JORNAL COMENTADO 175
7:11 – 17.01.2014 – Sexta-feira
tonY PACheco*
“Desmontada, a nova geração do EcoSport revela seus
segredos... Eles não são nada agradáveis”
(revista “Quatro Rodas”, janeiro 2014)
Deveria ter sido manchete nas televisões, rádios, jornais,
revistas, sites e blogs baianos.
Mas, anticlímax, não foi.
Esperei 17 dias,
pacientemente, pra sentir a repercussão da matéria da “4Rodas”. Não houve
repercussão alguma. Então, mãos à obra, quando ninguém quer, a gente pega.
Poderia ser uma campanha (mais uma daquelas...) difamatória
dos sulistas contra os nordestinos, mas este teste dos 60.000 km do EcoSport baiano não foi. Começa pelo fato de que é TOTALMENTE DIFERENTE do que o resto da
imprensa brasileira especializada em automóveis faz: é padrão americano e
europeu. A Editora Abril COMPRA o carro anonimamente numa concessionária e
começa a analisá-lo até que vá de 0 km a 60.000 km. A cada número de “4Rodas”,
o leitor vai acompanhando os problemas que o carro apresenta e SE NÃO
APRESENTAR NENHUM, olha lá o bom jornalismo: a revista ELOGIA. Mas, no caso do
novo EcoSport não foi assim. A “4Rodas” só teve elogios para o câmbio e o
sistema de direção,MAS NO COFRE DO CARRO, onde está o seu bem mais
precioso, que é O MOTOR, os problemas foram muito graves, a ponto de a revista
fazer uma coisa que não tem sido de sua tradição: REPROVAR O CARRO.
Diz a revista: “Contrariando a lógica evolutiva, o nosso Eco
mostra uma lista de pontos negativos a resolver muito mais extensa e grave do
que a deixada pela geração anterior”. E enumera: 1) “isolamento de borracha se
deslocou e parte do primeiro elo da mola da suspensão dianteira direita passou
a bater diretamente no prato de fixação”; 2) “o anel de compressão de um dos
pistões” quebrou; 3) marcas nas paredes de todos os cilindros denotam “pequenas
partes de material carbonizado que se desprenderam das válvulas”; 4) “No
cabeçote, os retentores, apesar de visualmente íntegros, foram incapazes de
evitar que o óleo descesse pela haste das válvulas e se infiltrasse na câmara
de combustão”; 5) “As bronzinas de mancal do motor do Eco não resistiram aos
60.000 km”; 6) discos de freio apresentavam riscos, levando à dedução que as
próprias pastilhas danificam os discos; 7) “O corpo de borboleta controla a
passagem da mistura ar/combustível do sistema de admissão para o motor. O do
Eco chegou aos 60.000 km com um índice de contaminação capaz de engripar a
parte móvel do sistema.”
E daí por diante, até coisas prosaicas como palhetas
dos limpadores que trepidam, tampa de combustível que solta, marcador de
combustível que não marca a quantidade real de combustível etc. etc. etc. SÓ
COMPRANDO A REVISTA PARA TOMAR O SUSTO INTEIRO.
ONDE MORA O PERIGO
O problema todo deste desmazelo (ou azar?) da Ford com o
EcoSport é que ele é um PRODUTO MUNDIAL que está saindo da Bahia para o resto
do Brasil, para os países da América Latina e para vários outros “endereços
internacionais”, vale dizer, o fato de ter sido REPROVADO depõe contra a
indústria automobilística nordestina, justamente o que o pessoal de São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro mais desejava e, agora sim, podem esculachar o
fato de a Ford ter escolhido o Nordeste para fabricar o EcoSport novo. Parentes
e amigos meus do Sudeste (sou originário de Minas Gerais e a família por parte
de mãe mora em São Paulo) já fizeram várias gozações comigo: “Tá vendo aí,
Tony?! Se a Ford tivesse continuado a fabricar só em São Paulo isso não teria
acontecido”.
Não sei e nem quero saber. Não sou governador da Bahia, não
sou prefeito de Camaçari, não sou senador ou deputado baiano. Sou consumidor e
jornalista e com estas duas credenciais eu posso dizer: FICOU FEIO DEMAIS PARA
A BAHIA esta reprovação do EcoSport pela revista “QuatroRodas” e está mais feio
ainda o silêncio da Ford baiana, de nossas autoridades e também da mídia local.
