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Carlos Baqueiro
cbaqueiro@terra.com.br
Será que ainda tem algum brasileiro que fica com pena dos EUA quando vê a imagem do presidente Barack Obama martirizado com a dor de flechas que sangram seu corpo, como se encontra na capa da Revista Veja dessa semana que passou ?
Quando vi aquela capa hoje em um mercado aqui perto de casa, lembrei imediatamente de um livro chamado "501, A Conquista Continua" de Noam Chomsky.
A leitura do livro nos leva a acreditar que a elite americana não perderá a chance de manter seu status quo. E fará o que for necessário para isto. Seja pela manipulação cultural, ou simplesmente pela força das armas. Vejamos o que nos expõe Chomsky.
“Quando levados em consideração os recursos daquele vasto país, fica evidente que dentro de poucos anos o Brasil se tornará uma das maiores potências do mundo", escreveram os editores do Washington Post em 1929, de acordo com o livro citado. Seguindo a mesma fórmula da "Boa Vizinhança", o Brasil em 1926 foi chamado de "Colosso do Sul" pelo New York Herald Tribune, em contrapartida ao já conhecido então "Colosso do Norte", ou seja, os Estados Unidos.
Naquele livro, publicado em 1993, Chomsky, um intelectual não muito agradável aos olhos da elite americana, nos faz começar a compreender um pouco mais as características da tão terrível Doutrina Monroe: "A América para os Americanos". Compreendemos melhor, quando, por exemplo, Chomsky nos revela as palavras de um ex-presidente americano, Sr. Taft, prevendo "que não está longe o dia em que todo o hemisfério será nosso de fato, como, em virtude da nossa superioridade racial, já o é em termos morais".
"No início de 1962 os comandantes brasileiros informaram ao embaixador de Kennedy, Lincoln Gordon, que estavam organizando um golpe. Com a iniciativa pessoal de Kennedy, os EUA começaram a emprestar apoio secreto e aberto aos candidatos da direita nas eleições". Seja anteriormente ao golpe de 64 ou depois, os EUA sempre estiveram por detrás dos fatos mais dantescos acontecidos no Brasil. A sua política de "Boa Vizinhança" era, na realidade, uma política de utilização da América Latina como mercado para as exportações americanas, beneficiando as suas grandes empresas privadas. Mesmo quando, em um ato de "amizade", os EUA financiaram um projeto siderúrgico brasileiro (provavelmente ao tocar neste assunto Chomsky se referia a CSN, no governo de Getúlio), estava por detrás das boas intenções apenas exportar tecnologia simples, além do que "os países que devido a esta fábrica vão perder a maior parte dos negócios com o Brasil são a Inglaterra e a Alemanha".
A ação americana não se deu e nem se dá apenas no Brasil, é óbvio. Sua doutrina de aproximação e de "comércio livre mercantilista" investe em toda a América Latina e no mundo. "O petróleo da Venezuela sob a ditadura de Gómez, as minas da Bolívia, do Chile e dos demais países e as riquezas de Cuba, eram alguns dos alvos preferidos". No livro, Chomsky vai mais além e se refere também a massacres nas Filipinas, Oriente Médio, para não esquecermos o mais conhecido, no Vietnã.
Porém, o caso do Haiti talvez seja o mais estúpido (se é que podemos comparar estupidez). Em 1808 os haitianos conseguiram expulsar os franceses e começaram a viver num regime independente. De acordo com o antropólogo Ira Lowenthal, "o Haiti foi a segunda república mais velha do Novo Mundo, mais do que até mesmo a primeira república negra do mundo moderno. O Haiti foi a primeira nação livre de homens livres que surgiu dentro da constelação emergente do império europeu ocidental - e como resistência a ela". A invasão do Haiti em 1915, pelos EUA, seria conseqüência da visão de "Maçã Podre", a qual poderia criar condições de "apodrecer" os vizinhos, e de acordo com Chomsky, foi mais selvagem e destrutiva do que a invasão da República Dominicana.
