JORNAL COMENTADO 165
7:03 – 28.10.2013 – Segunda-feira
TONY paCHECo*
“Roberto Carlos prepara autobiografia e diz que dará
detalhes de acidente”
(jornal “A Tarde”)
Os fãs inteligentes de Roberto Carlos, como meu amigo
advogado e agora editor, Augusto Brandão, não se conformam com as posições de
RC e de Caetano, Gil, Milton, Djavan e outros sobre o “direito à privacidade”
que estaria sendo "violado" pelos biógrafos, notadamente os jornalistas, que se têm mostrado os melhores biógrafos, pois fazem da história destes ídolos, às vezes sem graça,
uma grande aventura.
Para entender o porquê de Roberto Carlos ser tão intolerante
com biografias não-autorizadas por ele e achar isso uma burrice dele, temos que
primeiro definir O QUE É SER FÃ.
Fã é um amante, como o amante de uma mulher ou
de um homem com o intuito de levar para cama. E como todo amor, ama-se A IMAGEM
QUE SE IDEALIZA DO AMADO. No caso do fã, apenas o dom artístico do ídolo não é
suficiente para justificar a paixão, então, idealizamos aquela pessoa que
canta, dança, joga ou esculpe, ATRIBUINDO a ela, IMAGINARIAMENTE, uma série de
qualidades que justifique segui-la em sua jornada. Daí que vivemos cobrando que
nossos ídolos deem opinião sobre tudo: das passeatas de junho até sobre o
câncer de mama.
O processo é idêntico ao da primeira namoradinha. Quando
todo mundo à sua volta enxerga apenas uma magrela “zoiúda”, você vê uma
Angelina Jolie de olhos sedutores, de pernas longas e bem torneadas, com a qual
você quer ter não um filho, mas 11 filhos, para formar um time de futebol.
Quando você está numa mesa de bar e o nome da magrela “zoiúda” surge nas
conversas, você logo inclui UMA SÉRIE DE QUALIDADES dela que SÓ você enxerga. E
quando alguém dá uma opinião sobre o bóson de Higgs ou sobre o desempenho de um
jogador na última partida do Vitória, você logo atribui à “zoiúda” uma opinião
dela abalizadíssima. Isso é a paixão, o amor romântico. Não amamos a pessoa,
amamos uma REPRESENTAÇÃO DELA NA NOSSA MENTE. E isso acontece com todos os fãs.
Roberto Carlos tem uma vozinha tímida. Caetano Veloso tem
uma vozinha limitada. Mas eles estão ligados às NOSSAS VIDAS, pois cantaram
canções que num momento dado foram A TRILHA SONORA DE NOSSAS EXISTÊNCIAS. Daí
para nos apaixonarmos por eles foi um passinho de nada. É a TRANSFERÊNCIA de que nos fala Freud. Aí, ficamos
atribuindo a eles um caráter, uma personalidade, uma bondade, uma inteligência, que não condiz com o que eles são ou pensam na verdade sobre si e sobre o mundo.
Esquecemos que para ter coragem de chegar num palco com uma
voz limitada ou no máximo “diferenciada” e enfrentar 10 mil, 50 mil ou até
milhares e milhares de pessoas, como num Carnaval, o indivíduo tem que ter uma
personalidade EGOCÊNTRICA ao extremo. Ele precisa acreditar que é um deus, ou,
no mínimo, um semideus, para achar que o que vai cantar INTERESSA ÀQUELA
MULTIDÃO. Se o artista fosse um ego compensado, normalzinho igual a “seu” Zé que
vende vassouras na sua rua, ele JAMAIS subiria a um palco pra cantar nada, nem
pra 100 mil pessoas, nem mesmo pra seus filhos e sua mulher no recôndito do seu
lar.
Então, o resumo da ópera é: o artista está defendendo o
direito dele de ganhar dinheiro SOZINHO, sem que ninguém possa usufruir de nada
relativo à sua carreira. Como um banqueiro ou um político.
