JORNAL COMENTADO 136
5:54 - 16.07.2013 - Terça-feira
TOny PACheco*
Análise de filmes sem a óptica conservadora da mídia
DUAS BOMBAS
1. "HOMEM DE AÇO"/"Man of Steel", direção de Zack Snyder, com Henry Cavill, Russel Crowe, Kevin Costner e Diane Lane. O fato de estarem Diane Lane, Crowe e Costner neste refilmagem de "Superman", chama a atenção e deve ter sido responsável pelos 225 milhões de dólares do orçamento, mas, ao contrário do que se pode pensar, não garantem, absolutamente, diversão. O filme é a mesma história que você leu num gibi, se tem mais de 40 anos; a mesma história que já viu na TV em sua casa ou no cinema, se tem menos de 40 anos. É uma sensação de "déjà vu" permanente, do primeiro ao último minuto. Enfim, em vez de gastarem mais de meio bilhão de reais com uma história ORIGINAL, os produtores preferiram RECONTAR o nascimento de "Superman" no planeta Krypton, a manjadíssima explosão do planeta e a remessa do bebê que virá a ser "Superman" numa nave intergalática e, finalmente, o também manjadíssimo general Zod, que foge de sua prisão espacial pra vir colonizar a Terra. Era muito mais sensato fazer uma aventura original com o velho e bom vilão inimigo de "Superman", Luthor, que já foi vivido por Gene Hackman, por exemplo, com grande maestria.
Nem assisti no cinema, quando vi que era a repetição da história inicial, que já foi filmada "n" vezes. Baixei na Internet antes da estreia nos cinemas e economizei 27 reais. Fiz bem, não valeu nem mesmo a eletricidade que gastei em casa...
Cotação: * (uma estrela, assim mesmo, pelas aparições rápidas de Russel Crowe, Kevin Costner e Diane Lane e pela beleza irretocável do ator Henry Cavill, que já conhecemos da FANTÁSTICA série televisiva "The Tudors", na qual ele viveu o melhor amigo do rei Henrique VIII).
Você gosta de filme de zumbi? Esqueça "Guerra Mundial Z" e baixe gratuitamente no seu computador todos os filmes com nome "Resident Evil" e veja esta linda mulher acima (Milla Jovovich) combatendo zumbis horríveis com a beleza estonteante dela. É mais jogo!
2. "GUERRA MUNDIAL Z"/"World War Z", direção de Marc Forster e elenco fraco onde só se destaca Brad Pitt, que é subaproveitado de maneira brutal, pois nenhuma personagem (inclusive a dele), tem dimensão dramática. A história, que parece ter sido comprada pelo próprio Pitt há vários anos pensando em, justamente, mantê-lo em evidência nos próximos anos com, pelo menos, duas continuações, é A MESMA que você já viu em "Residente Evil" (esta série tem continuações de cacetada), "Epidemia", "Extermínio", "12 Macacos", "Ensaio sobre a Cegueira". Vem um vírus de um lugar que ninguém sabe aonde, vai exterminando a Humanidade e o herói (no caso aqui, Brad Pitt), vai pesquisar de onde veio. E aí passa por Jerusalém, onde tem a cena de alguns segundos que é A ÚNICA que vale a pena no filme "Z": os zumbis fazem uma escada humana (?), uns sobre os outros, e ultrapassam o muro que resguarda a capital eterna de Israel da zumbilândia lá de fora. Também, passaram-se estes segundinhos, acabou o filme. Esqueça. É ruim demais.
Cotação: * (uma estrela, só por causa da escada de zumbis em Jerusalém, mas dura apenas uns segundos, você pode ver de graça no seu computador sem gastar dinheiro no cinema).
DOIS BOMBONS
Na primeira vez, na TV, "O Cavaleiro Solitário" chamava-se "Zorro"
Na versão atual da história, o índio "Tonto" é o astro principal da história
O novo "O Cavaleiro Solitário" reedita a amizade de Pátroclo e Aquiles e de todos os heróis com parceiros, para o desespero dos fundamentalistas judaico-cristãos
1. "O CAVALEIRO SOLITÁRIO"/"The Lone Ranger", direção de Gore Verbinski, o mesmo de "Piratas do Caribe", formando parceria novamente com Johnny Depp, que de pirata maluco, agora se transforma em "Tonto", a personagem índia do seriado de TV em preto-e-branco de minha infância. Mas, quem, como eu, viu a série em preto-e-branco, lembra do "Cavaleiro Solitário" com o nome de "Zorro", não o de capa-e-espada, mas um Zorro que usa revólver e o "Tonto" de então, era um índio meio abestalhado e, por isso, engraçado. Nesta nova roupagem, o nome "Zorro" é abandonado e é adotado um novo: "Cavaleiro Solitário". Solitário e idiota, mas sortudo. Neste filme, a perspectiva da abordagem é a partir do que o índio "Tonto" pensa, o que irritou profundamente a revista "Veja", pois, sendo de direita, odeia coisas politicamente corretas. O índio vivido por Depp é de um sarcasmo descomunal, denunciando, a todo momento, a idiotice crônica da personagem vivida pelo ator Armie Hammer, que seria, teoricamente, o astro do filme. O que mais irritou "Veja" e também o público conservador dos Estados Unidos, é que "The Lone Ranger" toca em assuntos sagrados na América: 1) o filme não deixa barato a sucessão de traições que os brancos fizeram com os índios americanos, desrespeitando todos os tratados que assinavam com comanches e outras tribos e, depois, metendo bala nos aborígenes; 2) o filme questiona a união nacional criada pelas ferrovias nos EUA, mostrando que ela não foi conquistada apenas pelos brancos, mas, sim, graças