SOBRE OSCAR, TIRANIA AMERICANA E MÁ-EDUCAÇÃO BAIANA.

JORNAL COMENTADO 58

TOny PAchecO*

6:34 – 22.02.2013 – Sexta-feira

“Clima fantástico guia "Indomável Sonhadora", filme indie..."

(“Folha de S. Paulo”)

Ia começar este post comentando o filme preferido ao Oscar segundo nosso mestre André Setaro (ele foi meu professor na UFBA), indo ao blog setarosblog.blogspot.com.br, mas não encontrei. Então, vou ter que falar do Oscar sem a referência ao mestre. Quer dizer, já o usei aqui como referência kkkkkkk.

Voltando à vaca fria. Para mim, que tenho verdadeiro pavor de ditaduras, seja dos homens com toalha na cabeça do Irã ou os irmãos Castro de Cuba, o filme que mais me tocou foi “Argo”. Já o vi três vezes. E como agora tenho em casa (viva a pirataria patrocinada pelos comunistas chineses!), ainda verei outras vezes.

Sinceramente, eu pensava que Ben Affleck era apenas o mais bonito rosto masculino do cinema moderno, contudo, fiquei surpreendido com o que ele fez com o drama dos reféns americanos na Embaixa do Canadá em Teerã em 1980, logo após a derrubada do xá Pahlevi e a ascensão do aiatolá Khomeini (vade retro!). Naquela época eu era editor de Política Internacional na “Tribuna da Bahia” e acompanhei passo a passo a crise dos reféns, uma coisa dantesca patrocinada pelos religiosos islamitas contra diplomatas dos EUA. O filme é um retrato poderoso e eu jamais pensei que um longa imitando um documentário sobre um falso filme poderia se tornar tão interessante. Mas é. É puro cinema. Você não se chateia um minuto sequer.

Agora, você vai se chatear em algum momento com “A Viagem”, por mais espiritualista que você seja. Ficar quase três horas vendo seis histórias paralelas se desenrolando é pesado. O filme é bom, mas eu assisti numa sexta-feira e tive que comprar o pirata no sábado para assistir de novo e entender a trama. E olhe que ainda não entendi tudo. Sou burro, como dizem meus inimigos para desmoralizar minhas quatro formações acadêmicas. Acho que meus inimigos têm razão...

Também “As Aventuras de Pi” exige de você uma paciência de Jó para aguentar e, ao final, os amigos que estavam comigo no cinema todos concordaram em uma só voz: é um filme sobre CANIBALISMO. Para nós, que já tínhamos tomado todas as cervejas Heineken disponíveis no Shopping Bela Vista (uau! Que salas memoráveis! E olhe que pagamos os ingressos. Tudo inteira. Não conseguimos um canal para fazer as famosas carteirinhas falsas de estudantes...), o tigre do barco é apenas uma metáfora do próprio jovem indiano protagonista do filme. Ele vê o cozinheiro comer (sic) o marinheiro e fica na dele. Agora, quando o cozinheiro resolve comer (sic) a mãe dele (a criatura da família dos símios que está no barco), então ele mata o cozinheiro, o come (sic) e como a mãe já estava morta mesmo, ele a usa como alimento para os tubarões que estavam cercando o barco. Eu e meus amigos radicais somos assim: FILME QUE DEIXA AO CINÉFILO A CHANCE DE INTERPRETÁ-LO A GENTE INTERPRETA DO JEITO QUE A GENTE QUER. “As Aventuras de Pi”, portanto, é um elogio à sobrevivência, mesmo usando o canibalismo como arma. Ponto.

E “Lincoln”? “Óli, seu mininu”, por mais que eu goste desta figura histórica, os filmes de nosso amigo Spielberg são sempre muito bons, mas é dramalhão demais e clichês judaicos permeando toda a trama sub-repticiamente. Preste atenção: Spielberg tem filmes passados em outras galáxias, tem filme passado com cores púrpuras no universo negro do Sul dos EUA, tem filme sobre seres alienígenas aos montes, mas está sempre passando sua idéia de família, preferência sexual etc. e tal. Eu gosto, mas não dou nem um Tony (o meu próprio Oscar kkkkkk) a ele.

