Ruy Barbosa volta e veste saia

TOny pacheCO

Nunca antes neste País é uma expressão que não pode ser usada, agora, por conta das declarações da ministra-corregedora da Justiça, Eliana Calmon, que denunciou, em entrevista, “infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga”. Antes dela, em 1914, o mais ilustre dos baianos, o jurista Ruy Barbosa tascou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Eliana Calmon está sendo combatida por 9 entre 10 juizes que têm acesso à mídia (a maioria honesta parece não ter este acesso), por ter feito críticas à Associação de Magistrados do Brasil em entrevista à Associação Paulista de Jornais (APJ). Eliana criticou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) da AMB contra a Resolução 135 do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, que regulamenta procedimentos de investigação e julgamento de magistrados acusados de irregularidades. O CNJ foi criado em 30 de dezembro de 2004 e o fato de uma magistrada como Eliana Calmon estar presidindo a corregedoria da Justiça é uma prova inconteste de que há uma maioria de juizes justos (a tautologia é necessária) e honestos. Mas prova, também, que há “bandidos atrás da toga”, senão já não teriam sido punidos 45 juizes de 2005 até agora, sendo que, só no ano passado, 15 tiveram aposentadoria compulsória.

Caminho da

impunidade

Eliana Calmon disse que a Adin "é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura”. A Ação Direta de Inconstitucionalidade que prejudica a ação moralizadora na Justiça estava na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) e até o fechamento desta coluna, ontem, não tínhamos ciência do resultado, mas confiamos que o Supremo não vai compactuar com “malfeitos”, para citar a presidenta Dilma.