quinta-feira, 14 de julho de 2011
Semeando as mudanças no status quo
Alfredo Nascimento passa o Ministério dos Transportes para Paulo Sérgio Passos, que já era quem o administrava. Quer dizer, nossas maravilhosas rodovias continuarão como estão, pois continuarão nas mesmas mãos em que sempre estiveram nos últimos oito anos.
tony Pacheco
Em Psicanálise é comum se dizer que ninguém muda uma estratégia de vida que se julga estar dando certo.
Não importa que uma estratégia de vida seja, para o Outro, honesta ou desonesta, seja justa ou injusta, perfeita ou tosca. Para quem adotou uma estratégia de vida, interessa apenas que ela esteja dando certo. Certo para quem adotou. O resto que se lasque... Somos assim, seres humanos. Quem não gostar, mude de galáxia.
Isso explica, por exemplo, que a presidenta Dilma Rousseff/PT tenha mudado tudo no Ministério dos Transportes e, no final, tal como seu antecessor, o impagável (sic) ex-presidente Lula da Silva, não tenha mudado nada.
Sim, tirou Alfredo Nascimento/PR e colocou no seu lugar outro membro do PR, Paulo Sérgio Passos, o sujeito que era secretário-executivo do Ministério dos Transportes desde o primeiro governo de Lula. Isto é, o sujeito que realmente estava por trás do "trabalho" do Ministério, que é aquele que todos nós sabemos: manter a pior infraestrutura entre todos os países emergentes. Nossos portos estão defasados, caros e assoreados. Nossos aeroportos estão totalmente caóticos. Nossas rodovias são palco das piores coisas que se possa imaginar, pois são liberados todos os dias milhões e milhões de reais, e a malha rodoviária continua esburacada, de pista simples (incríveis duas faixas em BRs como 116 e 101 - uma faixa de mão e outra de contramão), com traçados sinuosos e inexplicáveis que remontam aos tempos de Getúlio Vargas, sem sinalização que se preze e a maioria sem acostamento. Nem vamos falar em ferrovias, o meio mais utilizado pelos povos desenvolvidos, porque no Brasil o lobby rodoviário venceu, nos mantém no atraso e ainda dá risada...
Enfim, mudou-se tudo no Ministério dos Transportes e tudo continuará como dantes. Inépcia, incompetência, corrupção, superfaturamento e, claro, nem um metro de pista nova nos aeroportos; nem um metro de asfalto novo nas rodovias; nem um metro sequer de trilho nas ferrovias; e transporte fluvial, neste país de bacias hidrográficas gigantescas, nem pensar...
E não adianta eu ou qualquer cidadão do Brasil ficar indignado com tudo isto. Como o próprio Pagot, do DNIT, disse no Congresso, a presidenta Dilma, quando ministra responsável pelo PAC, acompanhava todos os contratos das estradas, portos e aeroportos. E continua controlando agora como presidenta.
Portanto, todo o processo de superfaturamento que a própria presidenta denunciou há alguns dias, ela e o gramado da Esplanada dos Ministérios sabem que continuará a existir.
POR OUTRO LADO
Nos diz Karl Marx, que toda situação que vivemos está plantando as sementes da sua própria mudança, de sua própria derrocada.
Quando envoltos em nossas estratégias de vida, não as mudamos, sempre que INTERPRETAMOS que elas estão dando certo. Mas, sempre que elas são INTOLERÁVEIS para os outros agentes sociais, as nossas estratégias, na verdade, são as sementes que germinarão um novo status quo social QUE, MUITAS VEZES, NOS JOGARÁ PARA ESCANTEIO.
A História não mente. Os generais brasileiros chegaram ao poder em 1964 e pensaram que iam fazer o Reich de Mil Anos tropical. Prenderam, censuraram, mataram, corromperam, perseguiram e, no final, aqueles a quem humilharam estão hoje no poder.
Só falta esperar as sementes que estão sendo plantadas agora germinarem.
Se pudermos, vamos adubar e regar, para acelerar o processo...
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