"VEJA" E "CARTA CAPITAL" USAM DISCURSO DO MEDO PRA AFASTAR POVO DAS RUAS

JORNAL COMENTADO 147

Segunda-feira, 26.08.2013, 6:55

tony PACHECO*

BRASIL, UM PAÍS SEM MOCINHOS. SÓ TEM BANDIDAGEM E ALIENAÇÃO.

“Contra a abundância da mesma opinião”

(Entrevista com Lobão, revista “Veja”)

“Black Blocs - Depredação nas ruas”

(revista “Carta Capital”)

Não há muito o que falar sobre a entrevista de Lobão à "Veja". Ao lado de opiniões sensatas, esclarecedoras e que demonstram profunda honestidade intelectual, Lobão resolve esculhambar com as manifestações de rua feitas por milhões de brasileiros em junho deste ano contra a saúde pública caótica e corrupta, o sistema de transporte público ruim e corrupto, a segurança pública incompetente e corrupta e a organização da Copa das Confederações: inepta, insensível, ultrajante e corrupta.

Para Lobão, as manifestações pareceram “desfile de escola de samba” e ele sugere um “passeatódromo” para as próximas manifestações. Mas é no quesito análise dos black blocs que Lobão mostra O PORQUÊ DE TER MERECIDO UM ESPAÇO NAS PÁGINAS AMARELAS DE “VEJA”: 

“Ficar quebrando coisas, francamente é constrangedor” e mais adiante ele deseja manifestações “... sem atrapalhar a vida dos outros nem depredar o patrimônio público.”

E aí se entende como os “supostos opostos” SE ATRAEM: “Veja” é a revista oficial da direita (embora seja a melhor revista de caráter jornalístico do País - uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa) e por vários números, desde junho de 2013, que combate o que ela chama de “baderna” das manifestações, porque, como direitista intelectualizada, ela sabe que é daquele jeito que se iniciam todas as revoluções da História humana. Do outro lado, “Carta Capital” é a revista oficial dos que apoiam o governo do PT. Tirada a intelectual “de esquerda”, a revista é mais um panfleto governista do que qualquer outra coisa. Normalmente, num mundo ideal, sendo ela ideologicamente afiliada à esquerda, deveria apoiar incondicionalmente as manifestações do povo brasileiro por DECENTES saúde, educação, transporte e segurança. Mas, que nada. Também TEMEROSA de aonde vai dar a revolta dos brasileiros, a revista “Carta Capital” se apressou em esculhambar, chamando de “baderna”, igualzinho “Veja”. 

Direita oficiosa e esquerda oficial unidas PELO MEDO DO POVO.

"Os grandes só nos parecem grandes porque estamos de joelhos. Levantemo-nos."

                                              (Pierre-Joseph Proudhon)

“Valores usurpados”

(“Carta Capital”)

“A militância de esquerda está perplexa, cada vez mais distante do clamor popular, e corre o risco de ser engolida pela direita reacionária e golpista.” Com esta afirmativa, a revista “Carta Capital”, que se acha proprietária do ideário de esquerda no Brasil, adverte que a voz das ruas está usurpando o sagrado direito dos atuais governistas de terem TODO O DISCURSO de mudanças sociais só para si.

Na verdade, Hannah Arendt chamaria a isso singelamente de “TENTAÇÃO TOTALITÁRIA”. Os marxistas e marxóides da revista e seus simpatizantes acham que são os únicos donos da verdade socialista, mas a única verdade que parecem dispor é o DESEJO DE MANIPULAR OS MOVIMENTOS POPULARES.

Na verdade, o que “Carta Capital” não vê, pois, como diria Freud, “não tem olhos de ver”, é que o PT, PCdoB e outros aliados da suposta esquerda, NÃO TIVERAM COMPETÊNCIA PARA GERIR O BRASIL. É só isso. Não há revolta direitista. Não há discurso de direita. Não há anarquistas infiltrados. Não há baderneiros. SÓ HÁ INCOMPETÊNCIA.

Há 10 anos e meio as ditas “esquerdas” governam o Brasil e o que temos:

EDUCAÇÃO – virou um balcão de negócios e o maior promotor do balcão é justamente o Governo Federal, que “compra” vagas na rede privada e mantém o nível da Educação brasileiro tão baixo, mas tão baixo, que, como a banda Pink Floyd no início da carreira, “minhoca para ver precisa olhar pra baixo”.

SAÚDE – outro balcão de negócios aliado a uma obsessão por inaugurar hospitais e postos de saúde escondendo, nos últimos 10 anos, a INSENSIBILIDADE para com as profissões ligadas ao setor. Fizeram hospitais sem médicos, sem enfermeiros, sem equipamentos, sem centros de cirurgia e tratamento intensivo e até sem esparadrapo. Um caos. E ainda aproveitam a crise criada por eles mesmos e acham um jeito de enfiar milhões de reais nos bolsos dos Irmãos Castro trazendo médicos escravos cubanos para trabalhar no Brasil e, ao mesmo tempo, DOUTRINAR as pessoas mais pobres de nossa sociedade.

TRANSPORTE – os investimentos públicos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos são tão pífios e MAL GERENCIADOS que o Brasil perde bilhões de dólares com seus produtos encalhados numa malha de transporte caótica. Aeroportos nos quais a estrutura é pior que rodoviária do interior. Rodovias que nunca são duplicadas e vivem em frangalhos. Portos assoreados que deixam navios à deriva por dias esperando vaga. Uma malha ferroviária RIDÍCULA, menor do que a de todos os países emergentes. E, no transporte urbano, a entrega do NEGÓCIO ÔNIBUS a empresários cujo único compromisso social é fazer do casamento das filhas uma ostentação brutal e ultrajante para com aqueles que vivem ENLATADOS COMO SARDINHAS em ônibus desconfortáveis, sem horários, poluidores e lentos como cágados.

SEGURANÇA – nestes 10 anos e meio, a dita “esquerda” conseguiu apenas manipular os problemas entre a Polícia Civil e a Polícia Militar e, alimentando a discórdia, a única coisa que produziu foi transferir o controle de largas faixas do território nacional para as mãos da bandidagem: bandidagem dos traficantes, bandidagem dos próprios policiais que formam milícias, bandidagem dos ladrões de carga que se tornaram donos das rodovias federais entre 18 horas e 6 horas da manhã, bandidagem dos traficantes de armas num País onde este governo conseguiu efetivar a PROIBIÇÃO DE ARMAS PARA CIDADÃOS HONESTOS, mas não consegue tirar nem um revólver de espoleta dos bandidos.

Cansei. Até amanhã.

* tony Pacheco é jornalista-radialista profissional e estudou ainda Psicanálise e Economia.