“O fim do carro (como você conhece)”
(revista “SuperInteressante”, dezembro de 2013)
Toda vez que a revista “SuperInteressante” resolve fazer
futurologia ela se dá mal. Ela mesmo admite isso em suas páginas de vez em
quando. E nesta do carro, viajou na maionese mesmo, dizendo que o carro que
estará nas ruas NOS PRÓXIMOS ANOS “conversará com outros carros”, “se dirigirá
sozinho”, “não haverá mais engarrafamentos”, “as baterias serão recarregadas
sem necessidade de conectar a uma tomada”, “as cidades estarão todas interligadas por sensores para que os carros sempre encontrem sinal verde pela frente e nem
tenham mais um só dono, sirvam a vários usuários num mesmo dia”. Enfim, tudo
que se sonha, mas que não será NUNCA assim.
E por que nosso pessimismo? Vamos a alguns exemplos e depois
o internauta que nos lê dê sua opinião:
a)
O câmbio automático. É um equipamento primário,
que deveria estar em TODOS os veículos, pois permite ao motorista ficar com as
duas mãos no volante e, assim, dirigir COM MAIS SEGURANÇA. No entanto,
disponível nos EUA desde 1938 pela General Motors (divisão Oldsmobile) e
universalizado após a Segunda Guerra Mundial na América do Norte, no Brasil só
chega agora, no século XXI e, assim mesmo, caro, muito mais caro do que o carro
de câmbio manual, que é um trambolho INSEGURO, ou então sob a forma de “automatizado”,
como o “iMotion” da Volkswagen, o “Dualogic” da Fiat ou o “Easytronic” da
Chevrolet que, na verdade, são fabricados pela mesma empresa e transforma o
ato de dirigir num tormento, pois os TRANCOS se renovam por minuto nas mudanças
de marcha “automáticas”. Isto é, tecnologia existe, mas aqui, na SÉTIMA
ECONOMIA MUNDIAL, não chegou ainda quase 100 anos depois;
b)
O airbag. O sistema de bolsas de ar que
resguardam rosto e peitoral dos motoristas e passageiros, foi introduzido pela
Mercedes-Benz no seu carro mais caro em 1980. O Brasil, só agora, 34 anos
depois, torna o sistema obrigatório.
c)
O ABS. Inventado pelos alemães da Bosch, foi
disponibilizado para a indústria em 1978 na Europa. No Brasil, só agora, 36
anos depois, se torna obrigatório.
E vamos parar por aqui, pois a
maioria dos nossos carros não tem retrovisor escamoteável, um equipamento de
óbvia utilidade, pois permite o estacionamento em vagas apertadas no PAÍS DOS SEM
VAGAS PARA ESTACIONAR e permite dirigir sem que OS MOTOQUEIROS QUEBREM OS RETROVISORES nos engarrafamentos. A maioria dos retrovisores ainda é de controle manual.
Os sensores de estacionamento estão presentes só em meia-dúzia de modelos caros
e, assim mesmo, só na traseira... A direção hidráulica, que já foi suplantada
pela direção elétrica, nunca foi universalizada no Brasil, ficando nossos
carros parecidos com CARROÇAS para serem dirigidos.
Agora, se equipamentos
bobos não chegam ao Brasil, imagine um sistema que informatiza semáforos, o
piso das vias, as paredes dos edifícios e coloca tudo isso on-line com os
automóveis!?! No Brasil, só daqui a mil anos. Talvez, mas um talvez cético, o carro
vá ser como quer a “SuperInteressante”, nas maiores cidades do Canadá, EUA,
Reino Unido, França, Alemanha e alguns outros países ricos europeus e em
Tóquio, mas no resto do mundo? Huuuuummmmm!
Enfim, se EQUIPAMENTOS
ELEMENTARES não chegam ao Brasil, sétima economia mundial, imagine na África e
na Ásia!!! Chegarão daqui a mil anos. Oh, me deixem!!!
·
tonY Pacheco é jornalista-radialista
profissional formado pela UFBA, estudou economia na UFJF e na UFBA. Estudou
Psicanálise na SPOB.
Queria q vc fizesse uma lista de caRROS MAIS feios.
