador tem. Só
que, hoje, o metrô londrino tem mais de 400 QUILÔMETROS DE
EXTENSÃO E MAIS DE 270 ESTAÇÕES. Você chega a praticamente toda a Londres de
metrô. Só usa carro se for a rainha da Inglaterra e, assim mesmo, só por questão
de segurança, pois o metrô levaria a rainha até aos seus súditos em qualquer
canto da capital britânica MAIS RÁPIDO QUE O AUTOMÓVEL.
É por isso
que o The Shard pode se dar ao luxo de dispensar vagas para automóveis. QUEM
PRECISA DE AUTOMÓVEL NUMA CIDADE COM 400 QUILÔMETROS DE
METRÔ???
PERSPECTIVAS
PARA O FUTURO
E como será
o setor automobilístico no futuro, no Brasil?
Usando minha bola de cristal antevejo...
Já estamos
entre os 5 maiores produtores e consumidores de automóveis do mundo. Nos
governos dos últimos 10 anos, se INCENTIVOU e continuará SE INCENTIVANDO o crédito
a perder de vista para a compra de automóveis. Os investimentos dos governos
federal, estaduais e municipais para a CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO de rodovias, ruas e
avenidas continuará sendo o quase nenhum de hoje em dia passando para o quase
nada no futuro imediato. Os governos municipais entrarão com sua parte para um
futuro infernal perseguindo os donos de carros com multas que são EXCELENTES
FONTES DE ARRECADAÇÃO, POIS GERAM DINHEIRO SEM PRECISAR SE FAZER INVESTIMENTO
NENHUM. E agora com a multa de Lei Seca de 2 mil reais, todos dirigentes municipais vão rezar pra todo motorista sair todo dia bêbado dirigindo. Os cofres ficarão abarrotados.
E o povo
continuará sem metrô, pois se São Paulo, que é uma das maiores cidades do
planeta Terra, só tem 70 km
de metrô (KKKKKKKKKKKK), imagine o que será de nós aqui na província com 6 km...
Seremos
todos moradores de Mumbais/Bombains no Brasil. Cidades enormes onde metade da
população andará a pé (30% já andam, só faltam mais 20%), disputando a rua com
camelôs, ambulantes, motocicletas, automóveis velhos e novos, TODO MUNDO
ENGARRAFADINHO chegando sempre MUITO ATRASADO para trabalhar, cuidar da saúde
ou se divertir. E tomara que o presidente Lula volte em 2108 para nos trazer os tuk-tuks, aí sim, viveremos onde merecemos. As mototáxis já vieram. Faltam os tuk-tuks...
Boa Nova Índia
para todos nós!
* tony Pacheco tem formação em Economia, Psicanálise, Jornalismo e Radialismo, não que isso ajude em alguma coisa na Nova Índia...
ResponderExcluirSelma Morais
há 7 horas
Comecei o dia lendo o blog do meu amigo Tony Pacheco e faço questão de reproduzir aqui, pois ele faz (como jornalista e psicanalista) uma análise sobre o automóvel no Brasil. Vale a pena dar uma lida. Tony é fera.