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domingo, 5 de julho de 2015

MINISTRO SUGERE CLARAMENTE QUE PAREMOS DE PUNIR CRIMES NO BRASIL POR FALTA DE CADEIA


ALEX FERRAZ

Argumento patético


Em todo esse imbróglio para aprovação inicial da redução da maioridade penal, o que mais me chocou não foi a derrubada ao chão do deputado Heráclito – que ainda bem que é Fortes -, a selvageria de alguns manifestantes nitidamente “plantados” na Câmara,  tampouco as manobras do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para insistir na votação de matéria já votada (em princípio, devo dizer que sou totalmente a favor da redução, embora discorde de tudo o mais oriundo do senhor Eduardo Cunha).
Sim, mas ia dizendo, o que mais me chocou foram os argumentos no mínimo irresponsáveis do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, aquele mesmo que já disse que preferiria se matar a ir para uma prisão brasileira, ao defender a posição contrária do governo em relação á redução da maioridade penal. Ele disse que não há cadeias no País suficientes para mais gente, lembrando, inclusive, que a população carcerária tem cerca de 220 mil presos além da capacidade normal dos presídios e há ainda centenas de milhares de casos a serem julgados, ou seja, de criminosos que continuam soltos.

Ora, senhor ministro, usar esse argumento é o mesmo que dizer que o Brasil não pode punir criminoso, inclusive menor de 18 anos, porque nunca teve qualquer preocupação em criar um sistema penitenciário digno e suficiente para abrigar os julgados e condenados em condições minimamente dignas de vida humana.
É reconhecer, ministro, que nem mesmo nos últimos 12 anos de “mudança”, nem o senhor nem seus antecessores, assim como o Parlamento e os chefes da Nação, se preocuparam em sanar de vez a podridão que reina nas masmorras a que chamam de presídios neste país.
Enfim, é de um cinismo impressionante esse argumento. Mas, no Brasil, já estamos acostumados a esse tipo de coisa. Por exemplo, o delegado ou secretário de “segurança” pública que, nos meios de comunicação, aconselham a que carreguemos sempre “o dinheiro do ladrão”, para evitarmos ser mortos pela raiva do bandido ao não encontrar um saldo que lhe agrade, e que diz a turistas que não devem carregar câmeras nem outros objetos de valor quando visitarem nossas cidades. Ora, eles deveriam trabalhar sério para exatamente garantir que pudéssemos fazer tudo isso de forma tranquila!

Já calejamos de ouvir que não devemos sair a partir de certa hora da noite para nos divertir, em inúmeros locais das cidades brasileiras, “porque são muito perigosos”, e também estamos fartos de ver autoridades policiais que não com seguiram prender um bandido nem desvendar um crime, falarem sobre a astúcia e a organização dos marginais, como se estivessem a comentar um jogo de futebol.
De mais a mais, acho que a redução da maioridade penal do jeito que ela passou na madrugada de ontem é pura demagogia, se é que vai ser aprovada nos “finalmentes” ainda por vir. Por exemplo,  tráfico de drogas e agressões não serão motivos para punir os menores (que, aliás, de um  modo geral, já deveriam estar sendo punidos por votarem voluntariamente e elegerem certo tipo de gente). Então, fica assim: o tráfico e as agressões seguem liberados para os menores de 18 anos. Fim de papo.

RUMO

Em sua recente visita aos Estados Unidos, a presidente Dilma teve a oportunidade de usar uma das grandes invenções que vêm sendo aperfeiçoadas para um futuro não muito distante: o carro sem motorista criado pelo Google. Naquele momento, Dilma deve ter sentido como a automação é muito mais segura. Uma pena que não se possa dizer o mesmo de um governo, onde a direção humana ainda é muito importante. Mas, pelo visto, no Brasil estamos iguais ao carro do Google: sem motorista.

Absurda impunidade

Estarrecido – ainda me dou a esse luxo, no Brasil -, vejo a TV reportagem sobre a iminente liberação  Suzane von Richthofen para o regime semi-aberto, após ela cumprir apenas 13 anos de uma condenação de 35 por ter assassinado seus pais, em 2002, em São Paulo.
Enquanto em países que levam a sério a punição de assassinos crimes deste tipo resultam até mesmo em prisão perpétua, aqui, mais uma vez, fica clara a benevolência da Justiça para com os mais sórdidos criminosos.
Mas não é de espantar. Tem sido assim há décadas e, pelo visto, continuará na mesma, já que, inclusive, mesmo em meio ao frisson causado pela questão da maioridade penal, nenhum político acenou ainda com a revisão do caduco Código Penal.

Frase: “Ele me lembra o sujeito que assassinou os pais e, no tribunal, pediu clemência por ser órfão.” (Abraham Lincoln)

Cargas e descargas (I)

Não tenho mais dúvidas de que a prefeitura de Salvador resolveu liberar de vez a carga e descarga na cidade, em qualquer horário.
Onde quer que se vá, há caminhões parados, em qualquer horário, para carga o descarga, atrapalhando, claro, o trânsito.

Cargas e descargas (II)

Um exemplo disso ocorre na Rua Frederico Costa, em Brotas, próximo à entrada para o Engelho Velho, na panificadora e mercado Panilha.
Ali, TODOS os dias (sou testemunha) estão parados pelo menos dois ou três caminhões, em plena descarga, mesmo por volta das 10h30, como presenciei na manhã da última terça-feira. Bem, se a Transalvador quiser se dar ao trabalho, é só mandar um agente até lá. A gente esperar...

O caso Cristiano Araújo (I)

Lamentável a  morte do cantor, de quem não sou necessariamente um fã, assim como lamentável é a morte de qualquer artista, pois são pessoas que vivem para nos dar satisfações estéticas.
No entanto, nunca é demais lembrar que a histórias das rodas usadas presenteadas por um jogador, e soldadas, além do hábito de viajar sem o cinto, foram fatais para o casal.
Eu pergunto: alguém que ganha milhões por mês precisa utilizar roda usada? E quem dá um presente desse tipo? Ah, me batam um abacate!

O caso Cristiano Araújo (II)

A propósito, é bom recordar que diversos artistas brasileiros, principalmente músicos, morreram em acidentes de carro, como Evaldo Braga, Jessé, Chico Science, Bochecha e Gonzaguinha, para citar alguns.
Ora, gente, vocês têm grana suficiente para alugar avião, ou, melhor ainda, não precisar se preocupar com gastos para dormir seguro, à noite, após um show, em algum hotel cinco estrelas, e seguir viagem durante o dia.

Alex Ferraz é jornalista, colunista diário e repórter da Tribuna.


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