ResponderExcluirSera q os engenheiros são nordestinos ? são tudo paulistas
ResponderExcluirMuito me admira um jornalista formado na Bahia, fazendo apologia ao preconceito.Pois se o ilustre jornalista estivesse certo, seu diploma também não tem valor afinal, formou-se pela Ufba, concorda?
ResponderExcluirApologia do quê Sr. Anônimo? Você não entendeu porque não sabe ler ou é pura prevenção contra o blog?
ExcluirDe qualquer maneira, por ter-se dado ao trabalho de se manifestar, mesmo ANONIMAMENTE, desculpe-me, pois este é um blog democrático, até pessoas que não conseguem ler direito têm direito de se manifestar.
Conspiração? Não acredito que uma revista do quilate da Quatro Rodas seja capaz de tal estupidez! O silencio das revistas concorrentes significa cumplicidade?Mesmo que o EcoSport fosse cria da engenharia baiana a sua teoria ainda seria inverossímil. Esse carro poderia estar sendo montado em qualquer outro estado que oferecesse maior incentivo fiscal à Ford. Aliás, na minha opinião não existe "Ford Baiana" ...
ResponderExcluirToooooma anonimo!!! Kkkkkkk!!!
ResponderExcluirDesculpem a ignorância (pois não sou especialista em carros) mas tenho CERTEZA que estes motores Ford Sigma, Zetec RoCam e as transmissões iB5 são produzidas na fábrica de Taubaté-SP. Eles são transportados (prontos) para Camaçari-BA para a montagem do Fiesta e EcoSport e São Bernado do Campo-SP para fabricação do Ka e (extinta) Courrier como também exportados para a produção do Ford Focus em Pacheco Argentina. Acho que seus amigos e parentes sudestinos estão muito desenformados e como todo sulistas são extremamente preconceituoso... Se FICOU FEIO DEMAIS (como mencionou) foi para o Brasil por se tratar de um PRODUTO MUNDIAL, mas como mencionado MAIS FEIOS AINDA O SILÊNCIO DA FORD “paulista” E MÍDIA LOCAL, pois os maiores defeitos encontrados no carro foram no motor (paulista)... Vai negar?
ResponderExcluirQue negar nada, você está certíssimo.
ExcluirO motor é feito no Sudeste mesmo.
Mas o carro é montado aqui na Bahia e a gente considera sempre (é praxe) o local de montagem do carro.
ResponderExcluirMárcia Bittar mmbitt@gmail.com
22:14 (Há 11 horas)
para mim
Olá Tony!
Lendo seu artigo sobre o referido, gostaria de saber se nesse momento houve alguma mudança favorável, melhora no veículo?
Questiono porque dentro de 30 dias opto pela escolha de um carro automática para deficiente e na família, nossa escolha era essa todo esse tempo, e esse artigo foi um balde de água fria.
Se puder acrescentar algo, por favor, ficaria agradecida.
Att.
Estimada Márcia,
Excluirse o Eco que querem é o automático, aí não há problema, porque é OUTRO MOTOR, 2.0.
O carro que 4Rodas reprovou é o 1.6 câmbio manual
Abraços.
ORAS PESSOAL, ESTE NEGÓCIO DE QUE "PEGOU MAL PRO ESTADO BAIANO" É UMA VISÃO PEQUENA E PRECONCEITUOSA ENTRE NÓS BRASILEIROS. POIS, NA VERDADE, QUEM SAIU PERDENDO FOI O BRASIL (ENGENHEIROS, PROJETISTAS, ETECETERA, ETECETERA), HAJA VISTA A ECO SER UM PROJETO NACIONAL. POREM CREIO QUE A REVISTA PRESTOU UM SERVIÇO AO CONSUMIDOR, NO PAPEL DE IMPRENSA INVESTIGATIVA, QUE EU APOIO PLENAMENTE!!
ResponderExcluirAcho que, quando se vê uma crítica dessas, está notável um certo preconceito perante o nordeste. Difamar assim quem tanto já segurou a barra do país não é uma atitude aceitável de um blog que se descreve como um "que critica impiedosamente a hipocrisia, o autoritarismo e a impostura nos mais variados setores." Um erro que pode ser cometido também nos estados do sudeste não pode ser isolado para difamar um estado nordestino (e o nordeste inteiro). Tenha postura de jornalista!
ResponderExcluirGabriel Almeida