Dr. Frankenstein vive...
Ricardo Líper
Não tenho nada contra a operação radical
que fez essa atriz tão bela e competente. Não a critico em hipótese alguma, ela
é resultado de um paradigma: Thomas Khun foi quem falou que a ciência
estabelecia paradigmas, protocolos, se quiserem, que depois serão abandonados aleatoriamente. Não precisamos nem ir a Foucault nesse artigo, podemos ficar
só em Khun. O problema do paradigma atual é que é mais cômodo para os médicos
brincarem com a tecnologia de exames cada vez, diz o paradigma, mais
sofisticados e eficientes.
Claro que quem já leu Marx sabe que por detrás
desses exames industrialmente sofisticados existem os interesses do capital. Daí
os planos de saúde viverem em profundo desespero e serem tão caros. Quando você vai a um
médico e se queixa de alguma coisa sai com um monte de papeis nas mãos. Parece
que tem lógica? Tem alguma ou nenhuma. Os sintomas para eles nada significam a não
ser como uma indicação de pedir exames. Os mais burros ou ansiosos pedem tudo que existe porque tira o dele da reta. Evita o raciocínio e o paciente que se foda fazendo
centenas de exames, alguns dos quais. o podem levar a morte. Mas o resultado mais
cinematográfico, de ficção científica e filme de terror, foi o de Angelina
Jolie. Dr. Frankenstein vive.
Não estou lhe dizendo que não faça exames e não
vá aos médicos. Não. Porque sua culpa seria tanta que o atormentaria a você e
sua família durante toda a sua encarnação e nas outras. Todos como bons
carneiros se submetem e sofrem e ponto final. Angelina está certíssima. Se eu
tivesse peitos femininos (nunca os quis ter), diante do que ela leu no exame, eu faria o mesmo. Tanto que encontrou médicos para fazê-lo. Quando o exame
chegar aqui muitos homens arrancarão a próstata aos 20 anos. Eu tenho uma
amiga que há anos faz várias endoscopias. Já fez aquele via ânus. Nada
comprovado. E aí vem a solução do médico. Nenhuma reposta. Ela há anos sofre de
azia, má digestão, come regrado e nada revelado pelos exames, portanto fica abandonada com seus sofrimentos e fazendo endoscopias. Já foram várias. O plano
de saúde dela muitas vezes pede um tempo. Quando o tempo passa e o plano
permite, ela começa a fazer exames de novo. Vários. É sentir qualquer coisa e ir
ao médico sai com uma pilha de exames. Tudo que ela sente continua a sentir e
enfim ela sofre, assim como seus médicos, da Síndrome de Angelina Jolie.
Este artigo não lhe aconselha a não ir a médicos. Eu mesmo vou e faço alguns exames, claro, sabendo de tudo isso, mas empurrado pela culpa de não fazê-los. O problema, meu caro Watson, é psicológico: o médico tem medo de não pedir os exames disponíveis e o paciente, diante do pedido, para se tranquilizar, o faz. Há se eu pudesse inventar um novo exame bem caro para poder ficar rico e me mandar daqui para viver em uma ilha paradisíaca como um eremita.
Este artigo não lhe aconselha a não ir a médicos. Eu mesmo vou e faço alguns exames, claro, sabendo de tudo isso, mas empurrado pela culpa de não fazê-los. O problema, meu caro Watson, é psicológico: o médico tem medo de não pedir os exames disponíveis e o paciente, diante do pedido, para se tranquilizar, o faz. Há se eu pudesse inventar um novo exame bem caro para poder ficar rico e me mandar daqui para viver em uma ilha paradisíaca como um eremita.
Prezado Ricardo, bela análise do drama atual que nós pobres mortais enfrentamentos e celebridades também. Eu ri muito sobre as endoscopias de sua amiga, pois euzinho aqui mesmo sofri pra caramba realizando endoscopias, procedimento chato e incômodo. Hoje, prefiro conviver com refluxo e azias, mas não faço endoscopia, que agora tmbém mata.
ResponderExcluirDigo: que nós pobres mortais enfrentamos...
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