JORNAL
COMENTADO 64
tony PacHeco*
6:49 –
Segunda-feira – 04.03.2013
“Com R$20,5
bi em investimentos, setor eólico na Bahia deslancha”
(“Tribuna
da Bahia”)
Poderia ser
uma notícia extraordinariamente boa, mas é mais uma jogada de marketing das
centenas de que são vítimas os baianos com a governança midiática que se tornou
praxe no Brasil nos últimos anos. Este Complexo Eólico Alto Sertão, instalado
nos municípios de Caetité, Guanambi e Igaporã EM JULHO DE 2012, fez da Bahia a sede do maior
parque de energia dos ventos da América Latina. Contudo, só está gerando é um PREJUÍZO ao estado de 36 MILHÕES DE REAIS POR MÊS, porque os empresários que construíram
o parque entregaram-no pronto para gerar energia capaz de fornecer eletricidade
para uma cidade de até 2 milhões de habitantes, só que a Companhia Hidrelétrica
do São Francisco (Chesf), em mais um daqueles imbroglios tipicamente brasileiros, NÃO INSTALOU nenhuma linha de transmissão para que a energia chegue até a casa dos baianos. É mole? Isso o jornal não diz...
Então, o
governador Wagner não devia estar anunciando mais parques eólicos, deveria,
sim, BOTAR PRA FUNCIONAR o que já está instalado, pois os gigantescos “ventiladores
de gigante” estão lá no sertão paradinhos, paradinhos, só gerando lucro pros
empresários, que recebem UMA MEGA-SENA por mês sem dar um prego num sabão.
Segundo a
presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica – Abeeólica, Elbia Melo, o setor eólico vem avançando rápido no Brasil
e se tornou a “segunda fonte de energia mais competitiva” no País, “empatando
com o setor termelétrico”. Segundo Elbia, “a previsão para 2016 é que a fonte
eólica represente 5,5% da matriz elétrica” e que em 2013 sejam implantados 125 novos
parques, mas que SEM LINHAS DE TRANSMISSÃO SÓ DARÃO PREJUÍZOS.
No Plano
Decenal de Energia do Brasil, a energia eólica está contemplada como uma das
fontes que mais crescerá até 2021, com 16 GW (GigaWatts) de capacidade
instalada, representando 9% da matriz elétrica brasileira. MAS SEM LINHAS DE TRANSMISSÃO E INTERLIGAÇÃO COM SISTEMA ELÉTRICO SÓ DARÁ PREJUÍZOS.
Agora, tem
que se parar com outra MENTIRINHA sobre energia eólica: ela não é tão limpa
como se diz. Nenhuma fonte de energia o é. TUDO QUE O HOMEM FAZ PARA SE MANTER
NO PLANETA TEM IMPACTO AMBIENTAL, SÓ OS TOLOS PENSAM DE MANEIRA DIFERENTE. Energia
hidrelétrica é limpíssima, pois é água na turbina como combustível? Nananinha. As
represas das hidrelétricas removem as comunidades tradicionais e alagam grandes
extensões naturais, como está acontecendo na Amazônia NESTE MOMENTO. As usinas
nucleares simplesmente APAVORAM a sociedade, por causa da memória coletiva de
Chernobyl e Three Miles Island e, mais recentemente, o Japão. As termelétricas
(à base de diesel ou carvão) produzem tanta poluição que se insistirmos nelas
vamos matar o planeta; a biomassa, ou
seja, o álcool do seu automóvel, rouba
terrenos férteis da agricultura e é apenas um GRANDE NEGÓCIO PARA USINEIROS-POLÍTICOS
encherem os bolsos de dinheiro. E a energia eólica? Em termos de agressão à
paisagem, elas são brutais e NÃO PODEM ser instaladas em áreas turísticas, pois
liquidam com qualquer atrativo natural. Ademais, aqueles “ventiladores de gigante” são
BARULHENTOS e, por isso, não podem ser instalados em áreas habitadas. Então,
quem quiser energia LIMPINHA, que vá morar em Marte, lá talvez tenha...
Agora,
factóide de bilhão pra lá, bilhão pra cá, e NENHUMA LAMPADAZINHA ACESA com
energia dos ventos, ninguém merece.
Dê uma olhada nesta foto. Parece a Índia, tal a confusão do trânsito, mas isto é o Brasil de hoje. Muitos veículos, nenhuma rua, nenhuma estrada. Só ESTRESSE.
“Venda de
carros cresce 6%”
(“Tribuna
da Bahia”)
A notícia
está no jornal com tom de euforia, mas devia ser um réquiem para um país
morto. O Brasil, em que pese ter tido um PIBINHO de 0,9% em 2012, teve recorde
de produção de automóveis: 3,4 milhões de novos veículos nas ruas no ano
passado.
A TRAGÉDIA é
que não são feitos investimentos pelos governos federal, estaduais e municipais
nem em rodovias nem em vias urbanas, criando o caos que DETERIORA A VIDA NAS
GRANDES CIDADES BRASILEIRAS, tornando nossas vidas insuportáveis e, por isso, todos andamos estressados por toda parte.
Da China
aos EUA, o aumento da frota de veículos é sempre acompanhado de vias
estruturantes para receber estes veículos. Aqui, não. Nos últimos 30 anos, nada
se fez de realmente importante para dar suporte ao aumento da frota.
Tínhamos
cerca de 34 milhões de veículos em 2002. Hoje, temos cerca de 74 milhões. É
MAIS DO QUE O DOBRO.
E as
rodovias? Os maiores eixos rodoviários, como a BR-116 e BR-101, que ligam o
Brasil de Norte a Sul, continuam sendo ESTRADINHAS DE MÃO E CONTRA-MÃO, com
raros trechos duplicados. É por isso que nos jornais de hoje tem uma batida de carretas em Jaguaquara que matou gente e fez um acabamento na 116. É disso que estamos falando aqui. Já a Belém-Brasília, ligação Centro-Oeste/Norte, é uma
PICADA NO MEIO DO MATO. Enfim, não há investimento na estrutura rodoviária.
E nas
capitais? Quem tem viajado para São Paulo e Rio tem visto engarrafamentos
quilométricos diariamente. O paulista hoje, por exemplo, acrescentou à sua
jornada de trabalho de 8 horas, QUASE CINCO HORAS SÓ DE DESLOCAMENTO. Mesmo caminho
para o qual se embrenhou Salvador, onde ninguém gasta menos do que 3 a 4 horas para
ir e vir do trabalho.
Isto é, o
crescimento da frota brasileira de veículos SEM INVESTIMENTO EM VIAS, É UM SUICÍDIO
COLETIVO da sociedade brasileira. Não há nada para comemorar.
* tony Pacheco tem formação acadêmica em Economia, Jornalismo, Radialismo e Psicanálise, mas não tem solução para um País doido como o nosso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário