ALEX FERRAZ ESCULACHA O RACISMO NA PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Alex Ferraz

Racismo na publicidade

Somos quase, assim, uma Noruega...

Lembro-me que, uns 18 ou 20 anos atrás, quando eu escrevia a coluna Tempo Presente, em A Tarde, fiz uma nota criticando publicidade da cerveja Antarctica, na qual apareciam  dezenas de mãos em torno de uma garrafa, e não havia uma só mão negra. Esta publicidade, aliás, foi divulgada inclusive na contracapa da revista Veja. Pois bem. Semanas depois, o anúncio retorna, com uma "correção": colocaram UMA mão negra entre as dezenas de brancas.

Ora, este é um exemplo incontestável do racismo que permeia toda a sociedade brasileira, de forma subliminar (ou nem tanto) e que, quando tentam "corrigir", só fazem acentuar o preconceito.

Alguns anos atrás, não tanto tempo como o decorrido do fato narrado em A Tarde, e eu já escrevendo minha coluna para a Tribuna, comentei o fato de toda a publicidade da Coca-Cola, na Bahia, trazer apenas pessoas brancas, muito brancas (nada contra elas, claro), inclusive posando em cenários onde, ironicamente, o negro foi torturado e que são símbolos da luta contra o racismo, como o Pelourinho. Naquela época, a assessoria da Coca-Cola me respondeu e disse que estavam sendo preparados novos anúncios com maior presença de negros.

Novamente vem o racismo, pois estavam "preparando", e, mais do que isso, veio a mentira, pois os anúncios preconceituosos continuam firmes em bares e restaurantes e não houve nenhuma "inclusão" de negros.

Ora, sabemos que a economia brasileira, como todos os setores, discrimina de forma escandalosa os negros. A contrário do que acontece nos Estados Unidos, pátria do capitalismo e também do racismo, mas onde negros têm total chance de "subir na vida", inclusive tornando-se milionários, deputados, juízes e até presidente da República. Não sou ingênuo. Temos visto atos de racismo explícito nos EUA, notadamente por parte da Polícia (sempre ela!), mas a verdade é que, de um modo geral, predomina a democracia racial. E não falo só de negros, mas de índios que são delegados, vietnamitas que ocupam cargos poderosos etc.

Voltando ao Brasil, o que se vê é uma publicidade racista. Contem em quantos comerciais de TV, anúncios da mídia impressa etc., aparecem negros. E se temos uma população negra discriminada, empobrecida e sendo assassinada por bandidos e polícia, a verdade é que há muitos negros, mestiços, mulatos enfim, que têm poder de compra. Mas continuam sendo ignorados por uma elite (aliás, por gente que se acha elite) publicitária que só enxerga o branco, símbolo, para eles, do poder econômico. Uma tremenda burrice. E quando tentam corrigir, como já disse, só fazem meter os pés pelas mãos, debatendo-se em areia movediça.

Não há o que corrigir da noite para o dia, senhores. Há que se mudar a mentalidade nesta bosta de País.

Outro dia, na TV, mostraram uma reportagem  na qual uma australiana que mora há décadas em Brasília, recusou-se a ser atendida, num salão de beleza, por uma moça negra, e foi explícita na sua decisão: "Não quero ser atendida por uma negra". Como ainda existe uma lei, neste país, denominada Afonso Arinos, e qe pune, sem fiança, o crime de racismo, a tal australiana foi denunciada e acabou parando numa delegacia, onde, pasmem, se recusou a falar com policiais negros!

Ora, esta senhora parece não ter a menor ideia da sua origem. Em sendo australiana, nada mais é do que, no mínimo, uma mistura de aborígenes que ocupam a Austrália desde tempos bíblicos, com ingleses degredados da Inglaterra. Ou seja, no mínimo, uma mestiça.

