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Carlos Baqueiro
cbaqueiro@terra.com.br
Nesta postagem raivosa não tenho a pretensão de tecer análises profundas ou conclusivas. Não se trata de uma matéria jornalística ou um estudo científico. É apenas um desabafo ou, ironicamente, “um brado forte e retumbante”, como sempre muitos ainda cantam com brio e orgulho.
A minha revolta, neste caso, não está ligada às grandes questões nacionais, como os sem-terra, a fome no Nordeste, a tragédia da saúde e da educação pública, o desemprego e as terceirizações, ou a privatização branca da Petrobrás, que no primeiro semestre de 2011 lucrou mais de 20 bilhões de reais.
Estou, sim, me referindo ao complexo de inferioridade que sempre assolou o país. Nossa formação histórica, assim como de tantos outros países, foi de subserviência. Fomos colônia por 322 anos e, para ficarmos “independentes”, assumimos a dívida da coroa portuguesa com a Inglaterra. Aceitamos o papel de monocultores voltados para a exportação, enquanto nossa abastada burguesia aristocrática se comportava e consumia como se vivesse em algum bairro chique de Londres.
Auxiliamos os países imperialistas quando eles nos solicitavam. Assim estraçalhamos nossos vizinhos paraguaios, que se opunham a imperiosa Inglaterra e atrapalhamos a vida dos dominicanos em nome da nossa amizade com os anjos americanos (para quem não tem boa memória, ajudamos os EUA a invadir a República Dominicana), e ainda hoje ajudamos na intervenção “humanitária” no Haiti.
Mas agora que estamos na “Era da Informação”, o nosso complexo se adequou aos novos tempos. Podem reparar que, volta e meia, aparece um pau-mandado das grandes potências, com fama de intelectual ou especialista, e diz que o país está fazendo isto ou aquilo errado; que deve fazer este ou aquele ajuste. Pode ser, por exemplo, um “jornalista” de alguma Revista Semanal (cujo dono é um daqueles burgueses aristocráticos já citados), afirmando peremptoriamente que devemos agir como chineses e indianos para crescer como eles.
Ou então em alguma Revista Estrangeira. Quando o gringo fala, é uma correria alucinada para responder e se justificar. Isso quando tal crítica não tem conseqüências concretas, como uma mudança de condução na política econômica do governo, por exemplo.
Antes, com o PSDB no poder, Malan era o responsável mor por estas respostas no governo neoliberal de FHC. Durante alguns anos Palocci foi o respondedor oficial do governo liberal/petista. E agora vemos Guido Mantega correr para as câmeras de TV para dizer que estamos “fortes”, pois fomos bons alunos e estamos cumprindo todas as ações ensinadas pelo FMI e pelo Banco Mundial.
Por isso alerto. Não dêem ouvidos a aqueles homens sem garbo. Eles não parecem estar interessados em nossas grandes questões nacionais, muito menos no bem-estar do povo brasileiro. Eles apenas parecem querer ajudar a garantir as melhores condições possíveis para a valorização dos grandes capitais externos investidos no país.
Mas há gente pior que eles. Temos aqui pertinho de nós indivíduos que batem no peito se dizendo defensores do Brasil. Alguns até são grampeados falando isso. Mas sob esta máscara os Paloccis, Malans, Robertos Campos, ACMs (filhos e netos), FHCs, Delfins Netos da vida, fazem o serviço subalterno do capital internacional, e de seu próprio interesse.
Não quero que se pense que estou fazendo um discurso patriótico. O patriotismo é caracteristicamente xenófobo. Não sou contra aqueles que nascem fora de nossas fronteiras. Sabemos que de ambos os lados dessas fronteiras se encontram pessoas que apenas desejam satisfazer seus egos e prazeres pessoais, aqueles que por um mísero milhão de dólares podem decretar a morte de milhões de pessoas.
Portanto a nossa resistência deve se iniciar a partir deste pressuposto: Não devemos nos sentir diferentes por causa da cor, sexo, religião ou nacionalidade. Mas sim pela ideologia. De um lado os que acreditam na liberdade, igualdade, solidariedade, e na força que o povo tem para autogerir seus próprios destinos. É para este lado que gostaríamos que todos se lançassem.
sou solidário com a sua, digo nossa, "revolta"...
ResponderExcluirchega de tanto sim senhor, meu doutor!!!
digamos um belo e sonoro NÃO para esses 'engomados' da classe média que só vive do sonho de enriquecer às custas do suor alheio.
essa vontade de agradar os "gringos" é aviltante...
ResponderExcluirStefan Zweig
ahahahahahah
ResponderExcluirBaqueiro, nem acredito muito na inferioridade. Acho que a coisa pega mais pelo lado do oportunismo, no sentido de oportunidade. O sujeito vê que vai ganhar muito dinheiro, então, este conceito de país, pra ele, nem existe. Ele vende até os rins dos índios, mas se puder pegar uma grana preta, então, fudeu. Vende mesmo. Seja o comprador americano, inglês ou de Botswana.
ResponderExcluirTony Pacheco
E acho também que este sentimento de inferioridade que você e tantos detectam, nasce do profundo DESPREZO que nossas classes dominantes têm com o Brasil. Esta gentalha torce o nariz para tudo que é brasileiro (vide como ricos e nova classe média estão gastando BILHÕES no exterior). É gente que não conhece um palmo de terra para além do seu bairro chique ou de classe média, mas é capaz de recitar os nomes de ruas e parques de Paris ou Miami. Como as classes subalternas tendem a MACAQUEAR as classes dominantes, aí espalha-se esta inferiorização que você detecta. A galera odeia aqui, tem nojo. Se pudesse nunca pisaria os pés no Brasil, mas como a ROUBALHEIRA para manter o seu status é realizada no Brasil, ficam aqui alguns dias do ano e o resto do tempo vai gastar na Europa e EUA o que roubou aqui. E, full time, ficam esculhambando com tudo que é brasileiro: nosso povo, nossas tradições culturais, o jeito que temos para resolver problemas, tudo em nós está ERRADO para os grupos dominantes. Eles só gostam mesmo é do nosso jeito carinhoso de ser: tomamos porrada e ainda saimos sambando. Isso eles ADORAM.
ResponderExcluirAcho interessante, que povos que se acham "superiores", a ponto de criticar nossas crianças de rua, violência, favelas entre outras mazelas ... se esqueçem que seus territorios estão cheios de guetos raciais,econômicos e religiosos.Fala sério viu!!
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