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quarta-feira, 1 de junho de 2011

O dia em que Dilma virou refém


Nós preferíamos a Presidenta assim.


Frase

“Uma sociedade decente é aquela que não humilha nenhum dos seus membros.”

(José Luis Zapatero, primeiro-ministro espanhol)


Só falta agora acender as fogueiras

A presidenta Dilma Rousseff cedeu às pressões dos evangélicos no Congresso e num jogo de troca de favores, mandou recolher a cartilha anti-homofóbica que circularia nas escolas brasileiras. Quer dizer, como lembrou o deputado Jean Wyllys (PSOL), uma presidenta que, ela própria, foi vítima de campanha homofóbica na época de sua campanha eleitoral justamente pelos fundamentalistas.

O Brasil de hoje, graças aos políticos ligados à extrema-direita (tipo Bolsonaro) e direita religiosa, parece a Europa medieval ou os EUA da época da caça às bruxas. Para quem não sabe, no séc. XVII, na pequena cidade de Salem, um juiz dublê de pastor evangélico resolveu matar várias mulheres acusadas de bruxaria, com apoio medroso da população local. Se quer saber sobre o caso, veja o filme “As Bruxas de Salem”, com Daniel Day Lewis e Winona Ryder.

Na Europa medieval os carrascos eram os bispos da Igreja Católica, que punham na fogueira qualquer mulher que desobedecesse ao marido ou ao pai, acusando-as de bruxaria. Homossexuais eram sumariamente queimados também. E, claro, não podiam faltar os negros, que com suas religiões animistas, eram punidos com a escravidão, abençoada pelo papa Nicolau V, que no séc. XV, deu a Portugal o direito de monopolizar a caça aos negros nas costas africanas. Os religiosos têm uma maneira totalitária de enxergar o mundo: quem não concorda com eles ou é morto ou é humilhado. Não tem saída. Deixados à vontade, implantam terror pior que o nazismo.

Agora, o lamentável é a presidenta negociar o apoio evangélico ao ministro Palocci no Congresso em troca de ajudar na perseguição aos homo-afetivos, cidadãos de pleno direito, conforme recente decisão unânime do Supremo Tribunal Federal.

Na Espanha não foi assim

O primeiro-ministro socialista José Luis Zapatero, enfrentou a Igreja Católica mais poderosa do mundo (mais do que a italiana), a da Espanha, e aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2005 e venceu a homofobia. Mas, por aqui, a tentativa religiosa de manter parte da população como não-cidadã, parece que tem a simpatia dos políticos.

Evangélicos fazem refém

Tinha a presidenta Dilma em outra conta. Por ser pessoa de formação socialista marxista, pensei que trabalhasse para vencer o obscurantismo e a ignorância. Pelo visto, enganei-me ou, para ela, Palocci tem um valor que não pode ser explicado publicamente.

* Alex Ferraz (publicado na "Tribuna da Bahia" em 28.05.2011)

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