9:12 – 20.09.2013 – Sexta-feira
tony Pacheco*
1. Já vi “Elysium” na Internet. É muito bom. Vá ver no cinema.
1. Já vi “Elysium” na Internet. É muito bom. Vá ver no cinema.
Wagner Moura contracena com Matt Damon: tão bom quanto.
Ao contrário do que você deve ter lido em alguns jornais, “Elysium”
não é um planeta. É uma estação orbital. Uma gigantesca estação orbital onde as
classes dominantes do planeta Terra se refugiaram. Fizeram no espaço o que não
conseguiram fazer na Terra: a natureza é respeitada, há vegetação por todo
lado, não há aglomeração humana (a natalidade é controladíssima), as doenças
foram todas resolvidas com altíssima tecnologia. Mas, como dizem os americanos,
“não existe refeição grátis”. O preço de viver num paraíso deste na órbita da
Terra é que aqui na superfície ficamos nós, os pobres. Neste aspecto, o filme é
uma alegoria social do que já vivemos, inclusive no Brasil, com os ricos tendo
uma “segunda vida” nos EUA (principalmente Miami e Nova York) ou na Europa
(Paris, Londres, Berlim ou Roma), deixando nós aqui, FEITO ESCRAVOS,
trabalhando para a manutenção de suas vidas de potentados árabes do petróleo.
A mensagem do filme, em resumo, é esta: em “Elysium” ficam
as pessoas bem nascidas numa vida de paraíso, aqui na Terra ficam os pobres
trabalhando em regime escravo, sem saúde, sem educação, sem segurança e sem
felicidade. “Elysium” não parece, assim, Angra dos Reis e suas ilhas
fluminenses? Trancoso ou as ilhas baianas entre Morro de São Paulo e Camamú? Pois
é!
E para arrematar, um baiano está no elenco. O maior de todos
os baianos das artes cênicas na atualidade: Wagner Moura, o eterno “Capitão
Nascimento” de “Tropa de Elite”. Só que ele agora é um bandido, mas um bandido
do Bem, pois ele facilita a entrada em “Elysium” por parte dos miseráveis que
vivem na face da Terra e precisam de tratamento pra não morrer de câncer, por
exemplo. Wagner Moura está simplesmente perfeito em seu papel. Diferentemente
de uma Carmen Miranda ou de uma Sônia Braga, ele se insere na trama com sua
personagem sem parecer caricatura de latino-americano clássico. É um ator
convincente, SEM NENHUM FAVOR. Do alto de minha inexperiência, digo que sem
dúvida nasce uma carreira internacional para um ator brasileiro que não nos
envergonhará.
Vi “Elysium” na Internet, há uns 15 dias, por estas magias
russas e chinesas da atualidade. Mas minha cópia estava compreensivelmente ruim,
por isso, vou assistir de novo no cinema do Shopping Bela Vista, que é assim um
“Elysium” do mundo dos shoppings baianos, pois as multidões enfurecidas de
Iguatemi e Salvador Shopping realmente se tornaram insuportáveis...
P.S.: pra quem não sabe, Wagner Moura é formado em Jornalismo, para orgulho de todos nós, jornalistas.
P.S.: pra quem não sabe, Wagner Moura é formado em Jornalismo, para orgulho de todos nós, jornalistas.
2.
O patético Dia Sem Carro
Isso, deixe seu carro em casa e use este magnífico ônibus de nossa frota
Vamos repetir aqui o Dia Sem Carro, no próximo domingo, imitando a Dinamarca, a Suécia, a Alemanha, países onde o sistema de transporte
público é variado e CONFORTÁVEL DEMAIS (metrô, trem, ônibus com calefação e ar-condicionado,
bondes, lancha, ferry). Quer dizer, como os argentinos gostam de nos chamar,
somos “macaquitos”: imitamos sem saber exatamente o que estamos imitando.
O Brasil NÃO PODE ter um Dia Sem Carro pois
NÃO TEMOS metrô, nem trem urbano, nem ônibus confortáveis, nem ferries de
qualidade, nem lanchas, NADA, não temos nada. Só temos ônibus velho sem vias
preferenciais que os permitam nos levar confortável e rapidamente aonde
precisamos ir. E, ainda tem mais: O AUTOMÓVEL É A MOLA MESTRA DE NOSSA
ECONOMIA, quem ignora isso não merece governar o Brasil. Vejam um apanhado
rápido que publiquei aqui no blog em maio do ano passado quando a presidente
Dilma, sabiamente, estava ajudando a indústria automobilística a manter viva a
economia brasileira ameaçada pela crise internacional:
“... o setor automobilístico mobiliza tantos
interesses na sociedade brasileira, que não se pode mexer com ele sem colocar
em risco a macro-economia.
Vejam os números: 22,5% do Produto
Industrial Bruto do Brasil é formado pela indústria de veículos e autopeças. Em
termos de Produto Interno Bruto total, 5,2% é o percentual representado pelo
setor. Em 2010, foram US$27 bilhões de impostos recolhidos entre IPI, ICMS, PIS
e Cofins. De per si, é a mercadoria que mais gera impostos para o Estado
Brasileiro. Do fabricante em São Paulo até o borracheiro que tapa o furo do
buraco do nosso pneu ali na esquina, são 200 mil empresas envolvidas com automóveis
e veículos em geral. Isto gerava 9 mil empregos quando a indústria
automobilística foi implantada por Juscelino Kubitschek em 1956 e gerou 137 mil
empregos diretos em 2010 e 1 milhão e meio de empregos, se contarmos os diretos
e os indiretos.
Em 2010, eram 26 milhões de automóveis; 4,2
milhões de pick-ups e outros comerciais; 1,7 milhão de caminhões e 498 mil
ônibus. É um mundo pra oficina e governo nenhum botar defeito, mantendo a
economia girando.”
Entendeu ou quer que eu desenhe?
Pois é, combatam o automóvel e PARALISEM A
ECONOMIA BRASILEIRA, promovendo desemprego, inflação e o caos econômico. E
nunca me canso de dizer, “chapéu de burro é marreta”...
* tonY Pacheco é jornalista-radialista profissional e estudou Economia na Universidade Federal de Juiz de Fora e na Universidade Federal da Bahia.
Mas é chique falar de bike e andar a pé e você não é chique.
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