Favelização, “baixaria” e violência afastam baianos e turistas das praias de Salvador
José Queiroz
A Bahia é o estado brasileiro que tem o litoral mais extenso, cerca de 1000 km de praias, e Salvador é uma cidade privilegiada, com quase 50 km para todos os gostos. Muitas delas famosíssimas! Brasileiros e estrangeiros que visitam a cidade querem conhecer Itapuan, ou a praia “de Yemanjá” (Rio Vermelho), leram ou escutaram referências à Amaralina, Ondina, Barra, Ribeira, etc., mas, se decepcionam quando chegam. São muito mal cuidadas! O baiano não cobra dos gestores públicos o devido cuidado com suas praias. Não conhece a fama e o potencial econômico delas. O trecho Jaguaribe/Piatã, com Itapuan ao fundo, é um dos mais bonitos do mundo. Jardim de Alá é idílica!
Porém, nenhuma delas, nem outra do nordeste do Brasil, estão entre as mais de três mil praias e marinas do mundo certificadas pelo Programa Bandeira Azul, iniciativa da ONG FEE (Foundation for Environmental Education – Fundação para Educação Ambiental), representada no Brasil pelo Instituto Ambiental Ratones, de Florianópolis, conheça-o http://www.iarbrasil.org.br/. A única praia brasileira certificada é a Praia do Tombo, no Guarujá, e a Marina Costabella, em Angra dos Reis. Conheça as que já foram certificadas WWW.blueflag.org. Atendidos os critérios para a certificação, o programa influencia no comportamento de moradores e turistas, levando ao amadurecimento e sustentabilidade da gestão de praias e do turismo, dando visibilidade internacional e prestígio no mercado mundial de viagens. Afinal, de cada 10 pessoas que viajam, cinco querem água!
Os problemas mais comuns que impedem a certificação de praias brasileiras são a acessibilidade, serviços, ocupação desordenada e o tratamento de lixo e afluentes. Exatamente o que se vê nas praias de Salvador. É vergonhoso! A terceira maior cidade do país, cosmopolita, famosa, com técnicos, recursos e experiência, infelizmente tem sido administrada por politicalhos medíocres, meros membros de partidos políticos, que viajam pelo mundo e conhecem lugares que os turistas que visitam Salvador os conhecem, mas são incapazes – ou pagos para isto! - de fazer o mesmo. Mantém a cidade em situação precária com a má utilização do dinheiro público e a falta de controle e punição. As praias de Salvador se tornaram favelas perigosas com a retirada das barracas e o desemprego de milhares de pessoas. O contraste entre a beleza natural, e barracos, mesas e sombreiros encardidos, é constrangedor.
A Península de Itapagipe foi abandonada, mas, segundo ACM Neto, aquele é um compromisso e uma questão de honra. Oxalá! A estrutura para navios de cruzeiros está entre as piores do mundo, e andar entre o Mercado Modelo e o Museu de Arte Moderna, nem pensar. O público do Porto da Barra, sempre sujo e sem infra-estrutura, é variado, mas a sensação geral é de insegurança! Há anos que baianos e turistas são assaltados nas imediações do Cristo. O Rio Vermelho merece um tratamento à altura das pessoas que deram fama ao bairro e à cidade, e Amaralina também deve ter um lugar condizente com a importância da Baiana do acarajé para a cultura popular e o turismo de Salvador. A droga, o roubo e o latrocínio tem sido comum entre Jardim de Alá e Stela Maris. Roubam até dentro de hotéis, como no Jaguaribe Praia! A bela Piatã fica irreconhecível aos sábados, domingos e feriados à tarde, invadida por carros com som em alto volume, e orgia de bebidas, drogas, pagodes e atos indecorosos. Talvez a Lei Anti Baixaria ajude!
Praia e Turismo precisam ser mais bem administrados em Salvador. É um negócio fabuloso em vários lugares do mundo. É fonte de saúde, lazer, trabalho e riqueza para muitos povos. Salvador não tem um Tour de Praias, está errado! O empresariado do receptivo da cidade precisa separar-se da ABAV - que vende o Litoral Norte e outros lugares, não vende Salvador, não cuida dela! – precisa organizar-se e criar instituições que cobrem ações da administração pública, afinal, ele também paga impostos, mas que são utilizados em benefício de outros. E que o leitor não pense que é defesa de turistas, pois a cidade que é boa para turistas, é boa para seu povo. O turista moderno não quer exclusividade, isolar-se da população dos lugares, quer interagir, quer conhecê-las. É um erro priorizar a venda de resorts no Brasil, pois o povo brasileiro, seus costumes e sua extroversão, é um dos atrativos do país. Há resorts em vários lugares do mundo, e iguais. Salvador e o baiano são diferentes! Sabem nadar, mas se não abrir os olhos, vão se afogar.
* transcrição por Leandro Kraus Berg Leal (leandrokrausbergleal@gmail.com)
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