terça-feira, 1 de maio de 2012
Falta acessibilidade na Arena Fonte Nova
Note que a área do estádio é cercada por ruas e avenidas. Só que 90% dos passeios deste entorno são estreitos, incapazes de dar vazão aos torcedores, o que antigamente gerava uma multidão andando pelo meio dos automóveis. Será que vão dar um jeito nisso?
.
.
.
tony PAcheco
.
.
.
A Arena Fonte Nova, que substituirá o Estádio da Fonte Nova, deve repetir, mais de 60 anos depois, o mesmo erro de sua inauguração em 1951: não é um equipamento acessível a cadeirantes, mulheres de salto, idosos, crianças, gordos torcedores barrigudos, enfim, não terá acessibilidade à maioria dos baianos. Tudo igual Diógenes Rebouças bolou nos meados dos anos 1940. Será um estádio de acesso fácil só para jovens atletas, pesando entre 50 e 70 quilos, no máximo. Qualquer dificuldadezinha de locomoção ali será punida severamente, como o foi nos últimos 60 anos... Não haverá passeios largos e lisos para que todos possam ter acesso à Arena Fonte Nova. Ponto.
Ironia?
Não, não é ironia. A todos os projetos que tivemos acesso (atenção senhores construtores, este negócio está sendo edificado com dinheiro público, vale dizer, meu dinheiro, portanto, o acesso deveria ser total e irrestrito e não mostrar uma maquete dizendo que é acesso aos projetos...), ficou claro que o erro cometido pelo arquiteto e urbanista Diógenes Rebouças será repetido agora.
ESCRAVO DO TEMPO
.
.
Diógenes, entretanto, tem a seu favor as circunstâncias temporais: nos idos dos anos 1940, a Humanidade (não só em Salvador, mas em Londres ou Hong Kong) não tinha atingido ainda o patamar civilizatório de considerar as dificuldades de locomoção como algo a se superar e não a servir de chacota ou desdém.
Seria até uma coisa de profeta exigir de Diógenes Rebouças que cercasse o Estádio da Fonte Nova e o Ginásio Balbininho de uma rede de passeios largos e lisos para que cadeirantes, idosos, mulheres usando salto, crianças, mulheres grávidas ou gordos torcedores cheios de cerveja na barriga como eu já fui pudessem adentrar o espaço sem dificuldade.
Pelo contrário, o antigo Estádio da Fonte Nova era um absurdo de inacessibilidade cercado por passeios ridiculamente estreitos e por mais de uma centena de obstáculos dos tipos vãos, desvãos, escadarias, meios-fios altos demais, as ridículas pedrinhas portuguesas, enfim, uma corrida de obstáculos para a maioria das pessoas que não fossem atletas.
LOCALIZANDO NO ESPAÇO
.
.
Posso estar redondamente enganado, mas acredito que todos das áreas de Engenharia e Arquitetura envolvidos na obra tenham ideia da localização espacial da Fonte Nova. Mas quem está lendo este texto pode ir ao Google e localizar a gigantesca área: ela está situada entre a Ladeira da Fonte das Pedras, também conhecida como Ladeira da Fonte Nova; segue-se uma alça que vai desta ladeira até o início da Avenida Presidente Costa e Silva (que passa na frente do estádio e onde estão situados dois restaurantes no Dique do Tororó); segue-se a própria Av. Costa e Silva; depois uma imensa escadaria ligando a avenida à antiga Ladeira da Telebahia, que hoje tem o nome de Rua Professor Hugo Baltazar da Silveira; segue-se, subindo, e entra-se na Rua Professora Anfrísia Santiago, que é a rua de acesso à antiga Tribuna de Honra do estádio e, finalmente, volta-se à Ladeira da Fonte Nova, fechando-se a figura geométrica irregular que circunda a Arena.
Pois é, em todo este passeio circundante, 90% não têm largura superior a 2 metros e em boa parte o passeio, esburacado, como convém a Salvador, tem pouco mais de 1 (eu disse UM...) metro. Em sua maior parte também, principalmente na entrada dos torcedores pela Ladeira da Fonte Nova, há mil obstáculos diferentes, sendo o mais comum deles, os degraus.
O QUE SE DEVE FAZER?
.
.
Não estamos mais em 1943, quando se teve a ideia de fazer a Fonte Nova, nem tampouco em 1951, quando ela foi inaugurada, quando Diógenes Rebouças e seus contemporâneos não pensavam em acessibilidade.
Estamos no décimo segundo ano do século XXI e, portanto, no século das preocupações humanitárias civilizatórias de mobilidade para todos, portanto, não podemos construir um estádio moderníssimo cercado por um anel de passeios de 1 metro e repleto de degraus.
Qualquer engenheiro ou arquiteto envolvido no projeto pode incluir (pois espaço na área há de sobra...) um largo passeio de pelo menos 5 metros de largura, sem obstáculos, cheio de rampas em vez de degraus. E passeio de concreto escovado e com peças esparsas de granito, jamais pedras portuguesas e paralelepípedos, inimigos dos idosos e das mulheres.
Agora, fique bem entendido: não estamos falando dos passeios internos de locomoção dentro das novas instalações que estão sendo construídas. Estamos falando do anel de passeios circundante, nas vias que enumeramos acima, pois a Arena só terá 2 mil vagas de estacionamento, quando a FIFA exige 10% em relação ao público. Quer dizer, como a Arena terá capacidade de 55 mil pessoas, deveria haver 5.500 vagas de estacionamento. Não haverá. Portanto, a maioria esmagadora dos torcedores virá pelos passeios circundantes à área, pois seus veículos estarão estacionados longe dos portões do estádio. Esta acessibilidade por este anel de passeios do entorno é fundamental para que o projeto não erre numa coisa tão simples e necessária, como errou em 1951.
O governador do estado e o prefeito da capital poderiam se unir nesta exigência aos construtores e a sociedade civil, claro, deveria exigir esta união para que não se construa um equipamento público que hostilize quem vai usá-lo pelas próximas décadas.
Fica a sugestão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
não sei, mas tá com cara de matéria "encomendada"... por quem será???
ResponderExcluirToni é ingenuidade pensar que esses caras esqueceram da mobilidade de mulher grávida, idoso, cadeirante, criança e pingusso igual voce. Esses caras não tem nem aí.Querem fazxer um shopping ali. Quem interessa a eles vai chegar de helicpotero ou vai direto pra zona vip sem andar nenhum metro a pé.
ResponderExcluirPode escrever aí, porque a zorra fica pronta daqui a seis meses. Eles não vã fazer nada pra melhorar o acesso das pessoas. Ali vai ser shopping, hotel e um estádio médio pra rico.
Melhor levar seu chororô pra outra freguesia. Wagner e JH não tão nem aí.
O que vcs inimigos não entendem é que somos governados por idiotas e eles não tem competencia pra ver este tipo de situação. espere sen tado, porque nada será feito.
ResponderExcluir