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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

JORNAL COMENTADO 13


TonY PachecO*

6:40 – 06.12.2012 – Quinta-feira

Linda a capa do “Correio”



Minimalista e extraordinariamente bem-feita, a capa de hoje do “Correio” homenageia o arquiteto Oscar Niemeyer, que faria 105 anos no próximo dia 15. Para os profissionais do "Correio" de hoje é maravilhoso trabalhar num ambiente onde sua criatividade não é só reconhecida como INCENTIVADA, daí uma capa extraordinária desta (para ver em toda sua beleza, vá à banca e compre, são só 75 centavos).
No jornal “A Tarde”, no final dos anos 1980 e até 2003, Alex Ferraz e eu editávamos o suplemento dominical “Lazer&Informação”, e tínhamos, JÁ NAQUELA ÉPOCA, a preocupação com o design das capas, no que éramos PERSEGUIDOS DIARIAMENTE por uma série de conservadores da Redação, retrógrados em geral, que não queriam a modernização de “A Tarde”. Nossas capas, autoria do artista plástico CARLINHOS RODRIGUES (que hoje está aí, desempregado, embora haja tanto jornal feio pelo mundo precisando dele...), eram TODAS no estilo destas que hoje o “Correio” publica. Trabalhadas, com pouquíssimo texto, mas com mensagens que instigavam o leitor.
Fomos ameaçados de demissão várias vezes por causa das capas revolucionárias e da própria programação visual, também moderna, com textos curtos, numa época em que isso não era moda. A ideia de uma revolução gráfica não era minha, era do meu amigo mineiro, o jornalista RICARDO FRANCO REIS, que tinha pós-graduação na Facultat de Ciencias de la Informacion, de Navarra, na Espanha, que me passou, ainda em 1975, as tendências da mídia impressa que ele viu por lá. Usei aqui com a contribuição genial de Carlinhos Rodrigues e de Alex Ferraz. Tinha um alto funcionário de “A Tarde” que chamava o caderno “Lazer&Informação” de “arara”, pois teria “muita cor e não diz nada”. Felizmente, na Diretoria da Redação estava Jorge Calmon de Bittencourt, um intelectual com visão de modernidade e que nos mantinha a ferro e fogo contra todos os inimigos da Redação.
Hoje, vejo que os profissionais que fazem o “Correio” contam com o apoio e a simpatia dos donos do jornal e dos colegas de Redação e, aí, quem GANHA É O LEITOR, pois temos um jornal cada dia mais bonito e “A Tarde”, para nossa tristeza, cada dia mais antigo. Uma pena! Espero que um dia isto mude e o jornal ressurja. Falo de coração.
E longa vida ao “Correio” e parabéns a todos os profissionais envolvidos na capa desta quinta-feira sobre Niemeyer.

Governo disponibiliza 100 bilhões a juros
baixíssimos  para só-Deus-sabe-o-quê

No “Correio” de hoje vemos o título “Planalto anuncia mais R$100 bilhões em crédito” para bens de capital. E o que seria isso? Bens de capital ou bens de produção são as fábricas, máquinas, ferramentas, equipamentos e até edificações que são utilizadas para produzir outros produtos para consumo, como automóveis, geladeiras ou uma simples caixa de fósforo. Um caminhão, por exemplo, pode ser um bem de consumo para um colecionador de caminhões, contudo, será um bem de capital se for usado para transportar material de construção para a obra de um shopping.
Dito isso, temos que deixar claro que 100 bilhões de reais é uma fábula: isto equivale a todos os bens e serviços produzidos em 2011 pelo país de origem da família da presidente Dilma Rousseff, a Bulgária. É o valor do Produto Interno Bruto também do vizinho Uruguai. É muito dinheiro e isso, claro, provoca um perfume inebriante, irresistível para todo tipo de picareta.
É elogiável a preocupação com a retomada dos investimentos para “animar” a economia brasileira, em franca decadência com estes “PIBinhos” de menos de 2% que temos tido. Contudo, dinheiro a juros baixos pode ter o destino final que não vai resultar num prego numa barra de sabão para a economia nacional.

RISCOS E RICOS DOS JUROS SUBSIDIADOS

Para vocês verem como é perigoso subsidiar empréstimos sem controlar, lembro-me que meu segundo emprego na Bahia foi no Baneb, o banco estatal que depois foi vendido ao Bradesco. Fiz o concurso e passei e como era estudante de Economia na UFBA, me lotaram na Diretoria de Crédito Rural. Meu trabalho era organizar os relatórios dos fiscais de empréstimos rurais subsidiados e é aí que a porca torcia o rabo. Os fiscais (boa parte deles...) eram homens sérios, tinha um sergipano mesmo, de Ribeirópolis, que, apesar de muito jovem, tinha princípios sólidos. Nada escapava da lupa dele. E aí eu me deparava com piscinas, mansões, apartamentos na praia e até aviões que eram comprados pelos tomadores de empréstimo rural COM DINHEIRO DO GOVERNO. Em vez de tratores, sementes ou matrizes de gado para alavancar o agrobusiness baiano, o que víamos era um rebanho de picaretas tomando dinheiro a baixos juros até mesmo para aplicar no mercado de capitais.
Então, quando você ler que o governo vai disponibilizar 100 bilhões de reais a juros subsidiados para empresários, fique com um pé atrás. Se a notícia não vier junto com uma declaração formal de que a fiscalização do destino final do dinheiro SERÁ DURA, então pode saber que a bandalheira vai comer solta.
Neste caso, pelo menos, não tem uma linha na notícia do “Correio” dizendo que o governo federal vai vigiar a aplicação dos recursos realmente em máquinas, equipamentos e outras finalidades sérias. Aguardemos, daqui há algum tempo, a denúncia sobre a próxima Rosemary Noronha que intermediará estes 100 bilhões de reais, um PIB inteiro da Bulgária...

* Tony Pacheco tem formação acadêmica em Economia, Jornalismo, Radialismo e Psicanálise.

3 comentários:

  1. Sempre admirei o Lazer e Informação. Mas me tire uma dúvida, Tony: vc falou que o suplemento recebia apoio total do "doutor Joprge". Mas Sergio Simões tb era simpático ao projeto, nera ?

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    1. Querido CARMEL, você está certo e eu errado. Esqueci de lembrar os donos que apoiavam: o falecido patrão e amigo Sérgio Simões e a sócia do jornal Vera Simões Bainville.
      Obrigado pela correção.

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  2. Me tire uma dúvida, Tony: não apenas o "doutor Jorge", como tb Silvio Simões era incentivador do suplemento, né isso ?

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