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domingo, 11 de setembro de 2011

Luiz Mott: homem com H maiúsculo

Alex Ferraz
Poucos homens teriam a coragem de enfrentar os adversários que Luiz Mott enfrenta: a Família Conservadora, o Estado, a Polícia, as Forças Armadas, a (in) Justiça, a Escola, a Religião e o Preconceito em geral, todos irmanados para negar aos homens que amam outros homens todos os seus direitos.
   
Nascido Luiz Roberto de Barros Mott, em São Paulo, capital, e renascido na Bahia de Todos os Santos, como Luiz Mott, o fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), merece todos os elogios e homenagens nesta parada gay de amanhã. Sei que o tema geral do evento é “Homofobia é Igual a Racismo”, o que é fundamentado, mas gostaria de aproveitar esta oportunidade para reverenciar esta figura que dedicou o melhor de sua existência a lutar pelos direitos civis das minorias sexuais (gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros etc.), que, se olhadas pelo rigor intelectual do sexólogo Albert Kinsey, são a maioria da população. Poderíamos citar aqui que Mott teve formação religiosa em colégio dominicano de Juiz de Fora, formou-se em Ciências Sociais pela USP, fez mestrado em Etnologia na Sorbonne (França) e é doutor em Antropologia pela Unicamp, mas preferimos enaltecer sua formação na defesa da vida humana, em toda a dimensão universal que isso tem. Mott é referência em militância em favor dos Direitos Humanos em centros acadêmicos de todo o Brasil e do mundo. Sua obra (mais de 10 títulos), é referência em universidades do planeta afora. Não por acaso, passa o ano inteiro dando palestras na América e Europa. Poderia ter tido uma vida fácil, sendo o pai-de-família bem comportado que todos esperavam dele (é pai de duas filhas), mas preferiu enfrentar a família, a religião, o governo e o ódio dos enrustidos e, contra a maré, enfrentar o mundo pelo direito de ser o que é: um homem com H maiúsculo.
Contra a maré (I)
   Luiz Mott, ao contrário de dirigentes de boa parte de ONGs, nunca precisou da organização que presidia. Professor de valor reconhecido por alunos e por seus pares, com mestrado e doutorado, tinha uma vida totalmente equilibrada financeiramente. Mas, em vez de seguir uma vidinha bem comportada, preferiu atirar-se à luta, uma característica dos adeptos do homoerotismo, especialistas em guerras, pois começam tendo que lutar por seu direito à vida dentro das famílias e depois se especializam a lutar contra a homofobia do mundo.
Contra a maré (II)
   Como ressalta o professor Ricardo Líper, da Ufba, os valores mais elogiáveis da personalidade de Luiz Mott são a sua perseverança e a sua coragem. Ameaçado de morte, vítima de maledicência e inveja, nunca teve medo nem arrefeceu em sua luta pelos direitos das minorias (maiorias) sexuais e o Brasil deve a ele e a todos que junto com ele lutaram e lutam no GGB, boa parte da abertura da mente brasileira para o assunto do homoerotismo.
Contra a maré (III)
   Neste domingo de parada gay em Salvador, quero fazer a Mott minha simples homenagem ao seu valor como Homem, no dia de amanhã e sempre, em meu nome, de Líper, de Tony Pacheco, de Marcelo Cerqueira e tantos outros que lutam a boa luta. Você, Mott, é um digno sucessor de Alexandre da Macedônia e de Júlio César, os maiores generais da história militar do Ocidente, ambos de sua linhagem, que só conhece a coragem.

- publicado na "Tribuna da Bahia", coluna Em Tempo.


3 comentários:

  1. So homem com homem?? que preconceito e este???

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  2. Artigo que fala pura verdade sobre esse grande homem que se distingue pela coragem, perseverança e pela abnegação. Bravo Mott, e a luta continua!

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