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terça-feira, 18 de outubro de 2016

É ERRO OU ACERTO O NOBEL DE LITERATURA PARA BOB DYLAN?


JORNAL COMENTADO  268
Terça-feira, 18.10.2016

TOny PAchECo

"O Prêmio Nobel de Literatura para quem não tem obra literária".
(Coluna GiraMundo, rádio CBN Salvador)

Ouça a coluna usando o link abaixo. Se portar audição deficitária, leia o texto abaixo. É quase ipsis litteris o que diz a coluna. Depois deixe sua opinião. Contra, a favor, muito pelo contrário...





Bom dia amigas e amigos da CBN!
A concessão do Prêmio Nobel de Literatura a Bob Dylan, que não tem uma obra literária e, sim, uma obra musical, leva à pergunta da semana: o que está se passando na Academia Sueca de Letras?
Quem, como eu, teve a adolescência embalada pelas músicas de Bob Dylan, deve ter ficado feliz com a escolha do compositor americano, tido, no auge da sua carreira, como um revolucionário, simpatizante das causas pacifistas e contra o imperialismo americano. Robert Allen Zimmerman, o verdadeiro nome de Bob Dylan, não é e nunca foi um literato: não escreveu um romance ou livro de poesia e sua carreira de letrista musical, que poderia, com boa vontade, ser confundida com a carreira de um poeta, é muito irregular para merecer uma honraria tipo Nobel de Literatura. Tem muita letra bonita de Bob Dylan, mas tem uma maioria de coisas insossas, sem o frescor de "Blowin' in the Wind", que, aliás, fica melhor na voz de Joan Baez que na voz pequena de Dylan.
É por estas e por outras, que em 1964, Jean-Paul Sartre, este sim, um verdadeiro gênio da literatura e da filosofia e do ativismo político, quando soube que ia ganhar o Nobel de Literatura, imediatamente fez chegar à Academia Sueca a sua recusa ao prêmio, vários dias antes de ele ser anunciado, para propiciar a mudança para uma outra pessoa. Os suecos, em sua divina arrogância, se recusaram a aceitar a recusa. E aí Sartre abriu o bocão e disse que jamais permitiria que sua obra fosse atrelada a uma academia que só premiava autores ocidentais ou de ideologia conservadora.
Resposta da semana: a Academia Sueca está querendo surfar na onda midiática do mundo moderno e escolheu o roqueiro só para chamar a atenção sobre a sua atual quase irrelevância. E acabou confirmando a acusação de Sartre: Bob Dylan nem pode ser considerado um poeta revolucionário, pois já negou várias vezes que tivesse simpatias por qualquer coisa revolucionária. Que treta tosca e lamentável essa. Esperemos que os suecos sobrevivam a essa bobagem. Tony Pacheco para a CBN Salvador.


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