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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Que segurança é essa que queremos ?

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Carlos Baqueiro
cbaqueiro@terra.com.br

Outro dia perambulando pelo Facebook vi um pequeno manifesto, que partia de um dos meus “amigos”. Ali, ele dizia:
QUEREMOS CONTINUAR MORANDO EM SALVADOR !... Governador J. Wagner, Prefeito João Henrique – QUEREMOS SEGURANÇA!----Até domingo dia 07/08, sempre que ler esta frase no mural de alguém clique em “CURTIR” assim a manifestação crescerá rápido e durará mais tempo. Vamos mostrar para nossos governantes o impacto que podemos causar com um gesto simples.
Logo de cara não engoli o manifesto e tive que respondê-lo sob o risco de ter um enfarte de tanta ansiedade que fiquei. Sem a calma necessária a uma resposta racional fiz a seguinte afirmação:
Esse negócio de "Queremos Segurança" me parece meio classe média... pior que tenho "medo" também do Estado aceitar a sugestão e meter câmeras de vigilância prá todo lado e policiais civilizados com seus cães amestrados, ou vice-versa, prá nosso lado... Por mim a frase correta seria, como há uns 213 anos atrás, nas ruas de Salvador: "Animai-vos Povo Bahiense que está por chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o tempo em que todos seremos iguais".
Não sei se meu “amigo” percebeu, mas eu citava a frase de um dos manifestos que correram a cidade de Salvador, aqui na Bahia, durante a Revolta dos Alfaiates. Naquela conjuração, acontecida em 1798, muitos baianos se uniram contra o que consideravam um governo autoritário e corrupto, e lançavam às ruas os mesmos ideais que os franceses haviam lançado nove anos antes: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Conversando com outras pessoas, no mundo real (ou melhor dizendo, não virtual), alguns me consideraram exigente demais. Para essas pessoas estaríamos mesmo precisando impor limites à violência urbana. E a curto prazo, com mais policiais nas ruas, câmeras e muitas penitenciárias para prender quem fosse necessário.

Não quero crer que tais pessoas estariam relegando os lemas da Revolução Francesa, e privilegiando a visão de um mundo fascista, tal qual aquele que podemos ver em distopias como 1984, de George Orwell, ou Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Ou mesmo relembrar, com os anos totalitários vividos por russos ou alemães.

Não. Com certeza essas pessoas não devem querer viver como zumbis, sem qualquer perspectiva de liberdade. Sem que possam pensar em qualquer coisa que vá de encontro a um Estado Policial que vigie até as nossas mentes. Não creio nisso.

Elas devem querer somente mais segurança mesmo. Apenas mais um pouco de segurança. E, mais dia, menos dia, estarão nas ruas clamando por mais liberdade. Ou nas redes sociais, refutando quaisquer manifestos que pareçam indicar um futuro fascista e totalitário para a humanidade.

3 comentários:

  1. esse movimento pendular, onde passeamos pelos quatro quadrantes do imponderável, é por demais estimulante...

    diria, até que é, uma dúvida atroz que nos atormenta; eita nóis, sô!

    desejamos, pois, a própria contradição: mais segurança ou mais liberdade??

    termos antagônicos e excludentes, visto que a experiência histórica nos ensina que onde a segurança (que pressupõe mais vigilância, mais punição etc...) vicejou a liberdade murchou de maneira aviltante: hitler, vargas, stalin, peron, mussoline, fidel, salazar, mao tsé-tung, pinochet, pol pot, stroessner etc, etc.....

    lembrei-me de uma 'hiena' que sempre terminava suas historinhas com a lapidar frase: "oh vida, oh céus, oh azar"

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  2. um outro exemplo a ser citado ocorreu na cidade de New York durante a década de 1990, que através do seu prefeito o Sr. Rudy Giuliani, tomou medidas drásticas contra a população pobre: tolerância zero contra quaisquer tipo de crime cometido contra a propriedade privada....

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  3. Eu acho fascinante esta discussão, pois ela me remete ao imponderável MESMO. É possível, AINDA, haver uma ordem social JUSTA num mundo de 7 bilhões de pessoas?
    É apenas um pedido de reflexão...

    Tony Pacheco

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