Na Polícia Militar da Bahia, o racismo também é explícito e, mais do que isso, escandaloso: quem quiser que observe uma abordagem da PM a jovens negros e pobres e veja outro tipo de abordagem, se é que acontece, a brancos e ricos em bairros ditos nobres. O pior é que a maioria dos soldados da PM é composta de negros e pobres, já que ganham muito mal.

Um lado da cidade abandonado

Quem transita pela cidade, efetivamente como eu faço, sempre acha coisas absurdas. Por exemplo, a situação das principais vias do bairro de São Cristóvão, onde há mais crateras do que na Lua. E não me venham dizer que é resultado das chuvas, porque a situação vem de MUITO TEMPO.

Aliás, por falar em buraqueira e falta total de urbanização, podemos citar também a extensa via que liga Castelo Branco ao Pau da Lima, por onde transitam dezenas de milhares de veículos po dia (e todo mundo que os dirige vota), onde as irregularidades são tamanhas que às vezes dá uma dó dirigir seu carro na área.

Os moradores dessas áreas (onde também não há calçadas, apesar da grande quantidade de pedestres) devem estar morrendo de inveja de quem mora na Barra, Pituba etc. Pois é...

Ainda sobre a cidade (I)

Sempre pensei que a coisa mais fácil (e óbvia) do mundo, para quem comanda uma cidade, é ter uma equipe competente e operosa, que transite por toda a área urbana, sem preconceitos de bairros, a fim de verificar as falhas, anotá-las e, depois, corrigi-las.

Mas não se faz mais isso. Pelo visto, só agem quando acontece uma tragédia, um protesto e coisas que tais.

Ainda sobre a cidade (II)

O trânsito é um dos grandes exemplos da burrice que é coordená-lo sem saber o que acontece na cidade. É sempre bom lembrar aos mauricinhos que Salvador não se resume à orla, muito menos à Barra.

Há cidadãos (eleitores) em muito maior quantidade nos inúmeros bairros que cercam a capital. E se eles estiverem insatisfeitos, já viu, né?

Ainda sobre a cidade (III)

Para completar, quero lembrar que há cerca de dois anos venho chamando a atenção para  PÉSSIMA iluminação dos túneis de Salvador,  inclusive e principalmente no mais extenso deles, o Américo Simas. Lá, pelo menos 50% das lâmpadas estão queimadas. Mas parece que isso não sensibiliza a prefeitura. Fazer o quê?

Uma frota que afronta

Em relação aos ônibus, parece que a promessa de renovação da frota ficou restrita aos ditos 700 ônibus "novos" apresentados com pompa há alguns meses.

Ar condicionado, conforme prometido por José Carlos Aleluia, quando ocupava pasta do setor, nem falar.

E quem observar direito, verá que Salvador continua ostentando a mais velha e vergonhosa frota de ônibus urbanos do PAÍS.

CORRUPÇÃO

É simplesmente escandalosa a corrupção que grassa nos programas sociais do governo. Minha Casa, Minha Vida e Prouni são apenas dois exemplos. Para não falar nas obras de péssima qualidade, no caso do Minha Casa, com diversas unidades, em vários pontos do País, apresentando sérios problemas estruturais. Em suma, faltaram responsabilidade e fiscalização nos gastos bilionários com o projeto.

Educação e saúde pública no lixo

Vejo na TV cenas chocantes do descaso com o transporte escolar na zona rural de cidades do Nordeste, onde os ônibus estão caindo aos pedaços, e até mesmo dirigidos por pessoas não habilitadas para este tipo de condução.

Em alguns casos, se quer há ônibus e os estudantes vão para a escola a pé. Isso acontece em praticamente todo o País, mas, como sempre, com especial ênfase nas regiões Norte e Nordeste.

Nos hospitais, parece que estamos em guerra, com gente sendo atendida em corredores, quando consegue atendimento.

Embora talvez eu esteja sendo repetitivo, mas a realidade é de tal forma curel, a irresponsabilida de políticos e governos é tamanha, que nunca é de mais destacar tais situações escandalosas.