O acidente do filho do cantor Erasmo Carlos com uma motocicleta abre as portas para a discussão: por que o Brasil se tornou uma nova Índia, com a profusão de motos como meio de transporte? As motos no Brasil matam mais que todos os outros veículos juntos: automóveis, caminhões, ônibus, aviões, barcos, trens e bicicletas. Não é um meio de transporte, é um MEIO DE MORTE. Característica de países miseráveis, a moto é um veículo de SEGURANÇA ZERO: o pára-brisa é o rosto do piloto; os pára-choques são os joelhos, na frente, e as costas, atrás; as barras laterais de proteção são as costelas e pernas dos pilotos e o veículo infernal ainda exige que quem está em cima dele SE EQUILIBRE, pois só tem duas rodas, isto é, é um veículo DE CIRCO.
TRÂNSITO É A “PENA DE MORTE” INFORMAL NO BRASIL
Tony Pacheco*
“Não existe pena de morte nas leis brasileiras, mas no trânsito ela já foi decretada”. Com este alerta, o presidente da Federação Nacional das Associações de Detran (FENASDETRAN), Mário Conceição, chamou a atenção dos participantes do 8º Congresso Trânsito e Vida e 4º Congresso Internacional, realizado em novembro passado em Salvador. Os números são estarrecedores: o número de veículos no Brasil mais que duplicou nos últimos 10 anos e a infraestrutura não acompanhou este aumento, daí que o País é agora o oitavo do mundo em mortes no trânsito. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os dados consolidados de 2010 mostram 42.844 mortos no trânsito brasileiro e o Ministério da Saúde brasileiro já considera as mortes nesta área como “epidemia” e uma epidemia cujo “vírus” mais letal chama-se motocicleta, pois somando os mortos de todos os meios de transporte, do carro-de-boi ao avião, passando por caminhões, ônibus, barcos, aviões, bicicletas, automóveis e caminhonetes, as motocicletas mataram a metade das vítimas. Enquanto os atropelamentos DIMINUÍRAM 30% de 1996 a 2010, o número de mortos por motos AUMENTARAM em 1.298% (mil duzentos e noventa e oito por cento) no mesmo período. Segundo o Ministério da Saúde, só revólveres matam mais que motocicletas no Brasil.
MEDIDAS SÉRIAS E URGENTES
De 2001 a 2010, morreram 65 mil pessoas em acidentes de motos no Brasil, mais que o total de soldados americanos durante toda a Guerra do Vietnam. E a tendência é piorar se não forem adotadas medidas sérias e urgentes, segundo o dirigente da Fenasdetran, Mário Conceição, pois a frota de motos só faz crescer, tendo passado de 4 milhões no ano 2000, para cerca de 20 milhões em 2013. Já a frota de automóveis pulou de 19 milhões em 2000, para mais de 45 milhões em 2013. Em decorrência disso, o Ministério da Saúde contabilizou R$96 milhões (noventa e seis milhões de reais) em gastos com as 153 mil internações de vítimas do trânsito brasileiro na rede pública em 2011 e estamos caminhado céleres para atingir 50 mil mortos no trânsito, uma “pena de morte” disseminada, principalmente entre os jovens. O dirigente da FENASDETRAN afirmou que este é um “grito de alerta para que toda a sociedade se comprometa em preservar e salvar vidas.
As manchetes nos jornais não escondem a gravidade do problema: “Irmãos são mortos ao andar de moto em direção ao Aeroporto”. “Ônibus esmaga médico”. “Esperavam o ônibus e foram atropelados”. Nunca antes na história deste País se leu tanta manchete com tragédias envolvendo o trânsito.
Mário Conceição adverte que o Brasil precisa debater o assunto e encontrar soluções. O País não suporta mais perder quase 50 mil vidas todos os anos no trânsito. E, o mais terrível, como vimos recentemente em Salvador: são vidas que apenas começam, cheias de promessas, pois na faixa etária dos 15 aos 29 anos de idade, o trânsito se transformou na maior causa de morte. E por que? Porque nesta faixa estão aqueles que andam de moto, a pé ou de bicicleta, justamente as três modalidades que são responsáveis por 66% dos mortos no trânsito brasileiro.
