Ricardo Líper
Nunca me interessei falar sobre os prazeres sexuais. O muito falar sobre eles só tem como objetivo reprimi-los. O meu foco é sempre político e também os prazeres sexuais só são vistos, por mim, sob esse ponto de vista. Ou mais precisamente sob a ótica libertária e não ditatorial. E, devido a isto, sempre foquei pesquisar e estudar constantemente o anarquismo e os ditos e escritos de Pierre Clastres, Jacques Monod e Michel Foucault.
O
que meu objeto de pesquisa foi sempre sobre a dominação do homem pelo homem.
Por isso analiso e luto contra todo tipo de dominação e onde ela se manifesta.
Então me situo na filosofia política e as reflexões que me levam a ela como a
filosofia da história e estética como
uma forma, quase, sempre também censurada. Então sempre foquei pesquisar
e estudar constantemente o anarquismo e os ditos e escritos de Pierre Clastres,
Jacques Monod e Michel Foucault. Por isso fiz um mestrado que dei o título de O Desperdício do Sêmen que é a causa da
dominação dos prazeres sexuais em sociedades organizadas a pós-antiguidade
greco-latina e um doutorado sobre, em grande parte, a analítica do poder em Foucault.
Como
já disse, e vou repetir para enfatizar, não me interessa, fora do aspecto
político, o muito falar sobre o sexo porque, como muito bem diagnosticou
Foucault, a única finalidade do muito falar sobre os prazeres sexuais é exercer
e estender a dominação em uma biopolítica para dominar e regrar como o homem se
reproduz. Daí legislar, criminalizar, discursar a exaustão como fazem os
psiquiatras, médicos, psicólogos, geneticistas, religiosos etc sobre os
prazeres sexuais cuja única finalidade é dominar a reprodução humana para
manter e criar novas forças de trabalho e buchas de canhões. Portanto é uma
questão unicamente política. Portanto
quando estou escrevendo e falando sobre os prazeres sexuais é sempre sobre a
sua dimensão política. Se lhe interessar não deixe de ler o livro Nascimento da Biopolítica de Foucault e sua palestra As Malhas do Poder, que ocorreu, por incrível que pareça aqui em
Salvador na FFCH. E foi publicada, pela primeira vez, na revista anarquista Barbárie que nos fez entrar, talvez
pelas portas do fundo, nesse pequeno detalhe deles terem feito a publicação, em
uma primeira tradução para o português, desse texto de Foucault, ainda inédito
e, assim ficou muito tempo. E assim, Eduardo Nunes e Hilda Braga, acabamos todos entrando para a história da filosofia.
KKKKK.
Recentemente, vi um dos melhores filmes sobre a luta política pela liberdade sexual: Stonewall
– Onde o Orgulho Começou. Em minha opinião, o foco do filme é político. Ele
mostra, em quase todas as cenas, como um grupo oprimido violentamente pelo
biopoder sofre e se revolta. E enfrentaram um dos paises mais armados e
violentos e também, como seria de esperar, radicalmente opressor da liberdade dos
desejos sexuais humanos pela sua necessidade de fabricar soldados para sua
guerras imperialistas.
Lamentavelmente
esse filme em uma cidade chamada Salvador só foi lançado em um cinema em dois
horários em um shopping famoso por seus cachorrinhos de madame, em uma sala
de luxo na qual a entrada é mais cara. O resto dos exibidores de filmes não o
exibiu até agora. E, ao que me parece, não foi de propósito, foi por displicência,
fora de foco, enfim brasilidade e baianidade. O mesmo aconteceu com outro importante
filme sobre o mesmo assunto: Cavalos
Selvagens (Wild Horses). Só foi
exibido em Salvador, até agora, na Sala Walter da Silveira, em poucos dias, no momento
em que a sala estava sem ar condicionado. Enquanto o mundo todo vê e comenta esses
filmes, Salvador dorme deitada eternamente em
berço esplêndido.
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