à exploração da mão de obra chinesa baratíssima, tratada como escrava e, também, graças ao fato de que as terras indígenas que as ferrovias atravessavam eram tomadas na marra aos aborígenes, desrespeitando todos os tratados de paz assinados anteriormente; 3) os capitalistas donos das ferrovias são retratados no filme como eram na realidade, isto é, pessoas completamente alheias aos direitos dos indígenas, dos operários chineses e de quem quer que fosse que aparecesse entre um trilho e outro - todos os capitalistas do filme são retratados como são na realidade, isto é, apenas interessados em dinheiro e o resto que se exploda; 4) o herói do filme deixa de ser o antigo "Zorro" da TV, "O Cavaleiro Solitário", e passa a ser o índio "Tonto", que de tonto não tem nada. É inteligente, sagaz, tem estratégias que sempre dão certo, jogando para segundo plano o papel de Armie Hammer e colocando como protagonista o ator Johnny Depp, que está excelente no papel; 5) por fim, o que desgostou profundamente o público conservador americano e o catolicismo fundamentalista da nossa italiana "Veja" - "The Lone Ranger" resgata as parcerias entre homens, sem necessidade de matar os parceiros, como fizeram em Batman e Robin, que Robin foi assassinado homofobicamente no cinema nos últimos anos. Neste filme, Johnny e Armie são parceiros e amigos brigões, que vivem discutindo, mas que gostam muito um do outro, como Aquiles e Pátroclo, na Grécia antes de Cristo; como Don Quixote e Sancho Pança, no clássico de Cervantes; enfim, como todos os heróis, que sempre tiveram um parceiro em sua luta por justiça em favor dos pobres e dos oprimidos. Na contramão da conspiração homofóbica judaico-cristã, "The Lone Ranger" coloca a amizade entre dois homens como uma força que altera a realidade injusta. Estes cinco itens misturados irritou "Veja" e a maioria da mídia conservadora dos EUA e, claro, está influenciando na bilheteria, pois as críticas têm sido muito ácidas contra o filme. Mas, vá ver no cinema ou baixe na Internet, como eu fiz. Você se sentirá vingado durante duas horas quando vir os capitalistas vampiros sendo tratados como merecem - com estacas bem pontudas... É quase tão bom quanto ir às ruas para desmoralizar o INCOMPETENTE e CRUEL governo brasileiro e seus empresários amestrados (ou seria, empresários espertos e seu governo amestrado?).
Cotação: ***** (5 de 5 estrelas possíveis).
Elenco bem escolhido é o grande trunfo de "Now You See Me"
2. "TRUQUE DE MESTRE"/"Now You See Me", direção de Louis Leterrier, é escrachado pela crítica da grande mídia, porque fez um filme de roubo no estilo Robin Hood. Os ladrões (no caso, um quarteto de mágicos formado às pressas por um milionário excêntrico, que é vivido por Michael Caine) roubam bancos e distribuem o produto do roubo com as pessoas comuns, vítimas da GANÂNCIA DOS BANCOS. Nada mais irritante para jornais do tipo "O Estado de S. Paulo", "O Globo" ou revista "Veja". Veem defeitos no diretor Leterrier, que fez os gostosos, embora não fantásticos, "Fúria de Titãs" e "O Incrível Hulk", e esquecem que é um filme com mensagem séria, mas repleto de ação e algumas cenas até engraçadas, que entretém a plateia de maneira honesta. Claro que duas presenças sagradas na tela deixam o filme mais palatável: Morgan Freeman faz um desmistificador de mágicos, que passa a perseguir o quarteto do filme, formado por Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, uma mocinha e o irmão de James Franco; e Michael Caine, cuja sobriedade britânica em qualquer filme confere logo um ar de dignidade e, neste então, mais ainda, quando a sobriedade vira fúria por ter sido traído pelos quatro mágicos. Mélanie Laurent é aquela surpresa já esperada, se é que isso pode existir. Francesinha linda e gelada, ela trabalhou em "Bastardos Inglórios" sob a direção de Quentin Tarantino e neste é uma policial da Interpol. Sua presença no filme é discreta, mas importante, mas também é responsável pelo erro mais crasso da trama: sendo uma policial "de gabinete", na Europa, ela toma o volante de uma BMW em Nova York numa perseguição pelas ruas tendo Mark Ruffalo no carona. E as falas deixam claro que ela era uma policial de gabinete na Europa. Quem deveria estar ao volante na cena era Ruffalo... Mas isso não faz o filme ficar ruim. É questão de segundos que passam logo. Outro destaque é Jesse Eisenberg, que fez o excelente "Rede Social", sobre o criador golpista do Facebook. Enfim, o filme é muito bem construído, as cenas de ação são inteligentes, a descoberta de quem está por trás dos assaltos a banco usando um quarteto de mágicos realmente surpreende e "Truque de Mestre" é um dos melhores filmes deste ano. Até agora.
Cotação: **** (4 estrelas de 5 possíveis).
Ainda não vi Truque de mestre, mas quanto aos outros filmes concordo totalmente com suas observações. Além de toda critica que o filme trás, o Cavaleiro solitário é bem filmado, uma delícia. Delicia como foi ler o comentário de cada um dos filmes. Parabéns. Vc arrasou! Sara Barnuevo
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