FAMÍLIAS OMISSAS
A crise na instituição familiar também é um dos causadores do morticínio das motocicletas. Há menos de 30 anos, os pais PROIBIAM os filhos jovens, que ainda viviam sob seu teto, de comprarem motos. Com a universalização da necessidade de trabalho dos dois cônjuges e a falta de orientação para os jovens disso decorrente, nos últimos 12 anos a motocicleta se tornou um veículo até mesmo para transporte coletivo (os famigerados moto-táxis, que só na África e nos países mais miseráveis da Ásia são tolerados). Muitos filhos são criados apenas por um dos cônjuges, geralmente, a mulher, e aí falta também a autoridade paterna para evitar a compra do veículo inseguro. Por fim, a dificuldade de sobreviver num país pobre como o Brasil, obriga o jovem a trabalhar em qualquer coisa, inclusive num veículo-suicida como a motocicleta. Como os pais, por razões de SOBREVIVÊNCIA, estão sempre trabalhando na rua, não têm mais autoridade para proibir a compra da moto e, aí, as estatísticas de mortos e feridos por este veículo estão à disposição para mostrar o resultado.
MOTOS GASTAM 50% DO SEGURO DPVAT
As motos representam 25% da frota de veículos motorizados no Brasil, mas os acidentes com este veículo consomem metade de todos os recursos do Seguro DPVAT, o seguro obrigatório por danos pessoais causados por veículos automotores. Quer dizer, 19 milhões de motos custam mais que os outros 57 milhões de veículos. Mas, moto no trânsito brasileiro é uma realidade irreversível neste momento histórico e, portanto, garante Gildson Dantas, engenheiro especializado em Tecnologia de Veículos Automotores, os “motoristas de carros têm que estar mais atentos à frente, ao que vem atrás e aos lados do seu veículo, pois a moto fica invisível em várias situações no trânsito. Já o motociclista tem que ficar mais atento, pois o veículo dele é menor, menos notado e com menos itens de segurança, portanto, mais vulnerável”. O especialista, que foi o moderador da mesa-redonda “Riscos à Saúde dos Motociclistas”, no último dia (01/11) do 8º Congresso Brasileiro Trânsito e Vida e 4º Internacional realizado em Salvador, garantiu que “a única saída é a procura da harmonia entre motoristas e motociclistas”.
Formado em Engenharia Mecânica, Gildson Dantas, que é também participante do programa de rádio “Metrópole Autos” (Metrópole FM, 101,3), afirmou que “a questão de saúde representada pelos motociclistas tem que ter uma abordagem especial, pois as possibilidades de um motociclista se acidentar são muito maiores e as consequências dos acidentes com motos são muito mais danosas”. Dantas também explicou o porquê de as motos terem um crescimento de frota de 246% em apenas uma década, muito embora, seja um veículo cujos riscos de acidente são 14 vezes maiores que um automóvel, segundo estudo da Universidade de Brasília (UnB). “Primeiro, a moto é mais barata. Segundo, gasta muito menos combustível. E, terceiro, é o único veículo motorizado que vence os engarrafamentos crônicos das cidades brasileiras” e aí foi lembrado que no Brasil a moto é mais ágil porque somos um país onde a moto se movimenta de maneira desordenada, porque nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, as leis NÃO PERMITEM que o motociclista ande entre os carros, muito menos suba em passeios ou fure sinal vermelho para se livrar de engarrafamento. No Primeiro Mundo, motocicleta tem que andar atrás dos carros, não pode andar entre os carros formando um corredor irregular. Por isso, nos EUA os acidentes com motos são infinitamente menos numerosos do que aqueles que acontecem com automóveis. No Brasil, ocorre exatamente o contrário.
A mesa redonda teve ainda participação de Jorge Troesch Figueiredo (diretor do DPVAT), Osvaldo Meron (fundador do Moto Grupo da Bahia) e George Silva Paim, superintendente da Polícia Rodoviária Federal – 10ª SRPRF-BA. A assessoria de Imprensa do evento foi chefiada pela jornalista SÔNIA ARAÚJO, e teve participação dos jornalistas Simônica Capistrano e Tony Pacheco.
*Tony Pacheco é jornalista-radialista formado pela UFBA e psicanalista formado pela SPOB.
Dizer mais o que? vender essa zorra e pronto.
ResponderExcluirEu tenho uma curisodidade: por que a grande imprensa não toca nsste assunto?
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