E "Indomável Sonhadora"? Hum! Bonitinho mas meio chatinho e infantilzinho.

E “Django Livre”? Pense NUM FILME ÓTIMO, engraçado, dramático, um LIBELO ANTI-RACISTA DOS MAIS PODEROSOS e pense em violência e sangueira por todo lado.É tudo isso e é DEMAIS, BOM PRA BARALHO... Estou procurando um pirata para ver e rever, mas ainda não encontrei um pirata honesto (vixe!) com uma cópia boa. Tarantino é tudo de bom, desde “Pulp Fiction”, que já perdi as contas de quantas vezes eu vi. Mas não merece nem o Tony nem o Oscar. É diversão só.

Pronto, vamos ver se a Academia de Hollywood continua com sua maldade contra Affleck e além de tirá-lo das indicações a Melhor Diretor se vai sacaneá-lo também não dando a “Argo” o Oscar de Melhor Filme. Eu acho que, no fundo no fundo, deve ser alguma bicha doida entre os jurados que foi esnobada por ele. Ou, alguma mulher rancorosa também esnobada por ele. Eu sou meio doido, mas sigo o que meu amigo jornalista Clécio Max me ensinou sobre a vida dos humanos: “Roda, roda, roda e tudo termina em torno de pênis, ânus e vagina” (ele não usa os nomes assim; adaptem por favor...).

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“Escolha sua Yoani”

(“Folha de S.Paulo”)

“Cineasta palestino indicado ao Oscar foi detido nos EUA...”

(“AFP”)

Todo governo discricionário é RIDÍCULO. Nesta semana, o governo dos Estados Unidos deu um exemplo dantesco sobre como está tratando os estrangeiros depois do 11 de setembro de 2001.

Os funcionários da Alfândega no Aeroporto de Los Angeles resolveram deter o cineasta palestino Emad Burnat pensando ser um terrorista. Só que ele é indicado ao Oscar 2013 na categoria de Melhor Documentário, como co-diretor de “Cinco Câmeras Quebradas”. Os burocratas se recusaram a acreditar que ele participaria da Festa do Oscar no próximo domingo, só porque é árabe. Burnat estava com a família; foi um vexame horroroso. Os burocratas são assim, sempre COM A MENTE ESTREITA. Passei por isso esta semana no Ministério do Trabalho, na Av. 7, aqui em Salvador. Depois de ficar esperando de 5h45 do final da madrugada até às 11h49 da manhã, os mentecaptos me disseram que não tinham autonomia para interpretar um documento e DESAFIARAM um Alvará do juiz do trabalho RODOLFO MÁRIO VEIGA PAMPLONA FILHO. Vou mandar os burocratas da SRT de Salvaldor para deter cineastas no Aeroporto de Los Angeles...

Mas Burnat foi liberado, depois de ser bem humilhado, porque os EUA são assim: primeiro, os árabes SÓCIOS da família Bush derrubam o World Trade Center, e são ajudados a sair dos EUA para não sofrerem as consequências. Depois, TODOS OS ÁRABES do mundo pagarão caro pelo que os árabes amigos dos Bush fizeram, segundo nos mostra Michael Moore.

E Yoani nisso tudo? É outra vítima de governos ridículos: o de Cuba e o do Brasil. O de Cuba mandou que o governo brasileiro arranjasse pessoas para humilhar a jornalista Yoani Sanchez. E não é que a garotada e as nossas autoridades fizeram tudo certinho? Pois é, pra mim e minha falecida mãe, Dona Elza, isso é FALTA DE EDUCAÇÃO. Aliás, os baianos devem mudar logo seus slogans da Bahiatursa de que aqui somos um “povo gentil e hospitaleiro”. Nós somos grossos e vaiamos nossas visitas e não as deixamos falar.

Só isso, MAL-EDUCADOS, é o que somos.

* toNy paCheco tem formação acadêmica (isto quer dizer que estudei em faculdade, é mole?) em psicanálise, jornalismo, economia e radialismo. No Irã já estaria na cadeia há muitos anos...