Claro que isso é devido ao desvio de personalidade que todo
artista tem, pois que quando estão no início da carreira, o seu egocentrismo
não os impede de USAR TUDO E TODO MUNDO para fazer sucesso. O artista iniciante
canta em batizado de boneca, reunião de meninos num colégio do subúrbio, dá
entrevista para uma aluna do primeiro grau que está escrevendo sobre ele. Vai
de rádio em rádio mendigando falar 1 minuto e tocar sua musiquinha “uma
veizinha só!” (“ao menos uma vez, melhor que fossem três, o nosso som aí, que
isso me faz feliz”, como diz a música da saudosa banda “Raimundos”). Autoriza
tudo. Assina qualquer contrato. Vende a mãe e não entrega. Enfim, o artista
iniciante, é o SER HUMANO REAL e nele não prestamos atenção...
Só prestamos atenção quando a carreira dele já está
decolando e, aí, vamos nos tornando fãs e vemos A IMAGEM QUE IDEALIZAMOS.
Enfim, vamos agradecer a todos os deuses por terem nos
oferecido, no Brasil, esta grande oportunidade de DESCONSTRUIRMOS uma imagem
errada que tínhamos a respeito de Chico Buarque de Hollanda e Milton Nascimento
(“socialistas”, “libertários”, “anticapitalistas”) ou de Gil, Caetano e Djavan (“artistas
de verdade, só preocupados com sua arte, desapegados da ganância pelo dinheiro...”).
“Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não
enganam não”, escreveu Belchior e Elis Regina entoou para todos. Está na hora
de nos DESAPEGARMOS destas imagens tolas.
Seja fã de músicas e não de quem está cantando as músicas.
Seja fã da interpretação da música, mas esqueça o intérprete, pois ele pode ser
uma pessoa tão ruim ou pior do que você. Seja fã das jogadas espetaculares de
tal ou qual jogador, mas esqueça o jogador que a fez, pois senão você se depara
com o pensamento vivo de Pelé, aquele que, segundo Romário, “é um poeta quando
está calado”...
Esta é a maneira saudável de lidar com a arte sem deixar que
ela se transforme em transtorno em sua existência. O resto é delírio e tem que
ser tratado no divã. Ou com remédio controlado, porque, em qualquer situação de
fã exacerbado, O DOIDO É O FÃ.
P.S.: não podia encerrar sem falar daquela moça que se auto-intitulou
porta-voz dos artistas que querem impedir que suas vidas públicas sejam
públicas. Não vou falar o nome dela, só vou perguntar: ela canta o quê? Ela
dança o quê? Ela pinta o quê? Qual foi sua famosa escultura? Ela joga futebol?
É atleta olímpica? E por que então é tão
ouvida pela mídia desatenta? Porque se a questão é ter ido pra cama com artistas,
eu também quero ser ouvido em rede nacional de TV. Ora, me deixem!
"Campeonato Paulista de Golfe Prefeito Hadad"
("Pânico na Band", ontem, na TV Band)
Inteligentíssimo e de grande valor para a cidadania, o que o humorístico "Pânico" está fazendo com a Prefeitura de São Paulo, RIDICULARIZANDO a ineficiência do novo prefeito paulista que só faz política e deixou a cidade cheia de buracos em suas ruas e avenidas.
Agora, eu pergunto: e aqui, em Salvador, teremos campeonato semelhante? Que canal irá promover? Afinal, se é por quantidade e PROFUNDIDADE de buracos, os buracos de Salvador são muito maiores e caem automóveis e até carretas neles.
Quem se habilita?
* tonY Pacheco é jornalista profissional (DRT-BA 966) e também tem formação em Psicanálise, o que não o torna mais saudável do que a maioria. Pelo contrário...
Ô Toni, a Tv Bahia é que vai faxer o Campeonato de golf Prefeito Netinho kkkkkkkkk
ResponderExcluirExistem determinados fãs que são retardados, Fazem de uma pessoas com dom artístico o foco principal de suas vidas. Gastam horrores de dinheiro, perdem muito tempo para vê-los. Esquecem que quem deve ser idolatrado é Deus. Tenho pena dessas pessoas. Devem orar para seu artista quando necessitam de ajuda para uma dificuldade na vida. Esquecem que Deus é que tem o poder..
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