"Os soldados de Wilson (presidente dos EUA em 1915) mataram, destruíram, virtualmente reinstituíram a escravidão e demoliram o sistema constitucional... O major Smedley Butler lembrou que os seus soldados caçavam os cacos (como eram chamados os rebeldes que resistiram a invasão) como se fossem porcos". Por isto, F.D. Roosevelt mandou que o agraciassem com a Medalha do Congresso.
Nos anos 90 invadiu Granada e Panamá. E com a aceitação por parte da ONU e OTAN, invadiu o Iraque, duas vezes, e a Somália, tomando o posto de "dono do mundo" após a queda do Império Totalitário Soviético. Mas a história não acaba aí. A elite que governa os EUA tem agora um negro como chefe condutor na Casa Branca, e continua tentando submeter o mundo em seu redor.
Mais próximos a nós, no Brasil, podemos imaginar o quanto aquela elite deve investir para nos transformar em meros mantenedores de matéria prima. Deve querer maior liberdade para explorar os já oprimidos trabalhadores, deve ter adorado o fim dos monopólios estatais do petróleo e das telecomunicações. E, agora com a nova crise, deve estar sedenta para continuar sugando as riquezas do subsolo (como fizeram com o Manganês do Amapá), se possível de graça. Tudo isso com o auxílio da elite tupiniquim, agora, mais do que nunca, fortalecida, com a social-democracia do PT e PSDB subordinada a ela (ou se tornando também elite).
Por fim, novamente aproveitando as informações de Chomsky, temos de compreender que também o trabalhador americano é explorado. E da década de 80 para cá, a elite no poder se volta com mais força para dentro de seu próprio país, para poder incrementar a opressão. "Um relatório do Congresso divulgou estimativas de que a fome cresceu 50% desde meados da década de 80, atingindo algo em torno de 30 milhões de pessoas. Outros estudos mostram que uma em cada doze crianças menores de 12 anos sofre de fome...".
Sempre que lei sobre os EUA procuro sinais de que a pessoa entende o mecanismo de dominação das elites americanas.
ResponderExcluirO seu post está corretíssimo. A dominação não se dá só externamente, como pensam os mentecaptos latino-americanos esquerdizóides. Os EUA são um país de 310 milhões de habitantes que mantêm 50 milhões na pobreza, o que equivale à soma de S. Paulo + Bahia. É muita gente na merda.
E os trabalhadores americanos vivem manipulados por sindicatos pelegos tais como os nossos. São condições de trabalho humilhantes, jornadas "livres", quer dizer, a maioria do patronato americano exige que você trabalhe quanto eles querem e ao final de um ano lhe dão SOMENTE DUAS SEMANAS DE FÉRIAS. Não tem fundo de garantia e a indenização por demissão varia de categoria pra categoria, de cidade pra cidade, de estado pra estado. É uma neo-escravidão.
Então, é bom ver que a exploração da elite americana no mundo se dá externa, mas, também, INTERNAMENTE.
Mas como tudo na História Humana, a China vem aí para piorar o que já é ruim. Quem viver verá!
Tony PacheCo
diante de tamanha vilania dos "anglo-saxões, brancos e protestantes", faço minhas as palavras de mikhail bakunin:
ResponderExcluir“Só desejo uma coisa: conservar até o fim dos meus dias com toda integridade, o dom, para mim sagrado, da indignação!... A forte atração pelo fantástico é um defeito capital de meu ser, a tranqüilidade me aborrece”.
já passou da hora de darmos um basta a essa postura nefasta de "donos do mundo":
ResponderExcluir“Parece-me que nosso prazer e dever seria tornar livres aquelas pessoas e deixar que elas próprias resolvam sozinhas as suas questões internas. E é por isso que sou antiimperialista. Eu me recuso a aceitar que a águia crave suas garras em outras terras.”
MARK TWAIN
Místicos milenaristas, gnósticos, irracionalistas, incapazes de aceitar a realidade humana imperfeita e frágil, terrena, mundana.
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