tonY Pacheco
1. Desconfie de quem quer consertar o mundo
“George Orr
sonha e os seus sonhos tornam-se realidade”, assim a editora de Ursula K. Le
Guin nos apresenta o livro dela “The Lathe
of Heaven/O Flagelo dos Céus”, de 1971, que li há muitos anos, perdi na minha
própria biblioteca e agora consegui comprá-lo de novo diante de uma necessidade
urgente: pouco antes das eleições, com o clima do julgamento do “mensalão” e o
messianismo dominante se tornando mais contundente, eu quis rever aquele clima
que Ursula K. Le Guin descreve: o poder que os homens que acham que podem
transformar o mundo têm de destruir o mundo.
O livro é
uma ficção científica política escrito de maneira brilhante, pois nos leva a
viajar na mente de George Orr, o jovem detentor de um poder absoluto: o que ele
sonha se torna realidade. Mas não é sonhar apenas em ganhar na Mega-Sena. Se
ele sonha que o planeta foi invadido por alienígenas, efetivamente, ao acordar,
os alienígenas estarão entre nós, por toda a parte.
O “The New
York Times”, que é uma bíblia para aqueles que se interessam por literatura nos
EUA, festejou o livro como “Excelente e cheio de vigor”. Mas, independente da
opinião de quem quer que seja, no momento político sombrio que vivemos no
Brasil, é uma leitura utilíssima como reflexão: devemos, mesmo, entregar aos
outros a mudança do nosso mundo?
Fora a
reflexão política, é sempre divertidíssimo ler um bom livro em Português de
Portugal.
Ficha:
“O Flagelo
dos Céus”, de Ursula K. Le Guin
Publicações
Europa-América, Lisboa, Portugal
·
só
disponível, atualmente, em sebos e em livrarias da Internet.
2. A História
como não querem que saibamos
Normalmente
leio três livros ao mesmo tempo e, assim, não me chateio com o “mono-tema” de apenas um. Junto
com “O Flagelo dos Céus”, uma ficção científica, resolvi ler também “Guia
Politicamente Incorreto da América Latina”, dos jornalistas Leandro Narloch e
Duda Teixeira.
A obra é
facílima de ser lida, pois os jornalistas (modéstia à parte hehehehhehe) quando
sabem escrever, são rápidos e precisos em seus textos, o que nos livra da
chateação de ficar nas mãos com uma obra que se torna um sacrifício ler até o
fim.
Apenas uma
frase demonstra todo o veneno dos jornalistas ao analisar, com profundidade e
sem piedade, as personalidades dos “heróis” de nuestra America Latina: “A
melhor coisa a fazer na América (Latina) é ir embora”, disse Simon Bolívar, o
guia espiritual de Hugo Chávez, que, obviamente, como vários outros dirigentes
de nuestra America atual, não lê e nem sabe nada sobre aquilo que defende com
tanto ardor, como é o caso do bolivarianismo.
Se você é
um jovem militante do PCdoB, PT e assemelhados, prepare-se para chorar muito
com a vida de Che Guevara, Perón e Evita, Pancho Villa, Salvador Allende e
outros. Chorar... de ódio dos jornalistas por terem colocado num livro todas as
merdas que estas pessoinhas fizeram. Se não é destes agrupamentos políticos,
prepare-se para saber de uma História que todos querem esconder.
Irresistível,
em todos os sentidos.
Ficha:
“Guia
Politicamente Incorreto da América Latina”, de Leandro Narloch e Duda Teixeira
Editora
Leya
·
disponível
em qualquer livraria e até em supermercados
3. A difícil
tarefa de se ser o que se é
Dos três
livros que acabei de ler simultaneamente, o mais aparentemente leve é “Rick
Martin – Eu”, pois trata-se de uma autobiografia de um superstar da música que
está aí entre nós jovem, vigoroso, bonito e extremamente rico.
Mas é
aparentemente mesmo...
Ao final do
livro você, como pessoa inteligente que é, vai notar que, ao final, foi
extremamente doloroso para Rick Martin chegar aonde chegou até agora, pois as
patrulhas do comportamento não dão trégua e embora o próprio autor ache que sua
luta terminou, o próprio silêncio que se faz a respeito do seu livro mostra que
os histéricos que não fazem sexo de qualidade nem querem que ninguém faça não
perdoam e mantêm uma vigília permanente para que o mundo seja um lugar infeliz.
Bem infeliz.
Ficha:
“Rick
Martin – Eu”, do cantor Rick Martin
Editora
Planeta
* disponível
em supermercados e livrarias
o livro de rick martn é lindo. muito lindo mesmo.e num é chato nao
ResponderExcluirAo contrário de historiadores, os jornalistas nem precisam colocar notas de rodapé, com referências de fontes. Isso é bom de um lado porque facilita a leitura. Mas que isso pode vir a provocar uma baixaria, pode. Mais dois livros de Ursula K.Le Guin (anarquista): A Mão Esquerda da Escuridão e Os Despossuídos (que mostra uma sociedade anarquista e outra capitalista sob os olhares de um físico). Para o próximo feriadão.
ResponderExcluirA Mão Esquerda fala da possibilidade biológica de sermos "macho" ou "fêmea" e das suas consequência na psique, um belo enredo que se desenvolve em algum planeta gelado desse nosso universo...
ExcluirSim, não gostei de nenhuma das 3 sugestoes. O que vce tá lendo agora, pode dizer?
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